A última do "Tropa de elite" (agora é sério!)

Por Eduardo Souza Lima

Todo mundo já deve estar sabendo que o crítico Jay Weissberg, da "Variety", desceu a lenha em "Tropa de elite" (que foi exibido anteontem em Berlim) dizendo, entre outras coisas, que o filme é fascista. Aqui no Brasil, o diretor José Padilha foi bastante deselegante - para dizer o mínimo - com quem disse o mesmo. Num debate em São Paulo, ele chegou a insinuar que quem achava o filme fascista era débil mental. Mesmo não concordando com a tese, creio que havia argumentos que mereciam mais consideração - sem contar que as pessoas que escreveram isso são sérias. E, por outro lado, não vi Padilha se bater contra os jornais populares que glorificavam a abominável figura do Capitão Nascimento.

Confesso que não conheço Weissberg - e acho a crítica americana em geral superficial -, mas com certeza ele não conhece muito bem a realidade brasileira. Em Berlim, o diretor repetiu o discurso: quis apenas mostrar a realidade, não estava fazendo julgamentos. O crítico Inácio Araujo deu o veredicto: "Tropa de elite" não tem ponto de vista, e esse é o problema. Padilha agora deve ter se tocado que deve haver algo errado num filme que 49% do público considera fascista e outros 49% vibra quando o Capitão Nascimento tortura algum infeliz.