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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Um Brasil que continua invisível


Orlando Senna vem fazendo um bom trabalho à frente da Secretaria do Audiovisual, mas tem coisa que não dá para entender. Para que serve o Documenta Brasil? O programa, uma parceria do Ministério da Cultura, da Petrobras e do SBT, é ótimo no papel. Foram escolhidos quatro projetos de documentários, cada um contemplado com R$ 550 mil, para serem exibidos na TV aberta. Se a idéia era dar mais visibilidade ao documentário brasileiro e ao Brasil que passa ao largo da Rede Globo, não deu certo. Ontem foi exibido "KFZ-1348", mas só meia dúzia de pessoas deve ter visto. Além de o SBT não divulgar mais sua programação - para saber o que passa lá, só deixando a TV ligada e sintonizada no canal 24 horas por dia - o documentário, muito bom, por sinal, só foi ao ar à 0:45h - isso mesmo, quinze para uma da manhã. E depois de a emissora exibir dois capítulos seguidos do enlatado americano "Arquivo morto" - o título parece ser uma ironia. Que trabalhador pode ficar acordado até essa hora num domingo? Se é para ninguém ver, o Documenta Brasil é dinheiro jogado fora.

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

O burraco é mais embaixo. Se formos ver as estatísticas do IBOPE, ficaremos surpresos com a quantidade de pessoas que assistem pica-pau, chaves, Hebe, e a quantidade de pessoas que assistem televisão após certo horário, independente do que está passando.

É muito mais uma questão de hábito da nossa cultura (como ligar a TV para comer, para ficar com a família, para fazer sexo etc.) e, portanto, de horário, que de conteúdo.

Se o canal é esteticamente agradável (como a prostituta da Globo, versão audiovisual da Veja), ele ganha na preferência. Ninguém está de fato assistindo, as pessoas como que obedecem a certos hábitos e ligam a TV massivamente em certos horários.

Prova disto é que os programas mais famosos, mais discutidos, não são os mais assistidos.

A questão é saber até que ponto televisão e meios de comunicação em massa combinam ou não com educação ou contemplação de arte. O meio é a mensagem, ou seja, qualquer que seja o conteúdo, é o hábito perante aquele meio de comunicação que realmente conta como comportamento. O hábito de assistir TV e a arte não combinam - comunicação em massa e desenvolvimento cultural não costumam combinar.

Petrobrás, dinheiro, lei do audiovisual, ONG - ninguém é tão bonzinho para liberar dinheiro pra ninguém. Para quê liberar dinheiro se você pode tê-lo para você? A meu ver, é tudo uma questão de quanto setá sendo desviado, quem está recebendo benefício fiscal, quem está sendo de fato beneficiado, que classe social está demandando aquele desperdício de recurso, essas coisas sistêmicas e inerentes à nossa sociedade capitalista, sociedade de consumo e desperdício - é mais aceitável gastar 500 mil com um documentário que não será visto por ninguém que 10 reais com um negro pobre.

É o que eu acho sobre este assunto.

Abraços

7 de agosto de 2007 às 11:02  
Blogger Revista Zé Pereira disse...

Sim, o tema é bem mais complexo e deve gerar um debate mais amplo. Só quisemos destacar uma torcida do rabo da porca.

7 de agosto de 2007 às 12:18  

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