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domingo, 28 de outubro de 2007

Um palco, dois ingressos, quatro shows



Texto e fotos: Zaira Brilhante

Caiu a noite e já era visível um princípio de aglomerado na grama do Parque do Flamengo. Apesar de tímida, a futura platéia que ali se concentrava mostrava nítidos sinais de ansiedade. Enquanto isso, lá pelas 20:3h0, a figura de Antony Hegarty já declamava com propriedade a poesia de "Mysteries of love". Em oposição às letras e arranjos intimistas, uma figura simpática – estranha, mas simpática – fez da apresentação da banda Antony and the Johnsons um momento muito agradável na, digamos assim, abertura do Tim Festival.

A mesma tenda que abrigou o palco Volta, mais tarde daria lugar aos shows do Novo Rock UK. Mas entre o inglês Antony e seus conterrâneos do Hot Chip havia uma islandesa. Após o show sublime, mas curto, de cerca de 40 minutos (provavelmente se poupando, já que em poucas horas a banda subiria novamente ao palco, substituindo Feist, que não pôde comparecer ao Novas Divas devido a uma crise de labirintite), Antony comentou como era bacana abrir para a amiga Björk. Foi assim que a base piano e voz, pontuada por poucas intervenções de cordas - como violão, baixo e violino – teve fim.

Luzes acessas e a platéia, resumida a um pequeno grupo amontoado junto à grade e vários outros de bate-papo, dispersos nessa que foi a maior tenda montada para o evento (com capacidade para quatro mil pessoas), começou a desenhar uma nova distribuição. Mas não foi preciso ficar no gargalo para ver – e sentir – a presença de Björk (acima). Ela entrou escoltada por outras dez mulheres, um verdadeiro exército de metais – os instrumentos, por favor – afinal, se tratava da banda Wonder Brass, que tem acompanhado a excelente e excêntrica cantora. Assim como a capitã, todas tinham o rosto pintado, com um único detalhe a mais: bandeirinhas vermelhas penduras acima da cabeça, combinando com o fundo do cenário.

De dourado dos pés (descalços) à cabeça, com um vestido bufante – que funcionava muito bem quando aliado aos pulinhos desengonçados, mas eficientes para fazer todo mundo gritar – Björk provou que, esquisitice à parte, é uma artista pra ninguém botar defeito. Potencial vocal invejável, presença incontestável, arranjos que se aproveitavam dos efeitos sonoros e visuais de um DJ e seu equipamento – ambos, parecia, haviam saído de alguma ficção científica intergaláctica – somados a lasers e chuva de papéis prateados fizeram da apresentação um banquete para os sentidos. Infelizmente, diferente do que muitos pensavam, não houve o encontro com Antony no palco. E, ao som dos gritos eufóricos de "higher, higher", em resposta ao refrão "raise your flag", de "Declare independence", a apresentação teve fim. Acabava aí o Tim Volta, era a vez da tenda abrir espaço para o novo rock da terra da rainha.

Foi assim que, com praticamente uma hora de atraso, o quinteto formado por Alexis Taylor, Joe Goddard, Owen Clarke, Al Doyle e Felix Martin tomou conta do palco e "da pista", por assim dizer, fazendo todo mundo balançar ao som dançante e quase oitentista de canções como "Shake a fist" e o sucesso "Over and over". O grupo Hot Chip muito lembrava Pet Shop Boys e outros nomes na mesma linha, mistura de rock e eletrônico. Só não aproveitou quem se agarrou com todas as forças ao lugar disputado na primeira fila. Uma galerinha de 18 e 19 anos (em alguns casos, se não fosse o "proibido para menores", era possível jurar que se tratava de meninas e meninos na faixa dos 15). Todos, sem dúvida, aguardando o ídolo mor, hoje com incríveis 21 anos.

Alex Turner e os Monkeys (no alto) entraram no mais completo estilo inglês, diferente do Hot Chip. Emendaram uma seqüência rasteira e eficiente. Fizeram a histeria tomar conta do amontoado juvenil e, sem praticamente qualquer interação com a platéia, repetiram no palco exatamente o que fazem em estúdio. O resultado foi um show nos moldes "ctrl + c – ctrl + v". Frio, quase londrino. Até a chuva lá fora parecia contribuir para isso. Tão diferente do calor que fazia quando Björk pulava e se descabelava no palco. Então os Macados do Ártico foram uma decepção? Não necessariamente. Os fãs saíram satisfeitos. Os puristas, também. Afinal a apresentação foi fidelíssima a "Whatever people say I am, that's what I'm not" e "Favourite worst nightmare". Para os que esperavam uma explosão de originalidade, que fizesse jus à criatividade da banda, faltou algo mais. E não foram boas canções, isso teve de sobra, com "Fake tales of San Francisco", "This house is a cirkus" e "I Bet That You Look Good On The Dancefloor".

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