Revista Zé Pereira
Compre Aqui
Embarque
Marcha dos CineclubesO Caos Anda Sobre RodasHitler no LeblonO Caminho de Santa Teresa

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A TV pública e o Deus Mercado


É curioso este repúdio de jornalistas e de produtores de audiovisual à criação de TV Brasil, a emissora estatal. Afinal, ela representaria, no mínimo, a criação de novos empregos - e quem é da área sabe que a maré não está para peixe. Alguns argumentos usados pelos que são contrários à idéia - como o de que o governo a usaria para fazer autopropaganda - são por demais simplórios e foram rebatidos com bastante propriedade pelo jornalista Gabriel Priolli no site do Observatório da Imprensa (leia aqui). Há também os que argumentam que o governo deveria usar este dinheiro em coisas mais importantes, ou que a TV pública poderia virar mais um cabide de empregos. Bom, quanto ao primeiro, ele poderia ser aplicado a qualquer gasto público, dependendo do ponto de vista; ao segundo - uma preocupação justa, diga-se, levando-se em conta o histórico político do país -, a imprensa livre e independente e a TV comercial estão aí para fiscalizar e denunciar.
Mas há um que fala muito dos tempos de hoje, dito pelo jornalista, produtor cultural, escritor, compositor, bon vivant etc. Nelson Motta: "A TV pública nunca vai dar certo porque é a TV comercial que tem dinheiro para contratar os bons profissionais". Se o cara liga a TV aos domingos e fica feliz em escolher entre o Faustão e o Gugu, bom para ele. Também parece que a TV Brasil está contratando o Maurício de Sousa, e goste-se ou não da Turma da Mônica, não dá para dizer que o sujeito é um mau profissional - sem falar das pessoas que já faziam um ótimo trabalho na TVE. Porém, o que chama a atenção no depoimento de Motta é a cristalização de um tipo de pensamento que transformou em crime qualquer tipo de idealismo. Ou seja: por dinheiro, tudo bem; mas se você quiser fazer alguma coisa pensando no bem comum, é um candidato a ditador ou ladrão. Os que pensam assim acendem todas as suas velas para o Deus Mercado. E existem dois tipos de fiéis: os fanáticos, que certamente não se importariam de virar carta fora do baralho - como um morador de rua - caso assim o seu deus o decidisse, e os darwinistas. Estes, por coincidência, são quase todos bem-nascidos.

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial