Os bozós e o Wilson
Por Marcelo Moutinho
Foto: Anna Azevedo
Tenho lido muitas críticas à transmissão do Grupo de Acesso pela CNT. A precariedade é evidente e Jorge Perlingeiro, Milton Cunha e Cia. realmente formam um time, digamos, à vontade demais para quem está acostumado ao "padrão Globo de qualidade". Mas reconheçamos: pelo menos no quesito "opinião", eles sobram na turma.
Cunha não se abstém em nenhum momento de criticar aquilo que, a seus olhos, parece ruim ou inadequado. Muito diferente, por exemplo, de Haroldo Costa, Maria Augusta e Dudu Nobre, todos com grande conhecimento de causa, mas claramente tolhidos pela política platinada de elogiar sempre, a qualquer preço, tudo que passa pela Sapucaí.
(Um parêntese necessário: por questões meramente financeiras, a TV Globo ignorou solenemente as escolas do Acesso. Refiro-me a agremiações como Império Serrano, União da Ilha, Estácio de Sá, com bonitas histórias e grandes serviços prestados ao carnaval, sobretudo de comparadas a entidades como a Unidos do Projac - quer dizer, Grande Rio. Não houve sequer uma menção ao desfile que lotou a Sapucaí no sábado. O espaço foi totalmente tomado pela Vai Vai, pela X9, pela Gaviões...)
O curioso é que as deficiências técnicas da CNT, estas sim dignas de nota, acabam divertindo. O despreparo dos repórteres gera cenas de humor involuntário. Uma delas, que aconteceu no início da madrugada de sábado, talvez não venha a ser superada neste carnaval.
Na dispersão, o repórter se aproxima de um dos destaques que acaba de descer do carro alegórico da Ilha. Microfone à mão, ele indaga sobre a dificuldade de se desfilar no alto de um carro, sobre a emoção de estar na Avenida e outras questões-clichê. Ao final, a pergunta clássica antes de voltar o áudio para o apresentador: "E qual o seu nome, querida?".
"Wilson", responde o destaque, com a expressão desconcertada e a voz grossa.
Marcadores: Carnaval 2008
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial