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sábado, 22 de março de 2008

Fantasmas no computador

Por Toinho Castro


Comprei o novo disco do Nine Inch Nails na internet. Download de mp3 em alta qualidade (320 kbps), por míseros cinco dólares, essa moedinha de terceiro mundo. Há muitas opções de compra no site da banda para o álbum "Ghosts I-IV". Você pode fazer o que eu fiz e pagar os cinco dólares pelo dowload do álbum completo (36 músicas), mais mimos como fotos, papéis de parede e um pdf de muitas páginas com fotografias conceituais e informações. Aliás, você pode optar pelo download dos arquivos em mp3, tipo flac ou Apple, os dois últimos com qualidade de cd. Optei por mp3. É possível mesmo fazer download gratuito da primeira parte do disco (nove músicas).

Há ainda adquirir um set de dois cds (US$ 10) ou edições de luxo, fetiche válido para colecionadores e afins. Certamente lindas. Caras, porém, custando US$ 75 ou US$ 300. O site do NIN e outras publicações, tem o milhão de informações necessárias, não leverei isso ao limite aqui nestas linhas. Vamos ao disco... aos bits.

A verdade é que conheço pouquíssimo o trabalho do NIN, embora tenha uma vaga admiração pelo que devem ter feito nos seus anos de atividade. O que me atraiu foi o nome do disco (será válido chamá-lo de disco?) e a capa (imagem associada?) desértica, fotografia de uma duna. Sempre olhei com carinho e desejo para aquelas belas capas dos seus trabalhos anteriores. "Hurt", na dilacerante interpretação do homem de óculos escuros, Johnny Cash, assombra minha casa de vez em quando. Mas só de vez em quando, porque é uma canção que realmente dói. Ouvi seus ecos aqui e ali, alguém deve ter me mostrado algo muito interessante mas nunca comprei nada. Esse tipo de coisa tem seu tempo, certo? Ruídos sempre me encantaram e acho o NIN uma banda corajosa, exploradora de sons, paisagens. Astronautas.

O disco abre com uma bela, singela talvez seja um termo mais apropriado, esparsa melodia. Tão simples e há nela certa ansiedade que promete o resto do disco. Como eu disse são 36 músicas, instrumentais. Instrumentos eletrônicos e, certamente, algumas coisas que se converteram em instrumento. A sensação geral é que eles se reuniram para encontrar alguma coisa perdida. Talvez daí o nome, talvez daí a fantasmagoria. Música feita por ninguém, atravessando parades. Imagino as músicas de Ghost tocando o apartamento ao lado do seu, quando você chega do trabalho. A porta do seu vizinho está levemente entreaberta... aquele som é um chamamento. Você abre a porta e não há nada, ninguém, no apartamento vazio e escuro. Talvez depois disso você nem volte para casa.

É um disco meio pra sempre e escutá-lo é aventuroso. Não é muzak, música para elevadores, e experimente deixá-lo soando pela casa enquanto outras atividades e você vai sentir que há um delicado incômodo que você não sabe de onde vem. Um incômodo necessário. Elevadores sobem e descem vazios... logo ao lado. Compre Ghost I-IV. Um disco elegante, maior que o alvoroço em torno do seu lançamento web. Sons sobrevivem às indústrias, às manias, aos jornais e aos críticos.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

O Trent Reznor e o Alan Jourgensen já me fizeram acreditar no fim do mundo, isso em 1992...e cá estamos nós ouvindo eles ainda...ainda bem...

5 de abril de 2008 às 03:00  

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