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quarta-feira, 12 de março de 2008

O poder é uma droga


Por Eduardo Souza Lima

No penúltimo dia do Festival Estação Piauí, o diretor e montador Eduardo Escorel, a jornalista e vereadora Soninha Francine, o cineasta David França Mendes e o documentarista João Moreira Salles debateram como o jornalismo e o cinema tratam com o poder. Boa parte da conversa foi sobre como o documentarista lida com seus personagens - e vice-versa -, os limites éticos e o jogo de sedução entre ambos. Foi um papo bastante instrutivo, mas que só esquentou mesmo quando Soninha falou sobre a polêmica reportagem da revista "Época" na qual admitiu que fumava maconha - o que acabou causando sua demissão da TV Cultura, em 2001:
- Falei por que conheço várias pessoas que são a favor da descriminalização da maconha, fumam, mas não têm coragem de admitir isso publicamente. Várias vezes tentei fazer matérias sobre o tema e não consegui porque não encontrei ninguém disposto a falar. Então achei que eu deveria fazer isso.

Soninha disse o que todo mundo está careca de saber, mas não temn peito para admitir: a ilegalidade do comércio das drogas acarreta um dano muito maior à sociedade do que o seu uso.
- Sabia que isso seria usado contra mim, mas acho que um dia as drogas serão descriminalizadas. Este é um modelo que não deu certo em nenhum lugar do mundo: comércio ilegal versus repressão armada. Morre muito mais gente por causa da repressão do que por causa do uso. Entrei para a política por frustração, por ver que o que eu fazia nunca era o suficiente. Você faz passeata, mas precisa de alguém para apertar o botão na hora de votar as leis. Sou a favor da descriminalização da cocaína também, embora seja uma droga que eu abomine. Num debate que participei com o MV Bill ele disse que era contra. Argumentou que se liberassem a maconha e a cocaína deveriam liberar o crack também. Não é bem assim, não acho que o crack deva ser liberado, é uma droga muito destrutiva. Tem coisa que não se pode vender. O cara não pode abrir uma loja pra vender chumbinho, aquele veneno pra matar rato, porque é proibido.

Pode ser. Mas que moral uma sociedade que vende armas tem para proibir que se venda qualquer outra coisa?

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