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sábado, 3 de maio de 2008

Phd em Cinema Brasileiro: Cinema cachoeira, festivais da vida


Por Paulo Henrique Souto
Foto: Ipojucan Ludwig

 
Freqüento festivais de cinema há muito tempo, por todo o país e mundão de meu Deus. No ano passado, ao lado de Carlos Alberto Prates e Alberto Graça, fui, com prazer, homenageado no Primeiro Festival de Cinema de Montes Claros, minha terra natal, onde exibi, 28 anos depois, "Aníbal um carroceiro e seus marujos" (foto). É meu único filme, um média-metragem com linda fotografia de José Tadeu Ribeiro, com os grupos folclóricos das festas de agosto: catopês, marujos e cabloquinhos que animam a cidade todos os anos. Enfim, estive em dezenas de festivais, mas esses dias vivi uma experiência gratificante: juntei-me à jovem equipe, como assessor de imprensa, do I Festival de Cinema de Nova Iguaçu, o Iguacine, que veio para ficar, com certeza. Cerca de 300 títulos inscritos, 50 curtas selecionados, gente de todo o país mostrando seus filmes para uma cidade que respira cinema. Há dois anos a cidade abriga a Escola Livre de Cinema, com cerca de 700 alunos, crianças, adolescentes e adultos, que criam e fazem filmes, incluindo desenhos animados de alta qualidade - alguns são vinhetas de TV de grife; outros, exibidos mundo afora. Estes 700 alunos mais os parentes e aderentes formaram o público interativo do Iguacine, milhares de moradores assistiram a filmes, de graça, alguns pela primeira vez, jamais tinham ido ao cinema, em projeções espalhadas por toda Nova Iguaçu. Com 30 anos servindo ao cinema brasileiro externo aqui o prazer de fazer parte deste time liderado por Marcus Vinicius Faustini, cineasta e diretor de teatro premiado, idealizador da Escola Livre de Cinema e hoje secretário de Cultura de Nova Iguaçu, um azougue, uma usina de idéias. Assim que fui sondado para trabalhar, fui lá conhecer a secretaria e a escola. Fiquei encantado. Na sede da Secretaria, Faustini derrubou paredes, colocou todos frente à frente, chamou os grafiteiros bons da área para decorar o ambiente, tirando aquele ranço comum às instalações que abrigam funcionários públicos, os barnabés, assim denominados por meu conterrâneo Cyro dos Anjos, imortal da ABL. Com se não bastasse, instalou computadores e abriu as portas aos jovens da cidade, que criam blogs, trocam idéias via mundo virtual. Assisti a curtas do Vidigal, da Maré e de toda a Baixada. Os diretores debateram com um público interessado, fiquei emocionado e feliz; são jovens que não se lamuriam, eles criam, mostram suas comunidades escancaradamente e com bom humor e abominam a idéia de exclusão. Fazem como podem, têm a exata noção do prazer que é fazer cinema, quer seja usando o celular ou alugando câmeras, curtem a oportunidade que o cinema proporciona de trocar idéias e integrar, têm consciência de que é uma arte de muitos. São persistentes. Indagados pela platéia se cinema tem futuro, se dá grana, respondem que acreditam no que fazem. Afinal, cinema é cachoeira, já dizia o velho Humberto Mauro, eles tocam o barco. Que maravilha gratificante a sensação de ver ratificada ali a força do cinema. Com certeza dali sairão bons cineastas, sem fronteiras, para a janela mágica do mundo. Oxalá. Aguardemos o Iguacine 2. E preparem-se para pegar a Via Light e ir conferir. Valerá a pena ver pra crer.

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3 Comentários:

Blogger Evelina disse...

Paulo Henrique, bacana demais isto de misturar experiências e momentos difrentes do cinema brasileiro, vendo projetos e desejos se transformando e mantendo a vontade de ver filmes. Parabéns! um beijo, Evelina

5 de maio de 2008 às 05:41  
Blogger depaula disse...

Já é um prazer ouvir você. Agora tenho este prazer extra de ler você. Continue escrevendo que vou continuar lendo. Foi linda aquela noite da abertura do Festival de Cinema de Montes Claros, com o Anibal, Um Carroceiro e Seus Marujos. Para minha alegria, eu estava lá. Pena que não houve festival em 2007.

8 de maio de 2008 às 23:05  
Anonymous Anônimo disse...

Estive na abertura do Iguacine e pude sentir o clima bacana do festival. Espero, PHD, estar lá de novo no ano que vem, de preferência por mais tempo.

13 de maio de 2008 às 23:16  

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