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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ches para todos os gostos


Che Guevara não é só o idolo da garotada de esquerda, nem simplesmente um assassino frio, como quer reduzi-lo a direita oportunista. Há muitos Ches por aí, e eles tanto podem estar estampando camisas de neonazistas alemães como estrelando musicais libaneses ou sendo cultuados como santos na Bolívia. O surpreendente "Personal Che" (Brasil/Colômbia/EUA), do brasileiro Douglas Duarte e da colombiana Adriana Mariño, que estréia hoje no Rio e em São Paulo percorre o mundo atrás deles, de Hong Kong a Cuba, passando pelos Estados Unidos. "Acho que isso acontece porque Che conversa com coisas muito anteriores a esquerda e direita. Heroísmo, carisma, beleza, idealismo, nenhuma dessas qualidades é de esquerda ou direita. É como debater se Jesus, Robin Hood ou Batman são de esquerda ou direita. Ainda entramos nessa discussão porque Che é uma figura relativamente recente e ainda nos lembramos de que foi um guerrilheiro latino-americano marxista. Mas imagine daqui a 500 anos. Se o rosto dele ainda estiver por aí, a ignorância sobre a história dele vai ser ainda maior e a criatividade para reinventá-la também", diz Douglas. Leia abaixo uma entrevista com o diretor e assista ao trailer aqui.

Como você teve a idéia de fazer o filme?
Em 2004 visitei a Bolí­via para produzir uma matéria para a TV NHK sobre como a trilha da guerrilha do Che havia se tornado uma atração turí­stica. Lá, encontrei os moleques de esquerda, com camisas de Che, querendo ver como seu í­dolo morreu. Conheci também o homem que capturou Che, general Gary Prado, para quem ele era um inimigo, um invasor. E também camponeses bolivianos que lhe pediam milagres. Voltei para o Brasil com três Ches na bagagem.

Como você conhece a Adriana Mariño e como nasceu a parceria?
Conheci ela logo depois de voltar da Bolí­via, num fórum de documentaristas na internet. Contei essa história e começamos a nos perguntar se não haveria mais Ches por aí e se isso poderia dar um filme. A partir daí­, passamos a pesquisar outras facetas inusitadas do mito. Trabalhamos durante um ano, ela em Bogotá, eu, no Rio, até nosso primeiro encontro, na Bolí­via, para filmar material para um curta que "venderia" a idéia do projeto, que já era bem grande nesse ponto: diversos países, diversas histórias se entrelaçando.

Como o filme foi viabilizado financeiramente?
Depois de pronto, começamos a mandar este curta para diversos possí­veis produtores e investidores. Três meses depois, a Skyview, uma produtora baseada em Miami dirigida por um colombiano e um equatoriano, decidiu se juntar a nós e investiu o orçamento total do filme.

Como vocês chegaram aos personagens?
De todas as formas imagináveis. Alguns encontramos pela internet. Outros foram sugeridos por amigos. Na Bolí­via, gastamos muita saliva fofocando em mercadinhos do interior e muita sola de sapato para encontrar bons devotos de San Che. E finalmente em Cuba, foi a persoagem que encontrou a equipe. Tínhamos planejado várias entrevistas, mas foi o taxista que nos levou de uma para outra, o Carlos, o personagem que rendeu. As primeiras imagens dele no filme foram gravadas menos de dois minutos depois de conhecê-lo, quando ele começou a falar coisas maravilhosas sobre sua visão de Che. Documetário tem desses acasos.

Por que os donos da loja americana têm a sua identidade protegida?
Eles não queriam ser filmados. Decidimos respeitar isso e proteger suas identidades, mas sem abrir mão da cena.

Qual é o seu personal Che?
O do filme!

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