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terça-feira, 15 de julho de 2008

Fotodiário celular HK X

Por Henrique Koifman


Uma mesma imagem pode ser registrada de inúmeras maneiras. Não falo das possibilidades técnicas da fotografia – até porque isso seria pretensioso demais assim, acompanhando fotos tão singelas, captadas de forma tão rudimentar. Mas acho que além do ponto de vista (!) estético, que traduz o que os olhos de cada um nós capta para a linguagem de nossos sentimentos, há uma "leitura" do mundo que é mais individual e intransferível do que um cartão de crédito (não aqueles corporativos usados em Brasília, claro). A começar pelo que chama ou não a atenção de alguém em uma caminhada pela rua. O que seria uma paisagem inesquecível para um, pode passar totalmente despercebido para outro; o que renderia uma foto para mim, pode ser totalmente desinteressante para você. Por outro lado, uma vez fotografada – e, por isso, isolada e destacada dentro de um quadro de linhas simétricas – a tal cena inesquecível, despercebida, fotografável ou desinteressante se revela de uma outra forma. Tão diferente a ponto de ser percebida e, mais tarde, lembrada – até mesmo pelo desinteressado que passava por aquela mesma calçada, olhando para o outro lado, enquanto a cena cativava e instigava alguém a fotografá-la. Viajei, não é não?

Escrevo tudo isso porque passo várias vezes por semana pela Praça XV e, salvo quando o stress embota meus olhos, sempre vejo alguma coisa nova ou, pelo menos, enxergo alguma coisa de um modo diferente. Esse ângulo da fachada lateral do Paço, aí na primeira foto, por exemplo. Mexer no horizonte destaca algumas linhas que, se vistas na posição niveladinhas, se diluem no hábito. Repeti a dose nas janelas do castelinho do CEAT, em Santa Teresa, ao lado. Foi de lá de cima que registrei a paisagem enevoada da Enseada de Botafogo, ao longe, emoldurada pelos morros. Na mesma coluna, coloquei uma flor de pata-de-vaca, do jardim do meu edifício, e o céu, visto da janela do quarto dos meus filhos.

Me lembro de uma época em um de meus maiores sonhos era ter um jipe como esse que está estacionado aí, em sépia, também em Santa Teresa. Uma vista diferente, mas também de cima, encontrei no 25º andar de um edifício de escritórios no Centro – com esse janelão no hall, coisa rara. Já ao nível da rua, mais precisamente da Travessa do Ouvidor, a vitrine da livraria ficou com jeito de moldura e os passantes viraram personagens da pintura no muro ao fundo. O caderno e os óculos pertencem a mim, a luminária (no rodapé) fica na Álvaro Alvim.

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