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domingo, 30 de setembro de 2007

A segurança que a sociedade quer

Por Patrícia Rocha

O comandante-geral da PM, Ubiratan Ângelo, afirmou no debate sobre o "Tropa de elite" do jornal "O Globo", que a corrupção policial e a violência da corporação são as que a sociedade escolheu.

Tenho um amigo que teve seu carro roubado e passou a semana procurando por ele pelas delegacias. Quase uma semana depois, fizeram chegar até ele que o ladrão de seu carro havia sido preso e que ele poderia ter seu carro de volta pagando R$ 1.000,00 à polícia para que esta solte o ladrão, que, livre, devolveria então o carro para ele.

Meu amigo comprou seu carrinho recentemente. Ele é um batalhador e conseguiu comprá-lo por R$ 4.000,00. Não é o tipo de pessoa que consiga levantar R$ 1.000,00 com um estalar de dedos. Mora numa comunidade pobre (que inclusive já serviu de cativeiro quando eu sofri um seqüestro relâmpago). Está construindo sua casa lá há anos. Um brasileiro extremamente simples, honesto e esforçado e que agora está refém de um ladrão de carro e de uma polícia corrupta - 10 anos depois do ano em que acontece a história do "Tropa de elite". Será que meu amigo quer a corrupção policial e a violência da corporação como a sociedade a que o senhor Ubiratan Ângelo se refere?

O pai de uma amiga foi assassinado chegando em casa na região oceânica de niterói na noite de quinta-feira. Há três meses sua casa foi assaltada e levaram tudo. Seu pai não se mudou após a violência. Teoricamente os bandidos que realizaram o roubo estariam presos. Mas não existe mais certeza sobre esse fato. É possível que estejam soltos, quem sabe? Será que minha amiga quer a corrupção policial e a violência da corporação como a sociedade a que o senhor Ubiratan Ângelo se refere? Será que o pai da minha amiga fazia parte dessa sociedade?

Se meu amigo pagar pela saída do ladrão e pelo seu carro de volta estará conscientemente colocando um criminoso na rua. Se não pagar, ficará marcado e temerá a saída do sujeito - visto as relações cordiais com seus amigos policiais - que pode muito bem dar a ele um fim como teve o pai da minha amiga.

Ubiratan Ângelo afirma que "inexiste a corrupção sem a participação do servidor público e da sociedade". No caso do meu amigo, ele tem a opção "não participar?" e pagar (no sentido figurado) pra ver o que acontece?

Estou lendo sobre as torturas na época da ditadura e imagino o terror psicológico pelo qual passou quem viveu essa atrocidade. Acho que o sentimento não é muito diferente do que passam os cidadãos no Rio de Janeiro e região metropolitana hoje. Há um ano, perdi um amigo insubstituível num assalto a seu carro na zona norte num caso que ficou nacionalmente conhecido e a violência por lá não parece ter mudado depois disso, pelo que acompanho.

A repressão à violência no Rio tem seus reflexos na falta de segurança de Niterói e São Gonçalo e não existe nem a promessa de melhoria pro lado de lá da ponte. Não existe segurança e somos forçados a viver em estado de paz para não enlouquecer, mas vivemos a ditadura da corrupção e da violência. E toda vez que cada carioca, cada brasileiro for conivente com a corrupção e a violência (não só na esfera da relação com a polícia, mas) nos pequenos atos do seu dia a dia, estará dando argumentos ao inimigo num debate que na real não resolve nada e só prolonga a falta de atitude diante do estado de crise moral que este país vive.

Se não houver uma mudança substancial da corporação policial e da sociedade como um todo, continuaremos reféns - e ao mesmo tempo algozes (de nós mesmos) - nessa nova ditadura.

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2 Comentários:

Blogger Patrícia Rocha disse...

É patricia,
A realidade que vivemos nos deixa poucas alternativas. Entre elas a da denúncia que você está fazendo.
O.K.
Hele

30 de setembro de 2007 às 18:24  
Blogger Urubu Rei Produções disse...

quando fiz o sinal da cruz a sirene disparou, os algozes da suposta falsa blitz...Na Niemayer

27 de setembro de 2008 às 18:48  

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