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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Do Blog do Andre Dahmer

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS


Ontem morreram 9 pessoas em um acidente de trem no Rio de Janeiro. Foram mais de 130 feridos. Depois da farra das privatizações, o meio de transporte que carrega os mais pobres continua deficiente, com trens caindo aos pedaços e lotados. Será que os jornais vão passar um mês falando do apagão ferroviário? Será que vão abrir uma CPI para este acidente? Será que o Jô Soares vai promover debate com suas amigas jornalistas sobre o assunto?

http://www.malvados.com.br/

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Mais uma do house organ

Esta me foi enviada pelo amigo Urubu:

Zé, hoje na coluna CONTROLE REMOTO saiu um editorial (???) sob o título COMENTÁRIO, bem grande, em que se explicava que o Aguinaldo Silva é fã de OS SOPRANOS e que a tevê brasileira não pode produzir uma obra-prima (???) como ROMA por causa do politicamente correto e da classificação etária (em suma, da censura). Cita ainda A SETE PALMOS.

Ainda esta semana li no meu comentarista de futebol americano favorito (que fala também sobre astrofísica, ficção científica, mulher pelada, e o que mais lhe passar na cabeça), Gregg Easterbrook (http://sports.espn.go.com/keyword/search?searchString=gregg_easterbrook) argumenta que OS SOPRANOS é apenas um novelão que as pessoas vêem porque tem muitos peitinhos e muita violência (ressaltando que a premissa inicial, chefão da máfia abalado por todos os seus assassinatos procura analista, é interessante, mas ficou pelo caminho na primeira temporada). Vi ROMA e nada mais que é um Dallas com personagens históricos, peitos, peitos e peitos (e uma ou outra eventual bocetinha) e sangue, sangue, sangue (com cenas de ação mal coreografadas) - embora seja inegavelmente divertido.

A porra da colunista do GLOBO não informa que as três séries são da HBO - canal pago, que sequer faz parte do "basic cable" - você tem que pagar por fora. Quem compra sabe o que está fazendo e pode bloquear os programas por classificação etária (sim, tem isso lá) no decodificador. A HBO vive sem publicidade (embora tenha intervalos e em alguns países possam ser vendidos - na América do Sul o único a fazer isso é o... Brasil!), tirando seu imenso lucro da assinatura e da venda dos DVDs das séries. Tal projeto é impensável pra Globo, que até pra fazer filmes sobre programas seus, usando atores da casa, roteiristas da casa e equipamento da casa, peçam patrocínio público. Na tevê aberta americana, o que passa são as merdas de ER, CSI e sitcoms. Lá nas grandes redes nem peitinho tem, coisa que no Brasil está liberada desde o final dos anos 70 (Sabonete Vale Quanto Pesa, 1979). Ou seja, o artigo é falso e falacioso, ao comparar tevê aberta com tevê paga. As três séries citadas PASSAM NO BRASIL, nos canais por assinatura. E vai ficar por isso mesmo.

http://arsgratiars.blogspot.com/

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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Que lisura é essa, cara-pálida?

Colunistas de grandes jornais estão vibrando com a "lisura" do STF no caso Mensalão, mas numa reportagem da "Folha de S. Paulo" um dos ministros diz que o resultado foi influenciado pela imprensa, que os juízes votaram com a faca no pescoço. Vai ter mea culpa amanhã?

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Pirataria e cinema brasileiro


Em artigo publicado no jornal "O Globo", o diretor José Padilha expressa sua indignação por ver seu filme "Tropa de elite" ser vendido de forma ilegal em camelôs. Segundo ele, as pessoas que compraram o DVD pirata do filme estão o assistindo de maneira inapropriada, já que a mesma foi feita a partir de uma cópia inacabada. Isso torna mais do que compreensível sua frustração enquanto artista. Entretanto, incorreções em seu texto impedem uma maior reflexão sobre o tema. Padilha reclama com toda razão da inépcia e da cumplicidade da polícia — que não tem inibido como deveria uma prática que, afinal de contas, é ilegal. Erra, porém, ao cobrar do governo apenas mais eficácia na repressão a este tipo de crime. O governo precisa fazer muito mais. Já de quem comprou o DVD pirata de "Tropa de elite", ele jamais deveria culpar.
Padilha diz que quem compra DVD pirata está prejudicando pais de família que vivem da atividade cinematográfica no Brasil. Não é bem assim: graças à política cultural de incentivo fiscal vigente, os filmes já chegam pagos aos cinemas e os profissionais que nele trabalham são previamente remunerados. Ademais, um filme que custou R$ 10,5 milhões dificilmente se pagará apenas com o dinheiro arrecadado nas bilheterias dos cinemas do Brasil — certamente não dará lucro algum. O diretor fala de indústria cinematográfica brasileira, termo que não passa de peça de ficção. Que indústria é essa que é totalmente dependente do dinheiro público? Se um filme é feito com dinheiro de impostos — que poderia ser revertido para educação, saúde e segurança, por exemplo — ele não é só do seu produtor, pertence também a qualquer cidadão — que, ao menos em teoria, tem direito a educação saúde e segurança públicas gratuitas. Por causa de "Tropa de elite", ele foi obrigado a abdicar de, digamos, uma caixa de giz e um pacote de esparadrapo. Se não teve direito de escolha, que ao menos tenha o de usufruir da obra pela qual pagou. Como artista consciente — com certeza o diretor de "Ônibus 174" e produtor de "Os carvoeiros" o é — Padilha deveria cobrar do governo políticas para fazer com que qualquer cidadão tenha acesso ao seu filme. Se "Tropa de elite" é um sucesso de vendas no comércio informal é porque existe demanda. Mas, como se sabe, há muito o cinema deixou de ser um bem cultural ou de lazer acessível às classes menos favorecidas. Pobre não entra na ilegalidade por gosto. Na verdade, dadas as circunstâncias, Padilha deveria ver no pirata um aliado.

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Com uma Justiça como essa, quem precisa de bandidos?

MP mantém promotor acusado de assassinato
Agência Estado - Qua, 29 Ago, 07h25
Thales Ferri Schoedl, acusado de ter assassinado Diego Mendes Modanez e ferido Felipe Siqueira Cunha Souza numa briga na saída de uma festa em 2004, reassumirá suas funções como promotor, pelo qual recebe o valor de R$ 10,5 mil, e mais do que isso, responderá pelo crime em foro privilegiado.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2007






"Britânico legítimo", aventura alternativa do Super-Homem feita pelos britânicos John Byrne, John Cleese (do Monty Python) e Kim "Howard" Johnson (também colaborador do grupo de humor britânico), satiriza o britsh way of life, imaginando o que aconteceria se a nave do herói alienígena tivesse caído na Inglaterra e não nos Estados Unidos. Como em sua identidade civil o Super-Homem é jornalista, sobra crítica para a imprensa britânica também. Mas tem momentos que perece que os autores estavam falando do Brasil também.

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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Mobilização popular para a CPI do Pan

Por Rodrigo Otávio

É o que pede o vereador Eliomar Coelho (PSOL-RJ), autor da solicitação para a instalação da comissão de inquérito na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Engenheiro, o vereador diz que há que se investigar quando uma obra estoura em dez vezes o orçamento inicial, principalmente quando essa obra é financiada por recursos públicos, ou seja, o dinheiro que vem dos impostos do cidadão.
Mas o esclarecimento para o cidadão de fato saber se lucrou ou teve prejuízo com os jogos Pan-Americanos do Rio corre o risco de não sair. Isso porque a instalação da CPI já foi adiada duas vezes e caminha célere para o esquecimento. Contra essa possibilidade Eliomar Coelho pede que a população mande e-mails e cartas para os vereadores que votaram contra a CPI e peça que eles revejam suas posições e iniciem as investigações das inúmeras denúncias que envolvem a preparação e realização do evento.

Zé Pereira: Por que uma CPI sobre o Pan?

Eliomar Coelho: Durante todo o período de preparação para a realização dos jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos foram veiculadas, inclusive pela mídia, possíveis irregularidades que poderiam estar acontecendo em função de um orçamento que foi previsto inicialmente, e em determinadas fases, o que estava sendo gasto até então, era duas, três, quatro vezes aquilo que tinha sido previsto. Então isso daí começou realmente a levantar uma série de questões. Tanto que, no final, praticamente se chegou a quase dez vezes o orçamento inicial. Eram R$ 414 milhões e se gastou quase R$ 4 bilhões. E é claro que você ao analisar isso, quer dizer, ou está havendo má administração, ou então o planejamento foi totalmente errado, ou então está havendo corrupção. Bom, em paralelo a isso, o Tribunal de Contas da União (TCU)começou a fazer alertas, e alertas mais ou menos na mesma direção também. Para você ter noção, um exemplo concreto, o Engenhão foi orçado inicialmente em R$ 60 milhões. Menos de um ano de obras e já estava em R$ 160 milhões. Terminou em mais de R$ 400 milhões. Para você ter noção, o contrato da empresa que construiu o Engenhão com a Prefeitura, essa empresa teve 20 aditivos. Então isto daí realmente é um negócio que começa a preocupar. Eu sou engenheiro. Então, na engenharia, quando você tem um determinado projeto você chega e faz o orçamento. É claro que lá no final da obra não vai bater exatamente. Há uma diferença, mas uma diferença pequena. Quer dizer, quanto melhor tiver sido feito o orçamento, mais próximo daquilo que se orçou é o resultado final de quanto custa a obra. Então você pode até ter uma diferença de 5, de 10, de 15. 20% já é para você ficar antenado e começar a tentar verificar o que está acontecendo por conta daquela diferença. Agora, dez vezes mais realmente é um negócio complicado.

ZP: A CPI, caso aconteça, será só sobre gastos financeiros ou abrangerá outros aspectos?

EC: Todos os aspectos dos jogos Pan-Americanos. Porque o que acontece é o seguinte: quando isso foi vendido para a população da cidade do Rio de Janeiro, digamos a sociedade carioca, isto daí foi vendido como, digamos, aquela grande confraternização, que é o verdadeiro objetivo de um evento desta natureza. Iria realmente se aportar recursos, mas em compensação ficaria um legado para a cidade do Rio de
Janeiro. Esse legado a gente não está vendo. Quer dizer, o Engenhão, que inclusive já caiu o muro e isso e aquilo, está aí e está alugado para o Botafogo por R$ 30 mil por mês. O Parque Aquático Maria Lenk, que inclusive já está rachado, está sendo colocado em licitação. Ou seja, passando esses "equipamentos" esportivos para a iniciativa privada. Então a cidade do Rio de Janeiro, o povo, utilizar está praticamente descartado. Aí não tem legado. Coisas que foram anunciadas não foram feitas. Duplicação de avenidas, despoluição de lagoas; ou seja, uma série de anúncios que eram feitos, sob a forma de bravatas, e não se realizaram.

ZP: E a CPI não corre o risco de ficar muito ampla?

EC: Não. Veja bem, primeiro tem esse volume de recursos que é astronomicamente diferente. Tem um fato curioso aí. A cidade do Rio de Janeiro passou, teve, cinco anos para se preparar para a realização desses jogos. Então quando chega faltando mais ou menos seis meses, começou, quem era responsável exatamente por entregar a obra, a dizer que não ia ter tempo para terminar, e que precisava se imprimir uma certa urgência. Por conta de se imprimir essa certa urgência então dispensasse licitação. Isso daí é um negócio complicado e nos deixa...

ZP: ...isso de fato aconteceu?...

EC: ...Aconteceu! Dispensa de licitação até dizer chega. E dispensa de licitação não só em relação ao governo municipal, mas também com o governo estadual e o governo federal, diga-se de passagem. Eu me lembro que, em relação aos instrumentos responsáveis por dar segurança aos jogos, uma vez eu li que R$ 190 milhões tinham sido só por conta de dispensa de licitação. Quer dizer, R$ 190 milhões não é pouco dinheiro. Você dispensar a licitação? Como é que é isso? Como se justifica? Mas isso aconteceu o tempo todo. Por exemplo, na véspera do Carnaval, eu me lembro, R$ 80,5 milhões foram dados para a empresa que construía o Engenhão. Quer dizer, a troco de quê...

ZP:...Era a OAS?

EC: Passou. Quem terminou foi a OAS. Começou com uma outra, mas quem terminou foi a OAS, o que significa uma gestão. Então têm aspectos aí, negócio dos ingressos, que houve uma grande reclamação. Têm vários aspectos aí que nós vamos analisar. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o objetivo dela, é fazer a averiguação de tudo isso aí.

ZP: Em que pé está a Comissão, está instalada ou não está instalada?

EC: A Comissão não está instalada porque tem havido manobras, que eu digo vergonhosas, aí de prepostos do prefeito aqui na Câmara, que compõem sua base de sustentação política e que realmente têm tentando embarreirar a instalação desta CPI. A instalação da CPI era para ter acontecido em junho. São cinco nomes: Eu, que sou o autor da solicitação de instalação da CPI, a vereadora Patrícia Amorim (PSDB), o vereador Nadinho de Rio das Pedras (DEM), o vereador Carlo Caiado (DEM) e o vereador Luiz Antônio Guaraná (PSDB), tá? Então na primeira reunião que nós fizemos, exatamente para instalar a CPI, alguns membros fizeram ponderações para que não houvesse a instalação naquela época. Sob a alegação que logo em seguida a Câmara iria entrar em recesso e sob a alegação de que o mês de julho seria o mês de realização dos jogos Pan-Americanos. Não se desejava de forma alguma criar qualquer possibilidade de turvar, digamos, o brilho dos jogos.
E o terceiro argumento que eles utilizavam era que existe uma comissão especial aqui na Casa para acompanhar a preparação dos jogos, então eles diziam que essa comissão estava terminando um relatório na primeira semana de agosto, com certeza esse relatório estaria terminado e seria até um material para subsidiar o trabalho da CPI.
Então nós demos mais uma semana, quer dizer, aí houve um acordo entre os cinco membros da comissão para que a instalação dela acontecesse no dia 14 de agosto. No dia 14 a gente sentou novamente para essa reunião de instalação e aí já o vereador Nadinho de Rio das Pedras apresentou uma proposta dizendo que queria que houvesse o adiamento da instalação para o dia 15 de novembro. 15 de novembro é até feriado, né? Proclamação da República. Aí a gente começou a dizer: "Primeiro, há um acordo. Esse acordo deve ser cumprido porque é um acordo que foi feito entre os cinco membros da comissão. E todos aqui estão presentes.
Segundo, concordamos da primeira vez com o adiamento muito por conta das ponderações dos companheiros, mas que esta comissão não tem nada a ver com a comissão especial. Comissão especial é uma coisa, comissão parlamentar de inquérito é outra". A comissão especial da casa já está...há uma investigação... Aí é que está, a Comissão Parlamentar de Inquérito é que tem esse caráter. Então, o que acontece? Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E segundo, a gente não pode ficar de forma alguma protelando o início toda vez que a gente senta para fazer a sessão de instalação e eleição da relatoria, né? E aí a gente colocou, "olha, o Tribunal de Contas da União já está em ação". Inclusive já mandou suspender pagamento às empresas que tem contas a receber da
Prefeitura. O Tribunal de Contas disse: "O que for de dinheiro nosso tem que suspender tudo!". A Polícia Federal através da delegacia de crimes financeiros já está em ação, quer dizer; nós, legislativo municipal, para dar resposta ao cidadão ou a cidadã cariocas, nós
já devíamos estar na frente desses órgãos. E o que eu estou vendo realmente é uma intenção de embarreirar o tempo todo. E é claro que não há o menor interesse do prefeito exatamente de que haja uma
CPI para valer aqui. São temerosos, se são temerosos é porque tem alguma coisa esquisita nessa história toda. Lamentavelmente.

ZP: E o placar para essa última não instalação foi 3 a 2.

EC: 3 a 2! Com voto do Nadinho, do Carlo Caiado e do Guaraná, PSDB, que foi uma surpresa, a gente achava que ele ia votar favorável a gente, mas infelizmente ficou dolado de lá.

ZP: Voltando aos recursos financeiros do Pan, quem pagou esse montante e quem recebeu?

EC: Olha, os recursos aportados vieram da União, do Estado e também recursos do Município. Quer dizer, são os três entes aí responsáveis por aportar recursos na preparação e realização dos jogos.

ZP: E quem recebeu?

EC: ...Olha... você pode admitir a hipótese que quem ganhou ouro mesmo não foram os atletas, entendeu? Quem ganhou ouro mesmo foi um pessoal aí que estava por conta da organização, preparação e realização desses jogos. E devem ter recebido, né? Eles ficam alegando que alguma coisa eles tiveram que fazer a mais, exatamente para preparar a cidade do Rio para eventos esportivos em 2014, 2016, Copa do Mundo, Olimpíadas... Já foi também dito que não tem a menor condição de receber esses eventos com o que está aí, tem que fazer muita coisa.
Segundo... é... essa coisa que eles alegam..."esquema de segurança, instrumentos, isso e aquilo, então isso aí fica para a cidade do Rio de Janeiro"... Então eles começam a dar algumas justificativas, e o que acontece é o seguinte, veja bem, essa cidade precisa de um tratamento, digamos, de choque na gestão da política de segurança para dar ao cidadão, a cidadã, o mínimo de tranqüilidade no ir e vir. Então não necessita de jogos Pan-Americanos ou Parapan-Americanos para você aportar recursos na segurança do Rio de Janeiro. Então... quem ganhou
dinheiro... O que acontece é o seguinte, veja bem. Eu sempre afirmei que nós tínhamos o maior orgulho de o Rio de Janeiro sediar esses jogos. O que a gente não queria era aceitar como justificativa dos desmandos que estavam a olhos vistos acontecendo, isso daí a gente não aceita. Foi anunciada também quando se vendeu à idéia dos jogos uma agenda social do Pan. Essa agenda social do Pan está muito aquém daquilo que deveria ter sido. Aí você hoje pode dizer o seguinte: parece que aquela confraternização entre as várias modalidades de esporte, entre os esportistas, que são os atores principais do evento, isso daí parece que não se sente tão beneficiado, tão agraciado, em função do dinheiro que foi gasto. Então parece mais, digamos, você ter criado espaços para a realização de grandes negócios das "grifes" do esporte mundial.

ZP: O senhor está confiante na instalação da CPI?

EC: Para falar a verdade para você, nesta altura dos acontecimentos... porque o que acontece é o seguinte: você passar isso para o dia 15 de novembro, isso significa mais ou menos você inviabilizar. Isto daí é que tem que ser dito à população da cidade do Rio de Janeiro. A população tem que tomar consciência do papel que foi desempenhado por esses vereadores e o que significa isso. Porque em 15 de novembro estará faltando um mês para o término do ano legislativo. Esta casa aqui estará totalmente envolvida com a discussão e votação do orçamento para o ano de 2008. Então é conversa para boi dormir chegar nessa altura dos acontecimentos e querer adiar uma coisa que não tem o menor problema de começar a funcionar hoje, até porque você tem que fazer solicitação de contratos realizados entre a Prefeitura e vários órgãos com as empresas que foram responsáveis pela preparação dos jogos. Você tem que fazer solicitação de convênios que existiram. Você tem uma série de coisas que a gente tem que estar logo em ação para ter nas mãos o material e o instrumental necessário e suficiente para você fazer a verificação como deve ser feita. Quer dizer, sem leviandades, com o máximo de seriedade, para tudo aquilo que você for afirmando, se no caso for irregularidade, e identificado quem era responsável por isso, daí serem tomadas as devidas providências que é você entregar o caso já para a Justiça.

ZP: O senhor tem escutado a população a respeito da instalação ou não da CPI?

EC: Tenho. E eu acho que se os moradores começarem a enviar para esses vereadores, os três que votaram pelo adiamento, começarem a enviar e-mail, começar a enviar carta, telefonema, isso e aquilo, já é, digamos, uma ação que de repente pode levar esse pessoal a rever essa posição, pode rever. Porque o que acontece é o seguinte, você tem hoje neste país a prática do mau uso dos recursos públicos, dos recursos do povo, de forma indevida, e isso daí é levado ao conhecimento da população, todo mundo fica indignado, e fica nisso daí. E sempre que tem havido uma reação mais forte, mais expressiva por parte da população, às vezes tem dado resultado. Como deu resultado o negócio do Severino Cavalcanti. Como deu resultado na Assembléia Legislativa do Rio aquele auxílio moradia que eles estavam querendo com quase todo mundo morando aqui. Então, aquilo dali, começamos a coletar assinatura, a coisa vai tomando um vulto e quando vira clamor público há uma recuada do lado de lá. Então eu acho que a população do Rio também deve ajudar a gente nisso daí. O que nós queremos é a apuração da verdade em relação a tudo isto que está sendo levantado como suspeito, né? Suspeito. Esses jogos Pan-Americanos são considerados os jogos Pan-Americanos mais caros de toda a história dos jogos Pan-Americanos. E mais, se você pegar o que foi gastos nos últimos cinco jogos, somados, o nosso foi mais caro. Tem alguma coisa de não correto nessa história toda. E mais, a Prefeitura inclusive contratou para fazer o planejamento desses jogos uma empresa australiana. Ela pagou mais de R$ 13 milhões para essa empresa. Especializada em fazer eventos desse caráter e dessa dimensão.

ZP: Quais os possíveis resultados caso saia essa CPI?

EC: Os possíveis resultados são: primeiro nós temos que dar resposta para a sociedade carioca. E se realmente ficar provado que houve irregularidades, ilegalidades, que houve mau uso dos recursos, superfaturamentos; ou seja, que houve qualquer ato que você possa
Caracterizar como corrupção, e identificar os responsáveis, automaticamente esses recursos que foram gastos de forma desnecessária terão que retornar aos cofres do Tesouro Municipal.

ZP: Como funcionaria? Através da Prefeitura? Prefeitura reembolsando Prefeitura?

EC: No caso do superfaturamento, veja bem, determinada empresa recebeu um pagamento a mais. A empresa tem que devolver. Aí é uma cobrança feita pelo Judiciário. O que acontece. O resultado final da CPI, digamos, caso seja comprovado uma série de irregularidades, é encerrar exatamente com um relatório e esse relatório é encaminhado para o Ministério Público, e o MP tem que enviar isso para o Judiciário para tomar as devidas providências.

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Maupassant no Maria Clara Machado


A companhia Tempo Real apresenta hoje o espetáculo "Historiettes", realizado a partir de textos de Guy de Maupassant, no Teatro Maria Clara Machado. Às 21h, com as atrizes Ana Paula Novellino e Carla Andréa, preparação vocal de Elena Constantinovna, cenografia e figurinos de Carlos Alberto Nunes, e direção de Wilson Belém. A peça fica em cartaz às quintas-feiras até o dia 4 de outubro.

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Editorial do Estadão

O Brasil do Bolsa-Família


Parafraseando um sucesso de Frank Sinatra, de 1957, I have plenty of nothing, o presidente Lyndon Johnson comentou amargamente, em defesa do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, que os negros americanos tinham muito de nada - e nada era muito para eles. No Brasil, se dizia algo parecido: "Para quem é, bacalhau basta." (À época, o pescado custava uma fração do que custa hoje.) É o que vem à mente quando se lêem, no Estado de ontem, as palavras de Conceição Soares da Silva, mulher de um pedreiro incapacitado, mãe de 5 filhos, moradora do paupérrimo Jardim Elisa Maria, no extremo norte paulistano. "Se não fosse esse dinheirinho, a gente passaria fome", diz ela dos R$ 225 mensais que recebe, parte do Bolsa-Família (R$ 75), parte do Renda Mínima, da Prefeitura de São Paulo.

Conceição está entre os 42,5 milhões de pessoas que formam a parcela mais pobre da população - algo como 22% do total. Ela também está entre os 45,8 milhões assistidos pelo Bolsa-Família, o equivalente a 24,1% dos brasileiros, ou 1 em cada 4. O alcance desse que é um dos maiores programas de transferência de renda do mundo é uma das informações constantes do Perfil das Famílias Beneficiárias do Bolsa-Família, divulgado na terça-feira pelo Ministério do Desenvolvimento Social, responsável por sua execução.

O documento impressiona não apenas por revelar a amplitude a que chegou o programa em um punhado de anos e a sua focalização em geral adequada - uma proeza nada desprezível considerando a extensão do território coberto, o formidável contingente alcançado e o histórico brasileiro de monumentais desvios de verba no assistencialismo tradicional.

Recente estudo do Ipea, por sinal, concluiu que 80% dos quase R$ 8,8 bilhões desembolsados pelo governo aliviam efetivamente a situação dos 40% mais pobres entre os brasileiros. E, desde o advento do programa, a concentração de renda diminuiu 4% no País. Tais dados, porém, remetem apenas à ponta do iceberg do problema que deu origem a projetos do gênero no País, cujos pioneiros foram o falecido prefeito tucano de Campinas José Roberto Magalhães Teixeira e o governador então petista do Distrito Federal Cristovam Buarque. O relatório do Ministério, nesse sentido, suscita dois tipos de cogitações. O primeiro é que ser pobre em países como o Brasil - para não falar dos Estados falidos da África e do subcontinente indiano - é muito diferente do que ser pobre nas nações ao mesmo tempo mais desenvolvidas e menos injustas.

Numa Alemanha, por exemplo, ser pobre é ganhar menos euros do que os outros e, obviamente, consumir menos do que eles. Já aqui, é ser também iletrado ou analfabeto funcional, como são, no primeiro caso, 16% dos responsáveis legais pelo recebimento do benefício, e 40% deles, no segundo. É não ter acesso a bens públicos elementares nos dias atuais, como o esgoto tratado que falta a aproximadamente 2/3 das famílias incluídas no Bolsa-Família - e isso apesar do fato de o cliente típico do programa morar em cidades (69,2% do total).

A outra reflexão provocada pelo estudo do governo é a que se relaciona mais de perto com a frase do presidente Johnson, citada no início deste texto. Tão severa e tão múltipla é a penúria da população da base da pirâmide social brasileira que a ninharia proporcionada pelo programa assistencial é como se fosse uma cornucópia para os seus desvalidos receptores.

A bolsa se destina a famílias com renda mensal per capita inferior a R$ 120. (A cada mês, informa a área federal, entram e saem do programa cerca de 50 mil famílias. Saem ou porque estavam indevidamente inscritas, ou porque não mantiveram os filhos na escola, a principal das contrapartidas exigidas, ou porque passaram a ganhar mais do que aquele teto.) O valor do ajutório varia de R$ 18 a R$ 112; em média, é de R$ 72, ou menos do que a quinta parte de um salário mínimo. Mas isso é o quanto basta para sustentar a extraordinária popularidade do presidente Lula.

Nem todos os bolsistas são necessariamente lulistas. Existem os que nem sequer sabem de onde vem o dinheiro. Mas o desempenho eleitoral do presidente no Nordeste decerto guarda íntima relação com o fato de que ali vive praticamente a metade dos destinatários do programa.

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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Mal Necessário Online

Tem coluna nova do Arnaldo Branco no site, "Humor anal".

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Cachaça não é água não


Mas a galera da ABP acha que é.

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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Recado para o governador, dos professores do Rio

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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

"Eu também vou!"



(F. Bagaceira)

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A revitalização do Tempo Glauber já não era sem tempo


Por Estevão Garcia

Dona Lúcia Rocha em uma inspiração profética recolhia tudo que era rabisco e desenho do pequeno Glauber como se pudesse intuitivamente prever que o filho anos mais tarde se converteria em uma das figuras mais importantes da cultura brasileira e que aqueles papéis amassados jogados fora pelo garoto de 7, 8 anos, seriam no futuro alvo do interesse de inúmeros pesquisadores. De fato, Dona Lúcia podia, e sentindo que havia algo de especial no filho, começou desde cedo, bem antes de Glauber se transformar no cineasta mundialmente reconhecido, a recolher os seus vestígios. Mesmo aqueles que eram rechaçados pelo artista no decorrer do processo criativo, como pré-argumentos, idéias soltas anotadas em um guardanapo para não serem esquecidas, esboços de personagens, primeiras linhas de conceitos ainda por serem desenvolvidos; todos eles, sem exceção eram coletados e entendidos por Dona Lúcia como documentos preciosos. O valor desses rascunhos recolhidos com tanto esmero por uma mãe extremamente dedicada, mais tarde se revelariam não só como peças importantes para se compreender o talento individual e o processo de criação do cineasta, mas também como elementos chave para se compreender um específico momento da nossa cultura e da nossa história.

E voltar o pensamento para a cultura brasileira do século XX de um modo geral e para o cinema brasileiro em particular é cair, querendo ou não, próximo ao nome de Glauber. Mesmo aqueles que não admiraram ou admiram o seu cinema, reconhecem na sua figura um elemento primordial para a compreensão do Brasil da década de 60 pra cá. É por esse motivo e pela crescente demanda de estudiosos de todo o Brasil e de outras partes do mundo atrás de suas obras, que se tornou cada vez mais urgente e necessária a revitalização do Tempo Glauber. O antigo casarão situado na Rua Sorocaba 190, por coincidência ou não vizinho do Museu Villa-Lobos, precisava há tempos ser restaurado. Os mais de cem mil documentos e os filmes ali depositados precisavam de melhores condições de armazenamento e conservação. Roteiros, cartazes, desenhos, cartas, argumentos, fortuna crítica, tudo isso necessitava ser digitalizado e disponibilizado pela internet. O empenho da família Rocha em preservar a memória de Glauber, iniciada por Dona Lúcia, prosseguida por sua filha Paloma e agora também por sua neta Sara, que não o conheceu, se constitui em uma verdadeira saga.

A cerimônia de revitalização do Tempo Glauber ocorrida hoje à tarde é apenas o primeiro passo de um delicado e árduo trabalho ainda por ser concluído. O resultado de quatro meses de trabalho e reformas terminou uma primeira etapa, não menos árdua que as que virão. Nela, vemos a inauguração do Centro de Documentação Lúcia Rocha, onde os raros documentos que estavam entrando em fase de deteriorização poderão ser arquivados em condições ideais. O secretário do Audiovisual Orlando Senna esteve presente e foi o que realizou a solenidade de entregar nas mãos da homenageada Dona Lúcia, a dourada placa. O site do Tempo Glauber também está totalmente reformulado. O internauta interessado em pesquisar sobre o cineasta, encontrará agora mais dados e informações. Já está no ar uma primeira versão do site em inglês, para que os pesquisadores estrangeiros também tenham acesso e possam vasculhar o baú glaubereano virtual. Estão previstas para o fim de outubro versões em espanhol e em francês e até o inicio do ano que vem uma em alemão.

O vídeo que nos foi mostrado sobre o processo de conclusão da primeira etapa da Revitalização do Tempo Glauber é interessante por revelar como a equipe está afinada e integrada por esse objetivo. A paixão da família Rocha pelo projeto parece ter contaminado todos os envolvidos. A motivação pessoal que começou pela atitude de uma mãe coruja em querer guardar qualquer papel amassado pelo filho, se multiplicou pelos herdeiros e se desdobraram no interesse de pesquisadores, arquivistas, museólogos, restauradores. A nossa memória é algo extremamente frágil e é tão perecível quanto uma película ou um papel. A História tem a peculiaridade de executar sinuosas voltas e sem a memória para atuar essas voltas acabariam sendo imperceptíveis. Uma dessas voltas da História ocorrerá daqui há duas semanas no Festival de Veneza. Na sua abertura se realizará a primeira projeção pública da cópia restaurada de Idade da Terra e do documentário Anabasis, filme montado por Paloma Rocha e Joel Pizini a partir das sobras de mais de 30 horas do último filme de Glauber. E não é que há exatamente 27 anos, no Festival de Veneza de 1980, o filme não tinha sido exibido pela primeira vez e sido totalmente massacrado? Estaria o Festival de Veneza querendo formalizar uma espécie de pedidos de desculpas? Independentemente disso, temos que celebrar a volta de um dos mais importantes filmes de Glauber e esperar que a sua projeção em nossas telas aconteça logo.

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Lobão como Raul Seixas na Globo? Tudo a ver. Basta lembrar que o roqueiro baiano tinha cadeira cativa no "Fantástico". Cada época tem o maluco rebelde inofensivo útil que convém ao mainstream.

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Rohter e a imprensa brasileira

Do site Comunique-se

Larry Rohter: "imprensa brasileira navega num mar de mediocridade, com ilhas de excelência"

Poucos dias após deixar o cargo de correspondente do New York Times no Brasil, Larry Rohter concedeu uma longa entrevista ao Estado de S. Paulo, publicada no domingo (19/08). Em um papo franco, Rohter mostra que gosta do País e de sua cultura, fala sobre os bastidores da matéria que quase causou sua expulsão e bate pesado na imprensa brasileira.

"Durante a ditadura eu admirava a imprensa brasileira. Ali existia um jornalismo que era vocação, não só carreira. A morte de Vladimir Herzog foi algo que me marcou. O próprio Estado, ao publicar trechos de 'Os Lusíadas', para resistir à censura, foi algo tocante. Jornalistas e empresas de comunicação até pagaram um preço alto por isso. Hoje em dia, as coisas são diferentes. Há jornalistas de gabarito, mas a imprensa brasileira navega num mar de mediocridade, com algumas ilhas de excelência", diz.

As críticas serão aprofundadas em um livro em que prepara sobre suas duas passagens no Brasil – além do NYT nos últimos oito anos, foi correspondente da Newsweek nos anos 70 e 80 –, que já tem título: "Arestas Insuspeitas". Licenciado do jornal, Rohter fica no País mais alguns meses para terminar a obra, e depois deverá seguir para China, onde pretende encerrar a carreira.

Expulsão

Sobre a reportagem que quase levou a sua deportação, Rohter acha que o presidente foi mal assessorado. "Difícil saber o que aconteceu no Palácio do Planalto naqueles dias, mas tudo indica que as coisas ficaram muito ruins pro meu lado. Só mudaram de curso quando o então senador Sérgio Cabral entrou com um habeas corpus a meu favor. Ali, e só ali, senti que, num eventual julgamento da questão, o Supremo, inteiro ou em boa parte, ficaria contra o governo. O ministro Márcio Thomaz Bastos (da Justiça) não tinha outra opção a não ser costurar um acordo", lembra.

O correspondente começou sua apuração pedindo uma entrevista ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O secretário de imprensa, Ricardo Kotscho, não me recebeu. Falei com o número 2, Fábio Kerche. Apresentei minhas questões. Aguardei uma manifestação por dez dias e nada", detalha Rohter, guardando informações para o livro. "Até que aconteceu um fato, que vou revelar no livro, e voltei a fazer contato com o assessor. Disse-lhe: 'A coisa vai sair. Se vocês quiserem se manifestar é agora'. Ainda coloquei uma declaração transmitida pelo assessor na minha matéria. Mas jamais me receberam, jamais quiseram saber o que eu sabia", diz.

Com a matéria se tornando uma questão política, Rohter passou a tratar do assunto diretamente com a direção do jornal, por meio do editor-chefe, Bill Keller, e diz que o NYT esteve ao seu lado o tempo todo. "Não saí do País, o ombudsman não se manifestou, não houve pedido de desculpa do jornal, não houve carta ao governo, nada. Apenas um recurso para revogar a ordem de expulsão, medida legal, preparada por advogados brasileiros".

Rohter x Globo

O impacto da reportagem, segundo Rohter, foi amplificado pela mídia brasileira.
"Escrevi refletindo o ambiente: o presidente brasileiro tinha um hábito que o estaria prejudicando no exercício do poder. Isso eu não inventei! Mas setores da imprensa, liderados pelo jornal O Globo, ou melhor, pelas Organizações Globo, resolveram me atacar. Acho que há uma obsessão com o que sai no NYT. Matérias que fiz foram mal interpretadas, mal traduzidas, publicaram-se coisas que nunca disse, fico indignado. Por exemplo, escrever que eu disse que a Garota de Ipanema hoje é gorda? Que absurdo! Era um janeiro em que nada acontecia no Rio, então o jornal criou uma polêmica xenofóbica, baseada em mentiras", afirma.

Rohter segue dizendo que O Globo "desqualificou meu trabalho, sabendo que eu não faço fotos e nem estava com o fotógrafo quando ele capturou as imagens. O jornal também disse que o NYT publicou cinco fotos da série, quando usou apenas duas. E o nosso ombudsman acusou o erro do fotógrafo. Os critérios da imprensa americana são mais rigorosos que os critérios da imprensa brasileira".

O Estadão procurou Rodolfo Fernandes, diretor de redação do Globo, que sustenta que o jornal não tem obsessão pelo NYT, respeita seu padrão de qualidade, mas que isso não o impede de cometer erros. "Como no caso do presidente Lula, quando se baseou em fontes desqualificadas. No caso da 'Garota de Ipanema gorda', O Globo descobriu que era uma reportagem errada e o ombudsman do NYT pediu desculpas", diz Fernandes.

Uma informação pouco difundida, que Rohter comenta na entrevista, é que ele trabalhou para as Organizações Globo em Nova York no início da carreira. "Ajudava na área de música, comprava matérias de revistas americanas e fazia produção para o Fantástico, que estava nos primórdios".

"O que o senhor sabia e quando soube?"

Rohter relembra também sua primeira passagem pelo País, ainda como universitário, que o PT é o partido que mais se incomoda com as críticas e considera que a cobertura do acidente aéreo em São Paulo não está exagerada – "é sintoma de uma crise maior". Se pudesse reencontrar o presidente Lula, que conheceu em 1978 cobrindo as greves do ABC, Rohter faria uma pergunta que remete a outro escândalo político.

"Na comissão que investigou o escândalo Watergate, o senador Howard Baker repetia sempre a mesma pergunta em relação a Nixon: 'What did the president know and when did he know it?' É a questão fundamental. Pois eu perguntaria a Lula a mesma coisa em relação ao mensalão: 'Presidente, o que o senhor sabia e quando soube?'"

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Hoje tem o Clube da Luta Floripa no Teatro Odisséia, com a participação do xará DJ Zé Pereira.

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sábado, 18 de agosto de 2007

No trio elétrico da Philips comandado por Ivete Sangalo só embarca indignação de fachada. O fato de haver um objetivo comum não quer dizer que eles queiram se misturar.

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sexta-feira, 17 de agosto de 2007


O blog Gibizada, de Telio Navega, adiantou o que vem por aí na Zé Pereira # 2.

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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A vida imita a arte. Ou seria o contrário?


Esta é a charge de Allan Sieber publicada na apresentação da Zé Pereira # 1.
Agora vejam no YouTube:


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House organ

O Segundo Caderno do "Globo" de hoje comemora o "desempenho de bilheteria invejável" de "O primo Basílio", uma produção da Globo Filmes estrelada por atores da TV Globo, em seu primeiro fim de semana. Segundo a reportagem, o filme foi a TERCEIRA maior estréia NACIONAL de 2007. Ou seja, algo bem próximo do nada. O feito se aproxima ainda mais do nada quando sabemos que o segundo colocado foi "A turma da Mônica em Uma aventura no tempo", que teve desempenho nos cinemas bem aquém do esperado. E vira um nada completo quando descobrimos que, lançado com pompa e circunstância de blockbuster, com todo o apoio que uma produção da Globo Filmes recebe da matriz, teve média por cópia de 671 espectadores - um número absolutamente medíocre.
"O primo Basílio" pode até virar um fenômeno de bilheteria - é bom lembrar que "2 filhos de Francisco" teve um mau desempenho em seu fim de semana de estréia. Mas o que "O Globo" deu hoje é o que se pode chamar de antinotícia. Um trabalho de house organ mal feito.

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terça-feira, 14 de agosto de 2007


Chupamos o Andre Dahmer na maior cara-de-pau - quem manda ser genial? Não perca o seu tempo, vá direto à fonte, clicando aqui.

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sábado, 11 de agosto de 2007

Primeiro Mundo da Pirataria


Pois é, chegamos lá. O filme só vai ser lançado nos cinemas no mês que vem, mas quem quiser ver "Tropa de Elite" antes é só comprar o DVD na rua. E o camelô amigo ainda faz propaganda: "É melhor do que 'Duro de matar 4.0'".

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quinta-feira, 9 de agosto de 2007

E daí que condecoraram o cara da Anac?

Pior, muito pior, foi a revista "Exame", que premiou a TAM como a melhor empresa brasileira do ano. É um mico voador.

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Arte sem charlatanismo


E com chope bem gelado!

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terça-feira, 7 de agosto de 2007

Todo mundo lá hoje!


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Meu encontro com Antonioni


Antonioni não gostou de me conhecer, e eu não o culpo. Nosso encontro aconteceu em 1994, e eu rogo aos Céus que ele o tenha esquecido - isso por mera autocomplacência, pois, com certeza, ele o esqueceu. O mestre italiano na época estava com 82 anos e já não falava. As entrevistas eram feitas por intermédio de sua mulher, Enrica. O casal veio para o Rio depois de passar pelo Festival de Gramado. Eram os tempos do jornalismo jeca - não que isso tenho mudado muito -, nos quais até os jornais ditos sérios botavam seus repórteres para fazer plantão em porta de hotel para flagar um tchauzinho da Madonna. E os editores me puseram na cola do diretor, como se fora ele um popstar. Minha missão, além de seguir os passos do pobre coitado, onde quer que ele fosse, era a de conseguir uma entrevista exclusiva - tarefa que se mostrou impossível logo de cara, pois ele já havia prometido falar com o grande Hugo Sukman, do jornal rival, que o tinha conhecido na Serra Gaúcha. Segui-o por toda parte - lembro-me que viu uma exposição de Iberê Camargo no CCBB e parece ter gostado. Logo ele começou a demonstrar sua insatisfação com tão incômoda sombra. Queria lhe dizer que não estava ali por vontade própria, mas faria diferença? O pior aconteceu na hora do almoço. A comitiva do cineasta parou no Albamar e eu estacionei na mesa ao lado. Finalmente - creio que por piedade - a mulher dele acenou para mim, para que eu me aproximasse. E a desgraça aconteceu: estabanado, derrubei uma taça de vinho em sua camisa branca quando fui cumprimentá-lo. Jamais esquecerei o seu olhar de ódio - dizem que em Ferrara isso dá o maior azar. Fui embora. No dia seguinte, o jornal rival publicou uma foto de Antonioni dormindo durante um show de mulatas. Meu encontro com o cineasta do silêncio terminou com um estrondoso esporro de meus editores.

Eduardo Souza Lima

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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Um Brasil que continua invisível


Orlando Senna vem fazendo um bom trabalho à frente da Secretaria do Audiovisual, mas tem coisa que não dá para entender. Para que serve o Documenta Brasil? O programa, uma parceria do Ministério da Cultura, da Petrobras e do SBT, é ótimo no papel. Foram escolhidos quatro projetos de documentários, cada um contemplado com R$ 550 mil, para serem exibidos na TV aberta. Se a idéia era dar mais visibilidade ao documentário brasileiro e ao Brasil que passa ao largo da Rede Globo, não deu certo. Ontem foi exibido "KFZ-1348", mas só meia dúzia de pessoas deve ter visto. Além de o SBT não divulgar mais sua programação - para saber o que passa lá, só deixando a TV ligada e sintonizada no canal 24 horas por dia - o documentário, muito bom, por sinal, só foi ao ar à 0:45h - isso mesmo, quinze para uma da manhã. E depois de a emissora exibir dois capítulos seguidos do enlatado americano "Arquivo morto" - o título parece ser uma ironia. Que trabalhador pode ficar acordado até essa hora num domingo? Se é para ninguém ver, o Documenta Brasil é dinheiro jogado fora.

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Seguro seqüestro


Como não pensaram nisso antes? Todos só teriam a ganhar:

a) a classe média amedrontada, que poderia dormir um pouco mais tranqüila;

b) os banqueiros, que ganhariam ainda mais dinheiro;

c) a polícia, que teria menos trabalho;

d) os meliantes, que correriam menos riscos de levar voltas;

e) e nós, que poderíamos continuar com nossos rabinhos entre as pernas, mas com uma preocupação a menos.

Sem contar os governantes, que poderiam lavar suas mãos à vontade.
E ainda poderiam haver duas modalidades de apólice: relâmpago e em cativeiro.

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"Equipamento"

Deu na coluna da Patrícia Kogut, na Revista da TV do "Globo": Luciano Huck doou 60 exemplares de seu primeiro livro, "Na terra no céu mo mar - Viagens de aventura no 'Caldeirão do Huck'", para a biblioteca do núcleo do AfroReggae, em Parada de Lucas".
É o país dos Dimirrendriques e das Princyannys.

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Seria a volta da Família Addams?



Não, meus caros, é algo muito mais medonho: "O primo Basílio" do Daniel Filho. Chamar Daniel Filho de o Ed Wood brasileiro seria uma injustiça. Com Ed Wood. O cineasta americano, considerado o pior de todos os tempos, ao menos amava o cinema e era fã de Orson Welles. Daniel Filho só ama ganhar dinheiro fácil, como eminência parda da Globo Filmes. E parece desprezar não só a crítica - para ele, filme com crítica ruim atrai o povão - e o público, como também as pessoas com quem trabalha - basta ver essa foto aí da Glória Pires e a fotografia porca que Felix Monti foi obrigado a assinar em "A partilha". Mas enquanto ele trabalhava com autores menores, tudo bem. O problema é que agora ele botou suas mãos desastradas em Eça de Queiroz. Portugal deveria exigir o seu degredo - em Guantánamo.

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It's alive!


A primeira página da singela historinha que o destemido Allan Sieber está desenhando para o número 2 da Zé Pereira, que chega às bancas no fim do mês. Só para dar um gostinho.

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Para a galera de São Paulo


A grande - e isso não é apenas figura de retórica - Cristiana Soares lança aí, amanhã, o seu primeiro livro. Vai ser às 15h, na Livraria da Vila, na Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena. A autora escreveu "Por que Heloísa" (Companha das Letrinhas) inspirada na filha Luísa, de 14 anos, que tem paralisia cerebral. As ilustrações são de Ivan Zigg. Cristiana, além de ser uma mãe maravilhosa e de ter pernas monumentais, é uma ótima escritora. Confira no seu blog, Blog Talk.

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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Humor involuntário


Desculpem, não deu para evitar.

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quarta-feira, 1 de agosto de 2007

E tem gente que vem falar de liberdade de expressão...


Polícia intima Latuff por críticas ao PAN do Rio
Santa democracia!
Por Marcelo Salles (www.fazendomedia.com)

Era só o que faltava. O artista gráfico Carlos Latuff foi intimado ontem pela delegada Valéria de Aragão Sádio, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Propriedade Imaterial, "a fim de prestar esclarecimentos referente ao procedimento em epígrafe". Desconsiderando o atentado à gramática do texto assinado pela delegada (erro básico de concordância nominal), é preciso deixar claro aos amigos leitores que o Latuff está sendo intimado única e exclusivamente por usar sua habilidade para denunciar as violências cometidas pelo Estado em nome dos Jogos Pan-Americanos - com o acobertamento vergonhoso das corporações de mídia. Como o próprio Latuff ironizou: "Veja, Marcelo, pra você ver como é bom viver numa democracia onde a liberdade de expressão é garantida, especialmente quando você resolve fazer uma charge do mascote do Pan segurando um fuzil ao lado do Caveirão". Pior, pelo que fiquei sabendo, a Patrícia Oliveira, da Rede Contra a Violência, chegou a ser detida pela polícia enquanto vendia as camisetas na rua. Recapitulando: 542 famílias que vivem no entorno da Vila Pan-Americana foram ameaçadas de expulsão pela Prefeitura de César Maia, o custo dos Jogos Pan-Americanos aumentou em 14 vezes (dinheiro meu e seu indo embora), inúmeras denúncias de contratos superfaturados (um deles detectado pelo TCU), Complexo do Alemão sitiado pela Força Nacional de Segurança e pela PM, pessoas em situação de rua expulsas para sabe-se lá Deus onde. Diante de todo esse descalabro, a polícia ainda vai em cima de quem exerce seu direito de expressão garantido pela Constituição Federal. ( À direita, a faixa com a arte de Latuff. Imagem: O Dia)E ainda com uma alegação tosca, de apropriação da imagem oficial do Pan. Fosse isto verdade, o chargista Aroeira também deveria ter sido intimado, já que ele usou o mesmo mascote em pelo menos três ilustrações publicadas no jornal "O Dia". Como Aroeira não foi intimado, fica caracterizada a perseguição política a Carlos Latuff. Eu gostaria de saber se a delegada Valéria, da Delegacia contra Crimes Imateriais, poderia expedir um mandado de intimação contra as corporações de mídia que seguidamente agridem a cultura brasileira, nossos hábitos e costumes, nossa história, nossos valores, nossa gente. Ou isso é imaterial demais?

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O site da Zé Pereira já está no ar

Na primeira edição:
uma galeria de fotos do Pagode da Tia Doca e mais uma famosa receita da pastora da Velha Guarda da Portela e quituteira;
a estréia da coluna semanal de Arnaldo Branco, Mal Necessário Online;
Poemas com fundo", de Laura Erber;
“Efeito estufa”, de Flávio Nascimento;
A história do desenho de nossa capa, feito por Jano;
na seção Crônicas do Rio, um texto de Rudyard Kipling sobre o Rio, escrito em 1927, e um conto de Sidney Garambone sobre o Dia de Cosme & Damião;
o nosso blog, que será atualizado diariamente;
para ouvir e morrer de rir, os impagáveis reclames da Rádio Saara;
na Cinemateca Zé Pereira, que exibirá um filme novo todo mês, o curta "A última do Amigo da Onça", de Terêncio Porto;
e duas reportagens da revista impressa, "Paciente terminal" e "Música de zona".
Por favor, ajudem a divulgar.
http://www.revistazepereira.com.br/

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