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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Febeapá 2007


O ano termina com a notícia de que Glória Maria vai dar um tempo. A jornalista que ensinou aos espectadores do "Fantástico" que os legionários romanos usavam sapatos de bronze e que "A pequena sereia" — não o desenho animado da Disney, mas o conto de Hans Christian Andersen — era uma linda história de amor com final feliz vai fazer falta ao Festival de Besteiras que Assolam o País dos próximos dois anos. Como homenagem, decidimos que ela e o prefeito Cesar Maia são hors concours — o último não como homenagem, mas porque se ele estivesse na parada não tinha pra ninguém. Com isso, o maior destaque de 2007 é o novelista Aguinaldo Silva, que em sua ânsia em arrumar um bode expiatório para o fracasso de "Duas caras", abusou de escrever bobagens em seu blog — talvez a pior delas, chamar os cubanos de vagabundos. Falou-se muita asneira em 2007 e abaixo selecionamos algumas. É claro que muitas ficaram de fora. Por isso pedimos ajuda aos leitores. Quem lembrar de mais algumas, por favor nos dê um toque em nossa caixa de comentários ou pelo e-mail online@revistazepereira.com.br. A gente vai publicar as 30 melhores — ou piores — na Zé Pereira número 4.

"Pena de morte. É um tema perfeito para o período de Natal. Enquanto as pessoas confraternizam com parentes e amigos, distribuindo presentes e bons sentimentos, eu confraternizo com a cadeira elétrica e a forca", Diogo Mainardi, em sua coluna na "Veja". Na semana seguinte, o estado americano de Nova Jersey revogou a pena de morte e a ONU aprovou uma resolução pelo seu fim em todo o mundo. Isso é que é timming.

"McCarthy estava certo", Diogo Mainardi, fazendo apologia da deduragem. Passaram a mão na bunda desse cara no recreio. Só pode ser isso.

"Fico quase repugnado, irritado mesmo, quando vejo alguém consumindo maconha, porque o cara está bancando o tráfico, não adianta dizer que não está", Fernando Meirelles. O diretor de "Cidade de Deus" é dono de agência de publicidade desde os anos 80 e trabalha com TV e cinema. Ou ele só trabalha irritado ou é cego ou hipócrita. Ou então acha que cocaína tudo bem.

"Onde está a polícia? Onde está a 'Elite da Tropa'? Quem sabe até a 'Tropa de Elite'! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade", Luciano Huck, depois que roubaram o seu Rolex. O apresentador também doou 60 exemplares de seu primeiro livro, "Na terra no céu no mar – Viagens de aventura no 'Caldeirão do Huck'", para o AfroReggae. Ah, e fez campanha para poder entrar na Majórica de havaianas. Isso é que é senso de cidadania.

"Mas por mais sangrenta que fosse a ditadura, as aflições que então sofríamos por causa disso não tinham tanto peso quanto têm as aflições de hoje, quando somos supostamente livres. É que na época os militares até podiam impor arbitrariamente sua vontade. Mas pelo menos não eram fundamentalistas, não achavam que tinham a missão divina de reorganizar e assim salvar o mundo", Aguinaldo Silva. Ou seja: para o novelista, por sadismo ou dinheiro pode baixar o cacete à vontade.

"Sim, Luciano Huck faz parte da 'elite branca', e sob nenhuma hipótese deve se envergonhar disso. Ele faz parte dela porque trabalha de sol a sol, e paga altíssimos impostos, sem os quais a 'elite preta', não muito chegada ao trabalho, não estaria recebendo as benesses do bolsa família. (e não me chamem de racista, por favor, não estou falando de negros, estou falando da oposição aos que são como o nosso querido Huck)", Aguinaldo Silva, que certamente não é racista, mas que acredita que o Brasil seria o país das oportunidades, assim como os Estados Unidos, caso o PT não o tivesse transformado numa Suécia.

"Trabalhar que é bom, nem se pode dizer que os cubanos trabalham, já que nada produzem. A produção de cana de açúcar, a principal riqueza da ilha, já não dá mais nem pro gasto interno. Os charutos Cohiba servem apenas para presenciar os que tecem lôas a Fidel, entre os quais se incluem os próceres mais à esquerda do nosso governo. Duvidam do que estou dizendo? Pois muito bem: ao longo de suas vidas vocês já compraram tênis 'made in Malasya', coisas produzidas nas Filipinas, em Singapura, no Ceilão, etc., etc., etc.. Alguém aí, alguma vez na vida, conseguiu achar em alguma vitrine sequer um grampo de cabelo que fosse 'made in Cuba'?", Aguinaldo Silva, neoliberal que acredita que o sistema econômico ideal para o Brasil é o chinês e desconhece que o Ceilão se chama Sri Lanka desde 1972.

"Os países do continente (africano) demonstram uma maturidade que revigora a democracia", o presidente Lula, em discurso feito em Burkina Faso, país presidido há 20 anos por Blaise Compaoré, depois de um sangrento golpe de Estado.

"O Brasil tem uma dívida histórica com os militares", Lula. É verdade. A rapaziada caia árvore que é uma beleza.

"Um tiro em Copacabana é uma coisa, na (favela da) Coréia é outra coisa", José Mariano Beltrame, secretário cuja política de segurança pública é inspirada no filme "Tropa de elite".

"Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal", Sergio Cabral Filho, ao defender a legalização do aborto, lembrando, num ato falho, os tempos de PSDB.

"Ela certamente tem algum problema, uma debilidade mental", Raimundo Benassuly, delegado-geral do Pará, sobre a menor L. presa numa cela com 20 homens em Abaetetuba, num típico caso de, como dizem os psicanalistas, transferência.

"Opinião pública não elege mais presidente. A reação contra a corrupção é algo muito específico da classe média, de gente que paga imposto e não vê nada sendo retribuído. Do ponto de vista de quem está recebendo o Bolsa Família, a questão da moralidade política vem em segundo lugar. Para quem vive em um mundo de necessidades, moralidade é luxo", José Murilo de Carvalho, historiador. Como diria o colunista Ancelmo Góes, que aplaudiu a frase, um sujeito desses lá na minha terra é chamado de... deixa pra lá.

"Se o Piauí não existisse, ninguém ficaria chateado", Paulo Zolotto, presidente de inclinação bôer da Philips no Brasil e na América Latina.

"Cansei", um bando de babacas.

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Domingão do Mastroianni


Domingo, a partir das 22:30h, rola na Cinemathèque (Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo) a última Noite Mastroianni do ano. Comandada pelo escritor João Paulo Cuenca e pelo DJ Kowalski, a festa vai ter de cuspidor de fogo a Roberto Carlos e Nino Rota; de manequins com cabeça de elefante a Pixies e Aracy de Almeida, de strippers burlescas a Ibrahim Ferrer, Morrissey, Bix Beiderbecke, Editors, Omara Portuondo, Fundo de Quintal e Piazzola. Os ingressos custam R$ 10, mas homens de sapato branco (não vale tênis) e mulheres de saia e meia-arrastão pagam meia. Fora isso, a martíni sai a preço promocional.

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Dois pesos, uma medida


Marco Aurélio Mello, o ministro do STF que mandou dizer aos italianos que os crimes da Operação Condor prescreveram, é o mesmo juiz que ajudou o Cacciola a se mandar, livre como um pássaro, para a Itália.

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Maré em Berlim


O musical "Maré, nossa história de amor" é a quarta produção brasileira confirmada no Festival de Berlim de 2008. O filme de Lúcia Murat estará na prestigiosa mostra paralela Panorama e se junta a "Mutum" (na Kplus, mostra infantil), "Cidade dos homens" (Generation 14plus, para adolescentes) e "Tropa de elite", que está na competitiva.

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Uma canção ao cair da tarde: "Estética Terceiro Mundo", Gabriel Muzak




Essa aqui saiu do "Bossa nômade", disco independente de 2002 que ainda não teve o reconhecimento merecido.

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Olhos da Maré


Por Marina Gonçalves
Fotos de Ratão Diniz


Sucesso da Escola de Fotógrafos Populares, do Observatório de Favelas, mostra um outro olhar sobre a periferia

Há três anos, quando ingressou na Escola de Fotógrafos Populares, do Observatório de Favelas, talvez Ratão Diniz não imaginasse que em tão pouco tempo de profissão teria a oportunidade de conhecer o Nordeste inteiro graças à fotografia. Ou que seria um dos profissionais a mostrarem seus trabalhos na exposição Jogos Visuais (fotos da reportagem), em cartaz na Caixa Cultural, no Centro. Morador do Parque Maré, uma das muitas comunidades do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, ele conheceu a escola de fotógrafos por meio de seu irmão, em 2004. De lá pra cá, participou de algumas oficinas, foi monitor da Escola Popular de Comunicação Crítica, até que foi convidado para documentar o projeto Revelando os Brasis, percorrendo com sua máquina, diversas cidades do interior nordestino.

— Sempre tive um interesse específico pela fotografia documental. Mas a escola mudou minha forma de olhar o outro: detalhes que antes passavam despercebidos, agora são vistos com o olhar de um fotógrafo. Assim, passei a enxergar uma outra favela, uma outra periferia. E de uma maneira que só nós vemos.

Francisco Valdean, cearense de Cachoeira Grande que veio para o Rio aos 15 anos, também mudou sua história por meio da escola. O interesse pela fotografia sempre existiu — uma das primeiras coisas que comprou quando chegou à Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré, foi uma câmera — mas foi na escola que a fotografia deixou de ser paixão para virar profissão.

— Sem dúvida, o mais marcante da escola foi a consciência política que adquiri, tanto com os professores, quanto com os companheiros de turma. A parte técnica é interessante e necessária, mas o sentimento de coletividade marcou muito mais — conta ele, que já participou como fotógrafo de livros e revistas e hoje é um dos profissionais que trabalham no Observatório de Favelas.



A história dos dois não é muito diferente dos outros 22 alunos formados na primeira turma da Escola de Fotógrafos Populares, que iniciou suas atividades em maio de 2004, com aulas diárias, realizadas todas as manhãs, na Casa de Cultura da Maré. No primeiro ano, foram quatro meses de curso intensivo, totalizando 320 horas voltadas para a formação em documentação fotográfica, edição, escaneamento e arquivamento digital. Alguns trabalham na própria Maré, na Vila Olímpica ou no Observatório de Favelas, por exemplo, outros em instituições como a Petrobras ou a Ceasm e ganham a vida com a fotografia.

Todos eles são também contratados pela agência de fotografia Imagens do Povo, um dos muitos projetos do Observatório. O centro de documentação tem como objetivo registrar a realidade vivida nas periferias e favelas do Brasil. Pelo banco de imagens, os fotógrafos são chamados para diversos trabalhos, vendem suas fotos do banco de imagens da internet e ainda participam de projetos do Observatório de Favelas.

Foi através do Imagens do Povo, por exemplo, que Bira Carvalho, Ratão Diniz e Adriano Rodrigues foram convidados a expor fotografias que representassem o tema dos esportes na mostra Jogos Visuais, que esteve em cartaz na Caixa Cultural. Vinte e dois nomes foram escolhidos para fazer parte da seleção de trabalhos da exposição – três da Escola de Fotógrafos Populares.

O trabalho da escola é levado tão a sério, que pessoas de outros locais da cidade buscam o projeto — que ouvem falar no boca a boca, ou por outros profissionais já formados. Stefano Figalo, programador visual de 31 anos e morador de Santa Teresa, primeiro conheceu o trabalho do coordenador da Escola de Fotógrafos Populares, João Roberto Ripper, e só depois soube da escola.

— Tinha ouvido falar do projeto em 2004, numa conversa com uma amiga fotógrafa. Três anos depois lá estava eu conversando com o mestre Ripper sobre fotografia e ao mesmo tempo me candidatando a uma vaga de ouvinte no curso.
Aluno da turma que começou no mês passado, Stefano tem experimentado mais um aprendizado: o conhecimento do outro.

— O convívio com as pessoas da comunidade da Maré tem sido uma experiência totalmente diferente. Poder acompanhar o cotidiano dos moradores e trocar idéias é muito legal, para a profissão e para a vida. A busca pelo olhar crítico através da fotografia é o meu maior propósito com o curso, e acho que estou no lugar certo.

Alguém ainda tem alguma dúvida?

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Sessão da Tarde: "Resgate cultural"

Parte 1



Parte 2



Sobre este filme, disse Ariano Suassuna: "É um filme muito bom, muito belo, que inicia uma nova era do cinema nacional, que começou com Glauber Rocha, então, depois de muito tempo, vieram Os Trapalhões, e agora tem o pessoal da Telephone Colorido fazendo filmes belíssimos sobre a cultura popular."

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A ABTA, a Ancinav e os falsos defensores da liberdade de expressão


O Projeto de Lei 29/2007 propõe, entre outras medidas, a criação de uma cota de canais nacionais nos pacotes das operadoras de TV por assinatura e a obrigatoriedade de os canais estrangeiros dedicarem parte de sua programação à produção brasileira independente. É uma forma de fomentar a produção de audiovisual independente no Brasil que, evidentemente, tem adversários poderosos contra a sua implementação. Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) já lançou a sua campanha que em muito lembra a das Organizações Globo contra a classificação indicativa - a emissora preferiu usar a desinformação a criticar os pontos realmente polêmicos - e, como bem lembrou Leonardo Mecchi em artigo para a Revista Cinética, contra a criação da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), em 2004. Segue um pequeno recordatório daquela época: o primeiro passo foi a publicação de uma entrevista com Cacá Diegues no "Globo" acusando o projeto de ser autoritário, embora ele tivesse sido exaustivamente discutido pela classe cinematográfica. "Dirigismo cultural" foi a palavra de ordem. Em seguida, o jornal, numa aula de anti-jornalismo, repercutiu as acusações do diretor ouvindo apenas atores e novelistas da casa, baba-ovos de plantão e cineastas ligados à Globo Filmes (é curioso que esses artistas libertários jamais tenham reclamado, por exemplo, de algum diretor de marketing que os tenha obrigado a enfiar um mershandising sem pé nem cabeça em seus filmes, mas tenham achado um absurdo que o governo sugerisse que eles tratassem de temas ligados à cultura nacional nos mesmos). "É a volta da censura!", gritaram, embora ninguém que fosse a favor da criação da agência tivesse sido ouvido. Para dar embasamento intelectual ao "movimento", saiu do nada o antropólogo Roberto da Matta (uma espécie de Hermano Vianna que não deu certo) que, coincidentemente, foi contratado como colunista do jornal logo em seguida. O assunto virou pauta até do "Jornal Nacional", algo antes inimaginável. Arvorando-se defensora da liberdade de expressão, a emissora que foi a porta-voz da ditadura na verdade estava incomodada, principalmente, com uma coisa: uma lei que previa a taxação de seus lucros com publicidade. O projeto da Ancinav, que até tinha seus pontos questionáveis, foi para o limbo. A desinformação venceu.

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Sessão da Tarde: "Ilha das Flores"

Parte 1



Parte 2



Simplesmente o filme mais influente da história do audiovisual brasileiro - a ponto de o seu diretor, Jorge Furtado, hoje parecer uma cópia de si mesmo.

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Rap de alta-fidelidade


O rapper carioca João Xavi acaba de lançar na internet seu novo disco, "Alta-fidelidade". A proposta do trabalho, segundo ele, é fazer "um rap que foge dos padrões habituais, que arrisca o diálogo com a musicalidade brasileira e latina, trazendo temáticas positivas e novas abordagens nas letras". Nascido e criado em São João de Meriti, Xavi, que também é jornalista (colabora com os sites Rock Press e Overmundo), fotógrafo e historiador (é autor da tese "Da Tropicália ao Hip-Hop: Contracultura, repressão e alguns diálogos possíveis", disponível no site Bocada Forte) lançou seu primeiro disco, "Dias de luta, noites de amor", no ano passado. Dá para baixar "Ata-fidelidade" no link http://www.4shared.com/file/24290242/2eae1227/joao_xavi_-_alta_fidelidade.html ou pedir o CD pelo e-mail xjoaox@gmail.com.

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A jovem Jovem Guarda


Hoje tem Lafayette & os Tremendões no Teatro Odisséia (Rua Mem de Sá, 66, Lapa), a partir das 22h, com ingressos a R$ 15 (inteira) e R$ 10 (com flyer e/ou lista amiga). Releituras de sucessos da Jovem Guarda como devem ser releituras: reverentes, mas modernas.

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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Bonito lhe parece


Cai vertiginosamente o público nos cinemas do Brasil. Hoje, no "Globo", analistas do setor, preocupados, apontam os suspeitos de sempre: a concorrência com o DVD, a pirataria e o número insuficiente de salas no país - embora este número venha crescendo ano a ano. Ao mesmo tempo, o jornal elege os dez melhores filmes do ano. Entre eles estão "Borat" (foto) e "Hairspray", representando o chamado "cinema comercial", e "O passado", um dito "filme de arte". Será que não passa pelas cabeças destes especialistas que simplesmente o espectador pode ter cansado de ver porcaria?

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Uma canção ao cair da tarde: Noturno Op. 9 n° 2, de Chopin, por Arthur Rubinstein

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Nação do cinema


Ontem por volta da meia-noite, Vladimir Carvalho, 72 anos, entusiasmo e muito amor pelo que faz, entrou no Bar Getúlio, no Catete, para divulgar seu novo filme, "O engenho de Zé Lins" (leia aqui a crítica de Cléber Eduardo, da Revista Cinética). Pregou cartazes, escreveu de punho próprio o lembrete acima, filipetou e conversou com os freqüentadores. De lá seguiu para Botafogo e Copacabana.
"O engenho de Zé Lins" está em cartaz no Estação Barra Point 1 (às 15h e às 19h), no Espaço de Cinema 3 (às 15:40h, às 17:40h e às 21:40), no Estação Botafogo 2 (às 13:10h e às 18:30h) e no Estação Paço (às 13:30h e às 17:15h).

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Último dia!


A peça "Historiettes", inspirada em contos do escritor francês Guy de Maupassant, faz hoje, às 19h e 21h, suas últimas sessões no Teatro Ziembinski (Avenida Heitor Beltrão s/nº, Tijuca, telefone 2254-5399). Dirigido por Wilson Belém, o espetáculo é estrelado por Ana Paula Novellino e Carla Andrea.

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Chamando às falas

A Globo e "O Globo" viviam reclamando que o Lula não dava entrevistas. Mas bastou o presidente decidir abrir o verbo que a emissora recusou uma entrevista com ele. E mantendo a incoerência, o jornal lhe deu um espaço minúsculo hoje.

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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A TV pública e o Deus Mercado


É curioso este repúdio de jornalistas e de produtores de audiovisual à criação de TV Brasil, a emissora estatal. Afinal, ela representaria, no mínimo, a criação de novos empregos - e quem é da área sabe que a maré não está para peixe. Alguns argumentos usados pelos que são contrários à idéia - como o de que o governo a usaria para fazer autopropaganda - são por demais simplórios e foram rebatidos com bastante propriedade pelo jornalista Gabriel Priolli no site do Observatório da Imprensa (leia aqui). Há também os que argumentam que o governo deveria usar este dinheiro em coisas mais importantes, ou que a TV pública poderia virar mais um cabide de empregos. Bom, quanto ao primeiro, ele poderia ser aplicado a qualquer gasto público, dependendo do ponto de vista; ao segundo - uma preocupação justa, diga-se, levando-se em conta o histórico político do país -, a imprensa livre e independente e a TV comercial estão aí para fiscalizar e denunciar.
Mas há um que fala muito dos tempos de hoje, dito pelo jornalista, produtor cultural, escritor, compositor, bon vivant etc. Nelson Motta: "A TV pública nunca vai dar certo porque é a TV comercial que tem dinheiro para contratar os bons profissionais". Se o cara liga a TV aos domingos e fica feliz em escolher entre o Faustão e o Gugu, bom para ele. Também parece que a TV Brasil está contratando o Maurício de Sousa, e goste-se ou não da Turma da Mônica, não dá para dizer que o sujeito é um mau profissional - sem falar das pessoas que já faziam um ótimo trabalho na TVE. Porém, o que chama a atenção no depoimento de Motta é a cristalização de um tipo de pensamento que transformou em crime qualquer tipo de idealismo. Ou seja: por dinheiro, tudo bem; mas se você quiser fazer alguma coisa pensando no bem comum, é um candidato a ditador ou ladrão. Os que pensam assim acendem todas as suas velas para o Deus Mercado. E existem dois tipos de fiéis: os fanáticos, que certamente não se importariam de virar carta fora do baralho - como um morador de rua - caso assim o seu deus o decidisse, e os darwinistas. Estes, por coincidência, são quase todos bem-nascidos.

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Sessão da Tarde: "La natation par Jean Taris, champion de France"




Jean Vigo (1905-1934) não gostava muito deste curta, um documentário sobre Jean Taris, campeão francês de natação, feito por encomenda da Société Gaumont-Franco-Film-Aubert, em 1931. Sobre ele, o maior biógrafo do cineasta francês, o crítico Paulo Emílio Sales Gomes, escreveu: "É o único (filme de Vigo) que podemos situar, com o recuo do tempo, como uma obra de 'l'avant-garde', com tudo o que isso implica de limitador e murcho". A cópia também não é das melhores, e não há legendas em português. Ainda assim é um filme gracioso, no qual Vigo, além de brincar de surrealista, explora dois temas que lhes são muito caros: a água e o corpo humano. E são nove minutos das pouco mais de três horas que nos legou o diretor francês, morto aos 29 anos, poucos dias depois da pouco auspiciosa estréia comercial de sua obra-prima, "O Atalante".

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Dissimulação ou pirraça?


A "Veja" e a "Época" estão brigadas. A primeira chegou a dizer que a segunda está fazendo campanha contra a Rede Globo! (na certa acha que o leitor é um completo idiota e não sabe que a "Época" é da Editora Globo.) A gente sabe que as duas estão do mesmo lado do ringue, defendendo os mesmos interesses. Então, o que motivaria o arranca-rabo? A concorrência é uma coisa para lá de saudável neste ramo - embora tenha gente que não acredite - e fazer o leitor acreditar que há opiniões divergentes na grande imprensa seria uma boa idéia. Mas parece que não é nada disso, tratar-se-ia apenas de birra entre colunistas: um chama o outro de feio e o outro o chama de bobo. A imprensa brasileira está regredindo à primeira infância.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Uma canção ao cair da tarde: "Float on", The Floaters




Quatro negões mostrando pra rapaziada o que é ter classe.

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Coincidências


Já notaram que as mesmas pessoas que são radicalmente contra a regularização do aborto são as mesmas que defendem a diminuição da maioridade penal?

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Na contramão da História


A ONU aprovou ontem uma resolução pelo fim da pena de morte no mundo e o estado americano de Nova Jersey acaba de revogá-la. Enquanto isso, a "Veja" inicia uma campanha para que o Brasil a adote. Isso é que é timming.

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Sessão da Tarde: "Palíndromo"




Não adianta querer voltar atrás. O curta-metragem que revelou Philippe Barcinski, de "Não por acaso".

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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O Rio que querem esconder chega ao Sundance


Fellipe Gamarano Barbosa, diretor da obra-prima "Beijo de sal" (curta com Rogério Trindade, foto), foi selecionado, ao lado da roteirista Karen Sztajnberg, para o laboratório de roteiros do Sundance Film Institute - o mesmo por onde passaram "Casa de areia" e "Central do Brasil". "Quotas", o roteiro a ser desenvolvido, é centrado na decadente elite carioca e aborda temas como privilégios de classe, exploração sexual e racismo.

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Quem lê jornal sabe mais


Deu no blog Coleguinhas: a BBC encomendou às empresas GlobeScan (de pesquisa social) e Synovate (de marketing global) uma pesquisa sobre como leitores de diferentes países vêem a imprensa. Os brasileiros se mostraram os mais preocupados (80%) com a concentração da mídia em poucas mãos e quanto à qualidade das informações que lhe são dadas - tanto por empresas de comunicação públicas quanto privadas. A pesquisa completa pode ser lida aqui.

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Alguém aí falou em jabá?


O "Fantástico" de ontem terminou com o videoclipe de uma canção saudada por Glória Maria como "o hit do próximo verão". A afirmação não foi um mero exercício de clarividência da apresentadora: é um caso de carta marcada mesmo. A música era bem fraquinha, bem pouco estimulante, mas não tenha dúvida de que não vão desistir enquanto você não capitular. Não tem escapatória; aonde quer que você vá, será obrigado a ouvi-la: vão lhe azucrinar nos táxis, supermercados, nos programas de TV, nas rádios, lojas etc. É o que chamam de direito de escolha. Ou de democracia ou mercado, conforme a ocasião - ou o freguês.

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Sessão da Tarde: "Autoconhecimento"




Conheça Christian Caselli, o homem-cinema.

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Carta resposta a uma reportagem do "Globo"


Caríssimos companheiros do Campo da Saúde Mental,

todos tivemos o desgosto de ler a matéria publicada em "O GLOBO", no dia 9, intitulada "SEM HOSPÍCIOS MORREM MAIS DOENTES MENTAIS", título que, por si só, já revela integralmente a direção do texto, seus distorcidos e perversos argumentos, seus ardis e sua capacidade de deformação da opinião pública, além do atentado ao direito mais básico da população à informação. (Lembra-me um dos maiores banners do último congresso da ABP, de Porto Alegre, que dizia: "LOUCURA É FECHAR LEITOS PSIQUIÁTRICOS"!)

Penso que é chegada a hora de reunirmos novamente TODAS as nossas forças, nossas armas, nossos recursos, somá-los, articulá-los de modo inteligente e eficaz, colocá-los em ação, a fim de dar uma resposta contundente à onda de ataques reacionários, bem orquestrados, associados ao poder da mídia impressa, dos empresários da doença mental e da indústria de psicofármacos, do capitalismo mais selvagem e conservador, enfim, ataques que vem sendo desferidos contra o movimento democrático, construído coletivamente, legítimo, portanto, que há mais de vinte anos vem mudando a realidade brasileira, fundada estrutural e historicamente na lógica da exclusão (generelizada, e particularizada, no caso em foco, nos doentais mentais que, confinados em hospícios financiados pelo dinheiro público para "viverem" em condições sub-humanas, ficam excluídos de qualquer forma digna de laço social), promovendo, a duras penas, um considerável, significativo e reconhecido internacionalmente nível de inclusão e dignificação da vida de milhões de portadores de doença mental no Brasil.

Os descontentes com essas saudáveis mudanças são poderosos, e a matéria em questão é só mais um de seus instrumentos, entre vários outros. São caçadores de dinheiro, são indivíduos que se comprazem com o "saneamento" da sociedade pelo afastamento radical dos que a incomodam com sua loucura e com outras formas de dissonância em relação ao diapasão hegemônico-dominante. Tudo isso faz parte também de um movimento mais amplo de ataque dos setores mais reacionários da "sociedade" brasileira (setores nada sociais) ao governo Lula e suas políticas de inclusão, políticas que fazem deste governo o que mais fez em toda a História do Brasil para reduzir as escandalosas taxas de exclusão da população, seja pela miséria e pela fome, seja pela total falta de instrução e de saber, seja pelo sofrimento mental grave e persistente. As políticas públicas de saúde mental no Brasil são muito anteriores ao governo Lula, ao Lula como presidente e chefe de governo, mas são inspiradas no mesmo caldo político que o elegeu. Não é à toa que essas políticas públicas estão sendo atacadas vioentamente pelos adeptos do "cansei", que querem de volta seus espúrios privilégios, em detrimento dos indiscutíveis avanços sociais promovidos por essas políticas.

Sem hospícios os doentes mentais morrem mais? Sem hospícios, os doentes mentais têm a possibilidade de viver e de morrer como todo ser humano, pois eles voltam à vida humana e social, saem da condição de mortos-vivos, zumbis que o hospício lhe garantia.

Temos que reunirmo-nos, para além de diferenças que, diante desses adversários economica e politicamente poderosos, tornam-se muito pequenas (diferenças de modos de gestão, de concepções que dividem movimentos de luta e políticas públicas, que separam paredes de instituições universitárias, de saúde pública ou de entidades do terceiro setor). Tudo isso deve ser colocado de lado neste momento, em função de um objetivo político maior, que é de todos nós, que, se exercemos essas diferenças é porque somos mais democráticos que nossos opositores, sempre mais unidos porque totalitários em seu próprio ser e modo de pensar. Mas tem hora que essas diferenças, democraticamente produzidas entre nós, têm que dar lugar à união de forças, sob pena de colocarmos em risco o que construímos e o próprio campo em que, em tempos mais consolidados, exercemos nossas discordâncias.

Faço um apelo a essa união, para que, juntos, possamos pensar melhor, agir melhor, mais eficazmente, mais poderosamente. Quem sabe promovemos uma grande reunião, uma grande assembléia dos trabalhadores de saúde mental, chamamos familiares e usuários que, em sua ampla maioria, apóiam a rede justamente porque se saberm infinitamente melhor tratadas, chamamos a imprensa, a séria e a bandida, enfim, todos os que precisam se unir.

Além disso, é preciso enchermos as caixas de cartas e mensagens de jornalistas, jornais, agentes de informação e de formação de opinião, para que a devastação deste tipo de imprensa poderosa, tendenciosa e mal intencionada seja, senão neutralizada, pelo menos minimizada, na política da redução de danos.

Um grande abraço,
Luciano Elia

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Flamengo até morrer de cirrose


Por Arnaldo Branco

Queria ter visto ontem "Irina Palm", o filme sobre uma velhinha (Cristo, a Marianne Faithfull) que masturba homens e mulheres por dinheiro, só porque já tinha um título pronto para a crítica: "Tocante" - mas o editor Zé José me convenceu a ver "O Engenho de Zé Lins" com um argumento definitivo: "toca o Hino do Flamengo três vezes". Mesmo sabendo que corria o risco de arrumar briga por me sentir tentado a levantar na poltrona com a mão espalmada no peito durante as execuções, fui assistir.
Apesar da enviada especial da Globo ao tapete vermelho do Festival afirmar categoricamente que documentário não é cinema (o que me fez pensar: pornô sem história é realmente pornô?), abri os trabalhos com essa sensacional produção de Vladimir Carvalho sobre José Lins do Rego, escritor associado aos canaviais, ao Flamengo e a questões de vestibular - maneira que nossos pedagogos inventaram para matar qualquer curiosidade dos jovens a respeito de autores de interesse.
Vladimir vai ao Engenho de Itapuá mostrar que o cenário fundamental do corpo da obra do escritor - que descrevia um mundo em decadência - já está em estágio de fossilização. Seu encontro com o ator Sávio Rolim, que fez o papel título em "Menino de engenho" de Walter Lima Jr. e agora em estado de demência, ajuda a sublinhar a idéia. O depoimento de Ariano Suassuna (que tem um momento de digressão genial sobre um cachorro que invadiu o palco de uma encenação de "Antígona") faz um paralelo entre o esquecimento do Engenho e a subvalorização da obra de Zé Lins pela crítica.
Os depoimentos, aliás, dão grande força ao documentário - além de Suassuna, familiares, Carlos Heitor Cony, Rachel de Queiróz - o poeta Thiago de Melo dá um testemunho extenso e detalhado sobre a agonia dos últimos dias de seu amigo; mas o que poderia ser um relato digno de uma tia velha em uma festa familiar entediante é temperado com espisódios de pura graça, como o do trote que o escritor o obrigou a passar em uma senhora.
Aliás, o tom do filme reflete o que dizem os entrevistados sobre a personalidade de José Lins do Rego - ora melancólico, ora esfuziante, como a parte sobre o fanatismo pelo Flamengo com cenas de arquivo do time em ação embaladas pelo Hino Sagrado. Resisti a levantar, mas cantei junto.
A sessão seguinte no Odeon seria a do filme "Nome próprio", baseado em livro de Clarah Averbuck, menina de nenhum engenho. Me fale sobre um mundo em decadência...

Texto publicado originalmente no dia 22 de setembro, durante a cobertura do Festival do Rio 2007.

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Rara especiaria mexicana na cinemateca do MAM



Hoje, às 18:30h, na Cinemateca do MAM, o cineclube Sala Escura realizará a sua última sessão de 2007 exibindo um filme de grande importância e infelizmente até hoje inédito no Brasil: "Los caifanes" (de José Ibáñez, México, 1967, foto). No final dos anos 60, a outrora poderosa e popular indústria cinematográfica mexicana encontrava-se em franca decadência. O sucesso de público e o reconhecimento crítico da chamada "Época de ouro" (anos 30 e 40) tinham definitivamente ficado para trás. Se a eficácia e a sedução das fórmulas do cinema de gênero já estavam gastas não só no México como também no mundo inteiro, o cinema mexicano, ao contrário de outras cinematografias do período, ainda não tinha visto eclodir um movimento de renovação. O que se convencionou chamar de Nuevo Cine Mexicano, diferentemente dos demais cinemas novos latino-americanos, nasceu de dentro da indústria e só surgiu por causa da indústria. Os dois sindicatos cinematográficos então em vigor no México, o STPC e o STIC, realizaram em 1965 o Primeiro Concurso de Cinema Experimental. Por meio desse concurso (continuado em 1967), jovens realizadores conseguiram chegar ao longa-metragem e assim oxigenar a velha estrutura do cinema mexicano. José Ibáñez e seu filme "Los Caifanes", estão inseridos nesse contexto. Considerado como um dos mais significativos filmes do Nuevo Cine Mexicano, "Los caifanes" não nos propõe uma trama e sim uma aproximação entre os seus personagens e suas perambulações. Um casal da classe alta, Jayme e Paloma, se encontram após uma festa aristocrática com um grupo de "marginais". Esses os conduzem por um passeio pela noite das periferias da Cidade do México, revelando-lhes um mundo desconhecido. A câmera de Ibánez, em sintonia com o que chamamos de cinema moderno, simplesmente registra os acontecimentos sem necessariamente encadear relações de causa e efeito. Co-roteirizado pelo escritor Carlos Fuentes, "Los caifanes", é uma grande raridade que merece ser vista.

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Cascata


Caiu a CPMF, que beleza. Era um imposto em cascata, dizem; o PSDB e o DEM, que o derrubaram, garantem que o fizeram para defender os interesses do povão e que agora o preço do feijão vai baixar. A gente olha para a cara do Arthur Virgilio e a do José Agripino, bota o sorvete na testa e acredita.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Festa estranha com gente esquisita


Para variar, vão transformar em carnaval os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. O de sempre: uns poucos vão encher a burra de dinheiro às nossas custas e o espaço para críticas e/ou reflexões será nulo - quem for contra vai ser chamado de espírito de porco, é claro. Mas como o espírito da Zé Pereira é chamar as pessoas às falas, a estamos republicando um artigo do cineasta Terêncio Porto (no canto de cima, à esquerda), com um ponto de vista bem diferente do oficial, que saiu originalmente na revista número 2. A ilustração é de André Dahmer.

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Festa da Cavídeo na L.A.P.A.


Por Estevão Garcia

Amanhã, a partir das 18h, a locadora Cavídeo comemora os seus 10 anos de existência na Lapa. Como todos sabem, o Cavi não é só o dono dessa importante videoteca, mas também produtor, cineasta, cineclubista e animador cultural. Portanto, a celebração do sucesso da Cavídeo também é, por extensão, a celebração do reconhecimento de suas produções audiovisuais. Através do telão que será instalado nos Arcos da Lapa, serão exibidos os curtas "Cinco minutos" e "Pretinho Babylon" e dois longas produzidos pela Cavídeo que estrearão no circuito comercial em março de 2008. O primeiro longa é o "Pretérito perfeito" (de Gustavo Pizzi), documentário que conta a história do bordel A Casa Rosa, um dos prostíbulos mais famosos e freqüentados da História do Rio de Janeiro. O segundo é "L.A.P.A." (de Cavi Borges e Emílio Domingos). Exibido no última Mostra do Filme Etnográfico, o documentário, integralmente ambientado na Lapa, enfoca a cultura hip hop carioca e a relação dos MCs com o bairro. Os MCs retratados no filme vão comandar o som da festa antes das projeções. Para quem quiser continuar a noite ao som dos MCs, logo depois da projeção de "L.A.P.A." acontecerá no Circo Voador a grande final da Liga dos MCs.
Confira os horários da programação abaixo:

18h: Festa ao som de DJs e MCs
20h: Exibição dos curtas "Sete minutos" e "Pretinho Babylon"
20:30h: Exibição do longa "Pretérito perfeito"
22h: Exibição do longa "L.A.P.A."
23h: Final da Liga dos MCs no Circo Voador (ingressos R$ 24 e R$ 12, meia)

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

E ainda tem a vista


Por Anna Azevedo

Na abertura do VI Araribóia Cine, em 23 de novembro, o secretário de Cultura de Niterói, André Diniz, anunciou que a prefeitura da cidade estuda o lançamento, em 2008, de um edital de apoio à produção cinematográfica.
"Puxa, finalmente" – pensei, cá com os meus botões niteroienses.

Niterói abriga aquela que durante décadas foi a única faculdade de cinema do Estado do Rio, e uma das raras do País, no Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, o Iacs, na rua Lara Vilela, no Ingá.

O curso de cinema da UFF, que ganhou fama por ter, em seus quadros, Nelson Pereira dos Santos, diretor de clássicos como "Rio, Zona Norte" e "O amuleto de Ogum" é celeiro por excelência de profissionais que fazem e pensam a sétima arte. Basta lembrar que a revista "ContraCampo" é projeto de ex-alunos da faculdade de cinema de Niterói.

A cidade, cinematográfica que só, poucas vezes é cenário de filmes. "A lira do delírio" (1978), de Walter Lima Jr., é exceção. Vez por outra a TV e o cinema utilizam a Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba, como set isolado, como em "Gregório de Mattos" (2003), de Ana Carolina. E só!

Niterói ainda ganhou um conjunto de obras assinadas por Oscar Niemeyer e que se descortina para a Baía de Guanabara revelando ângulos inusitados e que levam ao êxtase diretores de fotografia em visita. Tem as praias oceânicas, os morros, as pedras, o Parque da Cidade (a vista mais bela da Guanabara), os bairros antigos, os botecos pés sujos de verdade, cada vez mais raros no Rio, as quitandas, as residências com ar de subúrbio antigo, o casario histórico, a sua faceta moderna em Icaraí, as mansões, as favelas, gente legal pelas ruas, mulheres lindas batendo perna na Moreira César, rapazes idem, as barcas, as colônias de pesca, o porto, o mercado de peixe, histórias e mais histórias, enfim, tá tudo ali, com menos burocracia das metrópoles e mais facilidade para se planejar e executar uma produção – espero eu! E a 13 quilômetros do Centro do Rio ou a sete minutos de aerobarco.
Mas mesmo assim, nada é filmado lá.

A não ser películas publicitárias que deitam e rolam com as possibilidades visuais do Museu de Arte Moderna (MAC), o disco voador pairado sob a Praia de Boa Viagem, assinado por Niemeyer.

Mesmo nos três governos de Jorge Roberto Silveira, o prefeito cinéfilo, ex-crítico de cinema, o político que ousou exibir "Napoleon", de Abel Gance, em tela tríplitica, com a Orquestra Sinfônica da UFF, no Ginásio do Caio Martins, nada foi feito em torno do tema: transformar Niterói num pólo de produção cinematográfica.

Se Ribeirão Preto, no interior paulista, agora também tem a sua Film Comission, por que Niterói não teria? Grana por grana, a indústria naval está injetando uns bons reais em Niterói, uma das cidades de maior poder aquisitivo e qualidade de vida do Brasil.

Em números: Niterói ocupa o 12º lugar entre as cem melhores cidades brasileiras para negócios. No setor de petróleo, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), 70% do parque instalado fluminense têm endereço na terra de Araribóia, desde empresas offshore a estaleiros. É o quarto PIB do Estado. Com esses indicadores, se não uma Film Comission, pelo menos o incentivo à produção audiovisual local...

E está aí o espanto maior: Niterói tem a Faculdade de Cinema da UFF. Todo ano, curtas são produzidos a duras penas pelos alunos que, sem grana, acabam fazendo de suas casa, de seus bairros, do jardim de seus vizinhos, os cenários de seus filmes para tudo ficar mais fácil, mais barato, mais simples. Como a maioria mora no Rio, os filmes da faculdade de Niterói acabam apresentando o Rio como cenário e rodam o País vendendo a imagem carioca. E não venham me dizer que o cinema não é um dos curingas da cadeia de turismo...

Isso me recorda o I Festival de Cinema de Belém, no Pará, em 2004. Não houve cineasta que, durante a estada na cidade, não tivesse tido vontade de filmar lá. Inclusive eu. Não se falava em outra coisa durante o festival inteiro: era um tal de diretor dizendo que teve uma idéia de um filme assim, outro assado, tudo filmado lá, na cidade das mangueiras e das pracinhas com seus coretos moldados na França, seu casario art-nouveau preservado, o Ver-o-peso, o Porto, o Parque Goeldi, o Círio de Nazaré etc etc etc.

Sendo assim, sempre me perguntei o porquê de a Prefeitura de Niterói não apoiar os filmes produzidos pelos alunos da UFF e outros, o que ajudaria – e como - a divulgar a cidade. Por que nunca se pensou num edital de apoio ao cinema numa cidade tão cinematográfica, com cenários prontinhos? Desta forma, películas poderiam ser filmadas parte, ou integralmente, na cidade, levando o nome de Niterói em seus créditos e a imagem da cidade na tela.

"Conceição", primeiro longa-metragem dos alunos da Federal Fluminense, rodou anos e anos em busca de apoio à finalização e nada! Na milésima tentativa junto à Riofilme, eis que a fita é lançada e teve boa repercussão na mídia. A Prefeitura de Niterói comeu mosca, pois todo mundo sabia que os "meninos" da UFF buscavam patrocínio para finalizar "Conceição", filmado em Niterói.

E educação e cultura, até onde se divulga, são pilares da Prefeitura de Niterói não é de hoje.

Finalmente chegamos ao fim de 2007 com o lançamento do selo Niterói Filmes, seja lá o que isto significa. E parece, vejam bem, "parece", segundo o secretário de Cultura, que vem aí um edital para documentários nos próximos meses.

Espero que o atual secretário de Cultura de Niterói não faça igual ao Ricardo Macieira, secretário das Culturas do Rio, que costuma subir ao palco do Festival do Rio para anunciar mundos e fundos jamais cumpridos. Entre eles, a volta do edital de curtas da Riofilme, que virou algo bissexto, trissexto, polissexto... sai quando dá na veneta do Prefeito. Uma pena!

Enquanto muitos estados possuem editais de apoio ao audiovisual, o Rio, a capital do cinema brasileiro, está a mingua. Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, só pra citar alguns, estão aí, produzindo, produzindo com apoio dos editais públicos.

Tô achando que vai ter cineasta se mudando para o lado de lá (no meu caso, mais de cá do que de lá) da Baía de Guanabara no ano que vem...

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Sessão da Tarde: "Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua última quimera, somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável"

Parte 1



Parte 2



Mas pode chamar de "Di".

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Ah, o Baixinho...


Romário representa o pior da chamada carioquice. É arrogante, individualista - chegou a tomar para si todas as glórias pela conquista da Copa de 94 -, marrento, metido a engraçado, o malandro ixperrrto - e, ainda por cima, filiado ao PP!!! Fora isso é só um mané qualquer que sabia jogar bola - e, portanto, ninguém deveria dar a menor pelota para o que ele faz fora dos campos de futebol. Mas basta ele soltar qualquer piada sem graça, qualquer frase de efeito patética - quem é ele para falar mal de Pelé e de Zico? - para boa parte da imprensa esportiva revirar os olhinhos e suspirar: "Ah, o Baixinho...". O Baixinho tudo pode, não cansam de dizer. Agora ele é flagrado num antidoping e, mimado que é, reclama foro privilegiado - e o seu séquito de bajuladores faz coro nos jornais, rádios e TVs. Na vera, por ter feito uso da tal substância conscientemente, sua pena deveria dobrar automaticamente. Mas ele tem a certeza da impunidade e ainda aproveita a ocasião para soltar mais gracinhas. Quer ter seu ego afagado pelo reportariado. E tome mais manifestações de baba-ovismo de dar nojo. Na boa: parece até que algum agrado o sujeito faz nesses caras - seja no bolso ou na próstata.

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Natividade agalopada


Vai ser inaugurada hoje à noite, no no Forte de Copacabana, a exposição Presépio Brasileiro, do professor de História e Filosofia e artista plástico José Áureo Vilhena. A programação começa às 19h, com Alfredo Campos Figueiredo e Jaime Pontes da Silva fazendo duo de violão; em seguida, Luiz Santos toca sua viola caipira e Grupo Contos do Rio, o Palhaço Jujuba e Ana Nogueira se apresentam. Áureo é professor aposentado do Estado e foi responsável por mais de 10 anos pelo Grupo Imagem de Teatro, do Colégio Estadual Visconde de Cairú, no Méier, que revelou nomes como Márcio Libar.
Inspirado no poema "Morte e vida severina", de João Cabral de Melo Neto, o Presépio Brasileiro leva elementos da cultura popular brasileira à representação da Natividade. São 20 bonecos em tamanho natural.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Simião Martiniano entra na dança



Por Eduardo Souza Lima

RECIFE. Num espetacular furo de reportagem, a Zé Pereira conseguiu uma entrevista exclusiva com o nosso maior cineasta naïf, Simião Martiniano, no último dia 4, no Camelódromo da Dantas Barreto, na qual ele fala de seu novo filme, o musical "O show variado". Alagoano de União dos Palmares radicado em Pernambuco (atualmente ele mora em Socorro, Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife), diretor de nove filmes, incluindo os clássicos "O herói Trancado" (1982), "O vagabundo faixa-preta" (1994) e "A moça e o rapaz valente (1999)", autodidata, Simião começou sua carreira em 1979 com "Traição no sertão", rodado em Super-8. Os demais filmes foram feitos em VHS, à exceção de seu último longa-metragem, "A valize foi trocada" (foto menor, 2007), uma superprodução para os seus padrões, gravado em sistema digital.
À frente do Grupo Cine Teatro Clênio Wanderley, ele roteiriza, produz, dirige e não raro atua em seus filmes - e também em filmes de outros diretores, como "Conceição" (2000), de Heitor Dhalia ("Nina" e "O cheiro do ralo") e o genial "O homem da mata" (2004), de Antonio Luiz Carrilho de Souza Leão. Como artista independente que é, não ganha a vida com sua arte, mas vendendo discos de vinil antigos e DVDs de seus filmes na sua banca - aliás, ele aproveitou a deixa para cobrar a ajuda prometida pelo ator e presidente da Riofilme José Wilker durante o Festival do Rio 2003, no qual foi homenageado.
Sua história foi contada no curta "Simião Martiniano - O camelô do cinema" (1998), de Clara Angélica e Hilton Lacerda - o melhor roteirista do Brasil®. "O show variado" tem dança e caratê, está em fase de ensaios e deve começar a ser rodado no mês que vem. Assista abaixo à entrevista.


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domingo, 9 de dezembro de 2007

Lendas brasileiras I


12:15 A Turma do Didi
12:50 Conexão Xuxa
13:45 Estação Globo
15:08 Globo Notícia
15:12 Temperatura Máxima: "High school musical 2"
17:05 Domingão do Faustão
20:30 Fantástico
23:00 Domingo Maior: "Steal - Fuga alucinada"

A TV brasileira é a melhor do mundo.

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sábado, 8 de dezembro de 2007

Sessão da Tarde: "Superstição"




Pereio leva sua família para um passeio pelo litoral Santista. Um filme com gente como a gente de Allan Sieber.

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Bate-papo com Alejandro Jodorowsky


Por Estevão Garcia

A Revista Zé Pereira chamou Alejandro Jodorowsky para um breve bate-papo, já que o homem estava bastante atarefado e cheio de compromissos por aqui. A conversa não foi num botequim, uma vez que Jodo (como ele é assim conhecido)já não desfruta mais do prazer de beber, e sim no quarto de seu hotel. Jodo na entrevista que segue aí abaixo nos conta um pouco de sua arte.

Zé Pereira: Como foi a criação do Movimento Pânico?
Alejandro Jodorowsky: Foi um fruto da minha união com o desenhista Roland Topor e o dramaturgo Fernando Arrabal. Nós três tínhamos o mesmo cansaço do surrealismo. Porque o surrealismo, que era o último grande movimento artístico, estava naquela ocasião meio que fora de rumo. Os princípios originais já não eram os mesmos. O grupo surrealista se tornou trotskysta. André Breton tinha se transformado numa espécie de papa que anunciava o que aprovava e o que não gostava.

Zé Pereira: E todos os surrealistas "oficiais" tinham que segui-lo, não?
Alejandro Jodorowsky: Sim, e na verdade ele mais não gostava do que gostava. Breton não gostava de nada. Breton não gostava de ficção científica, não gostava de rock and roll, não gostava de pintura abstrata, não gostava de arte publicitária, não gostava de pornografia. Não gostava nada de cultura pop. Imagino que ele também detestava quadrinhos.

Zé Pereira: Então poderíamos dizer que o Movimento Pânico seria uma espécie de atualização do surrealismo? Uma leitura do surrealismo dentro do contexto dos anos 60?
Alejandro Jodorowsy: O que nós queríamos era buscar algo novo. Fazer um movimento que não fosse um movimento. Criar um movimento que não existe. Resolvemos chamá-lo de pânico, mas, de fato, ele nunca existiu.

Zé Pereira: Seria um anti-movimento artístico?
Alejandro Jodorowsky: Sim. Em tudo o que a gente fazia, a gente colocava a palavra "pânico". Pânico não no sentido de susto e sim oriundo do Deus Pan. Assim, eu sou pânico, ele é pânico, o outro é pânico, havia fábulas pânicas, espetáculos pânicos, atitudes pânicas. E isso ficou. Mas não éramos iguais em nada, éramos diferentes. Foi como uma espécie de falso movimento, e fizemos para provar que a cultura é idiota. Agora, na Itália, saiu um enorme livro sobre o pânico, e o aceitaram e o catalogaram como um movimento, quando na realidade, ele nunca foi.

Zé Pereira: Mas, o Pânico tinha alguns princípios, né?
Alejandro Jodorowsky: Os nossos princípios essenciais eram o humor, a confusão, a dualidade dos extremos, como o bem e o mal, os extremos, a festa...

Zé Pereira: Fale um pouco sobre a relação entre o seu processo de criação no cinema e nos quadrinhos.
Alejandro Jodorowsy: Na verdade, são duas linguagens bem diferentes. Mas, pode acontecer que as idéias que estão sendo trabalhadas por mim em um dado momento, apareçam nas duas atividades. Por exemplo, na época em que eu estava filmando "Santa sangre", elaborei um quadrinho que se chamava "Juan Sozinho". Infelizmente os direitos dessa HQ estão hoje nas mãos dos americanos.

Zé Pereira: E o que essa HQ contava?
Alejandro Jodorowsky: Era sobre um menino que nasceu no meio do lixo. Todos o rechaçavam porque ele era um garoto estranho, ele tinha um enorme rabo. Juan Sozinho, como diz o nome, não tinha ninguém, era um ser isolado que para vencer em seu contexto teria que lutar em dobro. Assim, de pivete na infância, ele se transformou em um poderoso gângster na adolescência. Ele passou a fazer milagres e todos começaram a chamá-lo de santo. Juan Sozinho era um gângster que fazia milagres, um criminoso santo.

Zé Pereira: Até há pouco tempo você era mais conhecido no Brasil por seu trabalho nos quadrinhos. Os seus filmes só se tornaram mais acessíveis agora, graças à internet. Nenhum deles foi exibido aqui comercialmente. Mas, além de quadrinista e cineasta, você também é escritor de romances e poeta. Apenas um romance seu foi publicado no Brasil ("Quando Tereza brigou com Deus") e ainda nada de sua produção poética chegou até nós.
Alejandro Jodorowsky: Pois é, a poesia é um gênero pouco popular no mundo todo. Se você consegue vender 300 exemplares de um livro de poesia, ele já pode ser considerado um best seller. Os quadrinhos não, são o extremo oposto. De uma só vez, é possível vender centenas de HQs. O que eu faço para a minha poesia ser um pouco mais lida, é colocá-la de alguma forma escondida no meio dos meus quadrinhos. Sempre invento algum jeito de meter poesia neles.

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Filmes do Nelson no Odeon



A partir de amanhã até segunda, dia 10, o Cine Odeon sempre às 21h, promoverá um pequeno ciclo Nelson Pereira dos Santos. Serão exibidos cinco longas e um curta-metragem que acabaram de ser restaurados. Entre os longas estão "Mandacaru vermelho" (1962), "El Justicero" (1967) e o muito pouco visto "Quem é Beta?" (1972, foto). O curta é o raro "Missa do galo" (1982), baseado no conto homônimo de Machado de Assis.

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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Os renegados de Jodorowsky


Por Estevão Garcia

Geralmente resulta ser irrelevante perguntar para um cineasta qual de seus filmes ele mais gosta e qual ele menos aprecia. Quase sempre nem é preciso perguntar. Jodorowsky por exemplo, nunca disse abertamente que odeia "Tusk" (França, 1980) e "O ladrão do arco-íris" (Inglaterra, 1990), mas afirma para quem quiser ouvir que não os considera como filmes seus. "Tusk" e "O ladrão do arco-íris" não são filmes autorais e, sim, projetos encomendados. Há uma indiferença e um rechaço em relação a esses dois filmes, que mesmo disfarçado, aflora nitidamente quando o diretor fala sobre a sua trajetória cinematográfica. Quem esteve no CCBB há alguns dias atrás para assistir à palestra de Jodorowsky sobre cinema, pode confirmar.

Jodo optou por falar de seus filmes um a um e, curiosamente, não começou pelo primeiro e, sim, pelo último. "O ladrão do arco-íris" mereceu ser o primeiro filme a ser comentado não porque o diretor o julga importante como obra ou como peça significativa dentro de sua filmografia e, sim, porque ele está inserido em um modo de produção que Jodo repudia. A experiência de filmar "O ladrão do arco-íris" foi valiosa porque, segundo Jodorowsky, o fez aprender de uma vez por todas que "no cinema industrial, a figura do diretor não vale nada". O que importa na indústria cinematográfica são as stars, porque são elas que arrecadam milhões. O cineasta deixou claro que trabalhou nesse filme sendo constantemente vigiado. Para modificar uma vírgula do roteiro ou para qualquer pequena alteração na mise-en-scène, era necessário pedir autorização ao produtor. Tão constrangedor quanto essa falta de liberdade de criação era o ego dos atores. Jodorowsky contou histórias onde a vaidade e a arrogância de astros como Omar Sharif eram tão imensas que mal caberiam em um elevador de hospital.

A leitura que esse relato nos sugere é que para o autor é melhor ficar sem filmar do que filmar dentro desse sistema de produção. Isso explica porque entre "La Montaña sagrada" e "Tusk" existe um intervalo de sete anos. Depois do relativo sucesso de "La Montaña Sagrada" no circuito underground europeu e norte-americano, o produtor Alan Klein lhe propõe a realização de um filme erótico. No inicio dos anos 70, houve uma significativa abertura para a exploração do erotismo, tanto no cinema comercial quanto no chamado "cinema de arte". O cinema erótico proliferou em diversas cinematografias e qualquer filme que de certo modo com ele flertava, era sinônimo de lucro garantido. Jodo, mesmo fazendo um cinema que se relaciona profundamente com o corpo e com a sexualidade, como podemos constatar claramente em "El Topo" e "La Montaña Sagrada", preferiu não entrar na jogada. Ele queria fazer um filme místico e não um filme erótico. O que ele poderia ter feito se tivesse aceitado o convite de Klein, era através do molde do gênero erótico acrescentar elementos pessoais. Poderia, como muitos autores que foram contratados pela indústria para fazer filmes de gênero, transgredir sutilmente os seus códigos e fórmulas. Um filme erótico-místico poderia ter surgido dali. Mas, Jodo preferiu não negociar.

Jodo bateu pé e só voltou para atrás das câmeras com "Tusk", sem dúvida o seu pior filme. Se "Tusk" e "O ladrão do arco-íris" são os filmes renegados de Jodorowsky, o primeiro, dentro desta categoria, consegue se sobressair. "Tusk" é o renegado dentro dos renegados. Esse filme é tão desconsiderado por Jodorowsy, que ele nem ao menos foi citado. Jodo, na sua palestra filme a filme, simplesmente o ignorou. Nem para servir de pretexto para falar mal da indústria "Tusk" serviu. Realmente, se em "O ladrão do arco-íris" podemos ver um Jodorowsky amestrado, algemado e contido, em "Tusk" não conseguimos detectar sequer algum traço do autor. Minto, forçando muito a barra, podemos dizer que há algo do universo jodorowskyano ali. Mas, sem forçar, a única coisa que a gente encontra dele em "Tusk" é seu nome nos créditos finais.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

É hoje o Show do Gongo






A festa mais aguardada da programação do 15º Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, o Show do Gongo, acontece hoje à noite, no Cine Palácio, a partir das 21h. Clássico entre as diversas edições do festival, o Show do Gongo é a oportunidade que os videomakers amadores têm de exibirem seus curtas-metragens na tela grande, diante de uma platéia ávida por julgar as produções. Parecido com o antigo show de calouros do Silvio Santos e com o célebre Cassino do Chacrinha, os curtas se assumem como cantores, desafinados ou não, que dão a sua cara à tapa e que não temem ganhar um troféu abacaxi. Comandada pela atriz Marisa Orth(foto), que gonga os filmes reprovados pelo público, a festa contará ainda com um júri especial que, pela primeira vez, será um quarteto: Mel Lisboa, Zezé Barbosa, Ciro Barcelos e Thiago Mendonça. Os interessados podem inscrever seus vídeos no local. Serão exibidos, no máximo, 24 vídeos. Ao término da exibição dos curtas, o curador da mostra André Fischer assumirá a discotecagem da festa.

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Aguiar em Berlim


O ilustrador e quadrinista curitibano José Aguiar está de malas prontas para a Europa. Aguiar, que publica por lá a série “Ernie Adams” (acima), ganhou uma bolsa de estudos do Instituto Goethe e vai passar o mês janeiro em Berlim, para fazer uma série de desenhos sobre a cidade, que vão virar livro e exposição. De lá ele dá um pulinho em Paris e vai participar do Festival de Angoulême, na França, o mais importante evento de quadrinhos do mundo. Aguiar também é colaborador do Zé Pereira. É o autor da ilustração do Urubucamelô desta página e fez uma HQ do anti-herói carioca, em parceria com Fernando Gerheim, que será publicada na revista número 4. Conheça mais do trabalho do artista em seu site.

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Sessão da Tarde: "A menina do algodão"




Nos anos 70, uma garotinha aterrorizou meninos e meninas nas escolas do Recife. Agora ela voltou. Um filme de Kleber Mendonça Filho e Daniel Bandeira.

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sábado, 1 de dezembro de 2007

A casa de bambas e os piores cegos


O Ponto Cine de Guadalupe, o cinema mais bacana da cidade e um dos empreendimentos culturais mais bem-sucedidos dos últimos anos, faz programa duplo com "Cartola" e "Noel, o poeta da Vila", filmes sobre dois gênios da cultura popular carioca, duas modestas produções que tiveram desempenho além do esperado nas bilheterias. Dia desses, a Globo exibiu "Mais uma vez amor" - filme dito popular e comercial da Globo Filmes, que foi mal nos cinemas – escondido numa madrugada qualquer. Enquanto isso, parace até piada, produtores e diretores vão se reunir em Paraty para discutir a crise do cinema brasileiro – cuja participação no mercado caiu de 22% para 9% de 2003 para cá. Será que vão querer ouvir a opinião do Adailton Medeiros, criador do Ponto Cine, ou cair na lábia dos sabichões do mercado de sempre?

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A estratégia de Goebbels


Em tempos em que querem nos fazer acreditar que hoje há menos liberdade do que na época da ditadura militar, é fundamental assistir a "Memória e História em utopia e barbárie" (2005), documentário de Silvio Tendler que passa hoje, à 1h, no Cadernos de Cinema, na TVE.

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Vladimir por Walter


O Canal Brasil exibe hoje, às 17:30h (com reprise amanhã, às 13h), na série Retratos Brasileiros, o documentário que Walter Carvalho fez sobre o irmão Vladimir Carvalho, diretor de "O País de São Saruê". Imperdível é pouco. Aproveitando a gente lembra que o último filme de Vlad, "O engenho de Zé Lins", estréia dia 14 de dezembro (confira o trailer abaixo). Assistir ao documentário sobre o escritor é um dever cívico para a nação rubro-negra.


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