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terça-feira, 29 de abril de 2008

Sessão da Tarde: "O fim do homem cordial"




Antônio Carlos Magalhães mandou a polícia invadir a Universidade Federal da Bahia e ficou por isso mesmo. Mas Daniel Lisboa ficou tão puto que fez este filme.

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Viram ou não viram


Por Eduardo Souza Lima

Saiu no sábado à noite o resultado do Curta-SE 8, no Cinemark de Aracaju. Levaram os principais troféus Ver Ou Não Ver os curtas "Engano" (ficção), "Pajerama" (animação) e "Drežnica" (documentário). "Ele" mereceu do júri uma Menção Honrosa e "O Evangelho segundo Seu João", uma Menção Especial. "O lobinho nunca mente" ganhou o prêmio do júri popular.
Entre os longas-metragens (votados apenas pelo público), o maior vitorioso foi "O banheiro do Papa", que ganhou os prêmios de melhor filme, direção e ator (para César Trancoso). Dedina Bernadelli (foto) ganhou o de melhor atriz por "Adagio sostenuto". Veja a lista completa dos vencedores aqui.

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sábado, 26 de abril de 2008

TV Brasil terá editais


Por Eduardo Souza Lima

Aniversariante do dia, Orlando Senna, diretor-geral da TV Brasil, anunciou ontem no Curta-SE que a emissora terá R$ 60 milhões para investir em editais para a produção de programas. Senna revelou também a intenção de se criar um instituto de pesquisa de audiência estatal.
As mostras competitivas terminaram ontem também, com os curtas "O Evangelho segundo Seu João", produzido por mim, João Moraes e Leonardo Gomes; "Cânone para 3 mulheres", de Carlos Eduardo Nogueira; "Saliva", de Esmir Filho; "4=1", de Nelson Nascimento; "Em 1972", de Tadao Miaqui; "Paralelos", de Alexandre Basso; e "Tibira é gay", de Emílio Gallo. Os longas-metragens "O singo da cidade", de Carlos Alberto Riccelli, e o surpreendente "Crítico", de Kleber Mendonça Filho, fecharam a noite. Hoje tem a cerimônia de premiação no Cinemark e a exibição especial do musical "Maré, nossa história de amor" (foto), de Lucia Murat.

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quinta-feira, 24 de abril de 2008

A classe operária vai ao Paraíso


Por Eduardo Souza Lima

Ontem rolou no Curta-Se “Falsa loura”, filmaço de Carlos Reichenbach, no barato os melhores começo e final do cinema brasileiro dos últimos tempos. Aquelas coisas que só o Carlão sabe fazer: na mão dele fica sublime; na de outrem, poderia ficar ridículo - Deus do Céu, o que é a Rosane Mulholland? Tem até o Maurício Mattar fazendo papel de Fábio Júnior. Como o diretor não pôde comparecer, o diretor assistente Daniel Chaia (que hoje mostra o seu curta “De resto”) e a atriz Djin Sganzerla, que levou o merecidíssimo Candango de atriz coadjuvante no último Festival de Brasília, apresentaram o filme (ver abaixo). Só pra lembrar: o filme está em cartaz no Rio, não perca por nada deste mundo.

O filme da Mostra Competitiva de Longas de hoje é o inédito "Adágio sustenuto", de Pompeu Aguiar, com Dedina Bernadelli (foto). A sessão começa às 21:10h, logo depois dos curtas.


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ET espanhol


Por Eduardo Souza Lima

Ontem teve a première mundial de "A cauda do dinossauro", de Francisco Garcia, baseado numa história do Angeli. O filme é muito legal, mas a grande surpresa da noite, na Mostra Competitiva de Curtas Ibero-americano 35mm do Curta-SE, foi o espanhol "Avant petalos grillados" (foto), de Velasco Broca. Espécie de ficção científica B experimental, o curta é um brilhante exercício de textura e enquadramento em fotografia.
Hoje tem a estréia nacional de "Drežnica", de Anna Azevedo, que foi lançado no Festival de Berlim e que agora também participa do HotDocs, em Toronto, no Canadá. Passam também no Cinemark "Ele", de estudantes de Vitória, no Espírito Santo; "O crime da atriz", de Elza Catado, "Pajerama", de Leonardo Cadaval; "O Livro de Walachai", de Rejane Zilles; Una receta roja para cocinar custáceos", do mexicano Eu-Hee-Ihn; "O lobinho nunca mente", de Ian SBF; "De resto", de Daniel Chaia; "Busólogos", de Cristina G. Muller; "A cidade e o poeta", de Leulane Corrêa; e "Adro da Candelária".
Também ontem terminou a Mostra Competitiva de Vídeos Sergipanos". Rolou um problema na projeção de "Venha ver o pôr do sol". Foi lamentável, é claro, mas a reação de uma galera local foi pra lá de exagerada. A diretora executiva do evento, Rosangela Rocha, põe os vídeos dos caras no Cinemark e Aracaju no mapa cinematográfico do Brasil, além de arrumar R$ 10 mil de prêmio e neguinho ainda reclama. É ser muito mal acostumado.

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Libertadores da América


Por Eduardo Souza Lima

César Charlone, o nosso Sean Connery, contou em Aracaju que está envolvido numa série da TV espanhola em parceria com a Wanda - empresa de José María Morales, o produtor espanhol que mais investe hoje em co-produções com a América Latina - sobre os camaradas que dão nome ao torneio liderado por Fluminense e Flamengo e a ruas do Leblon. Seriam quatro telefilmes, dirigidos por cineastas de países diferentes. Charlone ficou com Artigas, o libertador do Uruguai; o cubano Fernando Perez, com José Martí; e o argentino Daniel Burman, com San Martin. Morales prefere não divulgar ainda o nome do brasileiro que vai fazer o filme sobre Tiradentes. Charlone está entusiasmando com seu personagem:
- O Artigas tinha que lidar com um grande dilema: acreditava em igualdade social, mas era financiado pela burguesia. Queria libertar o Uruguai da Espanha, mas teria que entregar o poder para um bando de calhordas.

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ibero-americanos em cartaz


A principal mostra do Curta-SE 2008, a Competitiva de Curtas Ibero-americanos de 35mm começa hoje com a exibição de sete filmes no Cinemark, a partir das 20:10h: "A cauda do dinossauro", de Francisco Garcia; "Cine Zé Sozinho", de Adriano Lima; "Avant petalos grilados", de Velasco Broca; "Bárbara", de Carlos Gradim; "A peste da Janice", de Rafael Figueiredo; "Ícarus", de Victor Hugo Borges; e "Engano", de Cavi Borges. Antes, às 19h, tem a segunda sessão da Mostra Competitiva de Vídeos Sergipanos, com "Você conhece La Conga?", de Sérgio Borges; "Verdadeira imagem", de Karla Dias; "A parede", de Graziele Andrade; e "Venha ver o pôr do sol", de Ricardo Jost Resende. A sessão termina com o segundo longa da competição, "Falsa loura", de Carlos Reichenbach, às 21:40h. O ingresso custa um quilo de alimento não perecível. Como Carlão não pôde vir ao festival, a atriz Djin Sganzerla (foto) e o assistente de direção Daniel Chaia fazem a apresentação.

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A César o que é de César


Por Eduardo Souza Lima

O Curta-SE 2008 começou pra valer esta noite de terça-feira, no Cinemark, com a exibição dos primeiros vídeos sergipanos e o primeiro longa-metragem da mostra competitiva, "O banheiro do Papa" (foto), de César Charlone e Enrique Fernández. Para a galera de Sergipe, logo de cara uma boa nova: o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, anunciou que o prêmio para melhor vídeo do estado pulou de R$ 6 mil para R$ 10 mil - e tem premiação para o segundo e o terceiro lugares também. Os primeiros exibidos foram "As aventuras de Seu Euclides - Parafusos", de Marcelo Roque Belarmino; "Deu bode", de Fátima Góes; "Gen, 19:26", de Diego Calazans; "Unconscious", de Ricardo Nunes; e "Fita crepe - A importância do produtor na comunicação audiovisual", de Renato Mariano. Mas desses eu não posso falar, pois faço parte do júri.

"O banheiro do Papa" também concorre a um prêmio de R$ 10 mil, em votação do júri popular. O longa-metragem, uma co-produção Uruguai/Brasil/França, que está em cartaz no Rio, estréia em Aracaju no dia 2. Charlone fez questão de prestigiar o festival, onde fez uma breve apresentação do filme (ver vídeo abaixo). O diretor estava encantado com as possibilidades da projeção digital:
- Para filmar, ainda não encontrei um instrumento tão bom quanto a câmera de película. Mas com a projeção digital é possível perceber detalhes e nuances que passam despercebidos num projetor de 35mm tradicional. A não ser, é claro, nas melhores salas.

Embora esteja satisfeito com o desempenho de seu filme nas bilheterias - até agora fez cerca de 26 mil espectadores no Brasil -, Charlone pensa que é hora de se repensar a distribuição de cinema:
- Eu gostaria de lançar o filme simultaneamente nos cinemas e em DVD de banca de jornal. Quem comprasse o DVD ainda ganharia o ingresso, caso fizesse questão de assistir ao filme no cinema. Calcula-se que "Tropa de elite" tenha sido visto por mais de 40 milhões de pessoas no Brasil. O que prova que há demanda, as pessoas só não têm acesso aos filmes.


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terça-feira, 22 de abril de 2008

Noite de Jorge


Hoje, aproveitando a véspera do feriado de São Jorge, tem Salve! Festa-tributo ao Santo Guerreiro no Clandestino Bar (Rua Barata Ribeiro, 111, Copacabana), a partir das 23h. Os Djs Jorge Luiz, João Sabiá e Fábio Maia fazem o som e Dom Negrone, as honras da casa, como mestre de cerimônias. Os ingressos custam R$ 10 (até meia-noite) e R$ 15, mas os dez primeiros que disserem "Salve, Jorge!" na entrada, não pagam ingresso.

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Crocodilagem no LapaLounge


Jacaré na Débora Secco anda no programa LapaLounge desta semana. A seção Tirando a Poeira vem de Arrigo Barnabé e suas "Diversões eletrônicas", do antológico disco "Clara Crocodilo". Também são destaque no programa dos DJs Jorge Luiz e Brant e da Srta. "A" a banda inglesa The Draytones, a americana Clare & The Reasons e a suíça The Young Gods. O pessoal manda avisar que, caso você tenha alguma dificuldade para baixar o programa, envie um e-mail para lapa.sucupira@gmail.com informando se seu equipamento é Mac ou PC, que eles te dizem o que fazer.

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Cine Aracaju


O Sul é que leva a fama, mas cidade de Primeiro Mundo no Brasil é Aracaju, onde até o banheiro do rodoviária é limpo. A capital de Sergipe também é sede de um dos mais bacanas festivais de curtas-metragens do país, o Curta-SE, cuja oitava edição começa no sábado e segue até o dia 26. Além da mostra competitiva principal, de de curtas ibero-americanos (cuja lista a gente já publicou aqui), o evento tem também mostras paralelas de vídeos sergipanos, de bolso e ibero-americanos; curtas de animação, húngaros, franceses, portugueses e cubanos; e a exibição especial dos longas-metragens "O grão", de Petrus Cariry; "Maré, nossa história de amor", de Lúcia Murat; "Elogio ao 1/2", do português Pedro Sena Nunes; e "Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá", de Silvio Tendler. Outra atração é mostra competitiva de longas, uma curadoria bastante heterodoxa de Isabelle Cabral, da Pipa Produções, que vai exibir em Aracaju "Falsa loura" (foto), de Carlos Reichenbach, que estreou hoje no Rio; "O banheiro do Papa", de Enrique Fernández e César Charlone; "O signo da cidade", de Carlos Alberto Riccelli; e "Crítico", de Kleber Mendonça Filho. O público vai decidir quem é o melhor. Fique de olho que o site da Zé Pereira vai cobrir o evento.

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Ozzy e o busum do metal


Por Fernando Barreiros
Ilustração: Marco Donida

Tudo começou em um posto de gasolina em Niterói infestado de punks, metaleiros, nerds metaleiros e hell's angels.
Um ônibus todo preto pára na esquina e todo mundo, quase que ao mesmo tempo, "cacete, ônibus do metauuuu". E é o nosso salvador do metal, Maradona. Não é que nem naquela propaganda em que todo mundo no carro vai headbangueando e no final é porque o carro está com problema no freio, não senhor; era, sim, o ônibus mais satânico do mundo.

Chegamos no lugar do show. O "guarda-volumes" era uma lata de lixo, sim. Mas isso que se foda, eu sou um fã de Ozzy e de Black Label, não um fiscal.

O show começou com os roadies. Quando o primeiro desceu de uma corda a platéia foi à loucura! "ROADIE! ROADIE! ROADIE!". Deram pelo menos umas duas horas de show! Foi muito foda! Depois entra o Black Label, nosso amigo Zakk Wylde vestido de jardineiro dos infernos, sim, ele estava de macacão. Mas ninguém aqui é macho o suficiente pra dizer pra ele "Aí, seu merda, tu parece um jardineiro!". O som estava fuderoso, em todos os solos dele eu pensei "holy hell, THAT'S a guitar". O Black Label termina e começa o show do milhão, quero dizer, do Korn. Claro que foi nessa hora que os metaleiros de verdade saíram para dar uma mijada ou comprar mais birita, porque Korn é uma merda. O show deles acaba e eu sinto um alívio sinistro (sim, foi quando eu estava mijando). Meia hora depois ouvimos a risada demoníaca do Ozzy. Me senti na Disney de novo, sabia que a risada era gravação, mas preferi acreditar. Ele entrou, todo mundo pirou completamente. Toda vez que ele chamava a gente de fuckers, todo mundo, mais uma vez, pirava. Depois de algumas músicas, Zakk Wylde resolveu nos perturbar um pouco com solos de meia hora só para dar um descanso para o velho e cansado Ozzy. Jogaram copos. Eu também jogaria se estivesse mais perto, mas não deu. Na última música da noite, ele (Zack) resolveu tirar uma onda fazendo seu solo em cima da platéia. Jogou a guitarra e depois se jogou. Só ele voltou inteiro. Nossos compatriotas escrotos resolveram meter a guitarra do cara, só que era a guitarra preferida dele, ele é enorme e tava muito puto. Não preciso dizer o que aconteceu, certo?

Depois disso a noite acabou e todo mundo foi ou pogar ao som de Anthrax no estacionamento ou esperar um busum (não do metal) na beira da estrada. Eu fui no busão do metal, claro. Então foi isso, foi um dia do metal, voltei às minhas raízes metaleiras de quando tinha cabelão e parecia a Maria Bethania e me diverti para caralho, menos na hora do Korn.

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

O cinema finca pé na Baixada


O Brasil corre o risco de virar um país de batedores de lata, jogadores de capoeira e rabiscadores de paredes. Em que se pese as boas intenções, oficina de pobre é isso aí, raramente lhe é oferecido algo diferente. Nascido e criado em Santa Cruz, o diretor de teatro e cineasta Marcus Vinicius Faustini, secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, quer sair do lugar-comum. E em vez de ensinar a garotada da Baixada a batucar, quer que ela aprenda a fazer música eletrônica e audiovisual. Seu primeiro feito foi criar a Escola Livre de Cinema, criada em parceria com a Reperiferia, que funciona desde julho de 2006 e que no momento tem 600 alunos matriculados. A idéia agora é formar público, por meio do Iguacine - 1º Festival de Cinema de Nova Iguaçu, que acontece de 23 a 30 de abril.
- Eu quero que o jovem de periferia tenha instrumental para competir de igual para igual com o garoto da Zona Sul. Não adianta só montar peça de teatro em escola, tem que apostar nos novos talentos e lhes dar condições de aprender a trabalhar com novas linguagens e tecnologias - diz Faustini.

Para tanto, o secretário está abrindo editais públicos no município. E é claro que no começo encontrou várias dificuldades:
- Em Nova Iguaçu havia a cultura do balcão: o artista queria montar um espetáculo e batia de porta em porta no comércio para arrumar patrocínio. A gente quer criar agora a cultura do edital.
Em sua primeira edição, o Iguacine vai vai homenagear o cineasta Sergio Saenz, com a exibição de seu novo longa-metragem, o documentário "Devoção". Foram nada menos do que 239 filmes inscritos de todo o país, dos quais foram selecionados 53, que serão exibidos em toda a cidade. Destes, 32 fazem parte da mostra competitiva. O festival terá ainda mesas de debates, oficinas e palestras. Todas as atividades serão gratuitas. O festival também vai criar um circuito alternativo de exibição: além das sessões no Espaço Cultural Silvio Monteiro (Rua Getúlio Vargas, 51, Centro), sede oficial do festival, os filmes também serão projetados em praças públicas.
- Ninguém vai conseguir sair de casa, ir ao supermercado ou pegar um ônibus sem assistir a um curta-metragem, sem ouvir falar em cinema. Vamos buscar o público onde quer que ele esteja - diz Faustini.
Além dos curtas, serão exibidos os longas "Mutum", de Sandra Kogut, "PQD", de Guilherme Coelho, e "Juízo", de Maria Augusta Ramos. Veja a programação completa aqui.

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ô-ô, ô-ô,

OBINA É MELHOR QUE O REITOR

Timothy Mulholland pode ter pisado na bola, mas a sua filha, a atriz Rosane Mulholland, bate um bolão e certamente ele não é um delinqüente, conforme o jornalista Augusto Nunes no último "Roda viva". Já a faixa com os dizeres acima levada por alunos da Unb à reitoria é daquelas piadas que você até perde o amigo.

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terça-feira, 15 de abril de 2008

PhD em Cinema Brasileiro: O dia em que Bertolucci falou "eu amo o cinema brasileiro"


Por Paulo Henrique Souto

Ano 1978, eu trabalhava o lançamento de "A Lira do Delírio" (foto), de Walter Lima Jr., com enorme prazer, porque Waltinho, gentil-homem, me aplicou de Rio de Janeiro nas andanças pelas redações de jornais e rádios - naquele tempo íamos às redações - entregar as fotos, os lindos e caprichados press-books. Recém chegado de Minas, conheci os becos, os bons restaurantes da cidade, os bares maneiros, apresentados pelo diretor, um privilégio. No sábado anterior ao lançamento, Waltinho promoveu uma feijoada em sua casa no Cosme Velho, casa linda com quintal, vários cineastas em torno de Bertolucci que lá pelas tantas declarou que amava o nosso cinema "pela criatividade", que ficava muito impressionado como, sem grana, produzia-se lindos e bons filmes, inventando gruas, lentes, enfim, criando... e arrematou que "tinha vontade de fazer um filme assim, com pouca estrutura (leia-se grana)".

Na segunda-feira, na pré-estréia, no Cine Palácio, com forte aparato, luzes de enormes refletores na rua - alugadas da produtora de Jece Valadão - iluminando a porta do cinema, casa lotada. Muita coisa aconteceu naquela noite, um colega da Embrafilme veio correndo me avisar que os travestis que atuavam no filme foram barrados pela gerente do cinema, corri até lá e expliquei pra, acho que era dona Elza, que tinha que deixá-los entrar pois eram convidados de honra do diretor. O primeiro que entrou, voltou a cabeça de lado, mostrando a vasta cabeleira, e disse pra gerente: "Não falei que um dia ainda entrava neste cinema montada?" (vestido de mulher, pros leigos). Pedi ao pessoal da imprensa que aguardasse o final do filme, pois o Bertolucci daria uma declaração. Acabou o filme, lá ia ele saindo de fininho, o chamei, ligaram as luzes das TVs e fiz a proposta, de propósito: "Por favor, diga pra imprensa brasileira como você vê o nosso cinema, como disse na casa do Waltinho". E tudo o que ele tinha dito ficou ali registrado, e ainda um belo comentário sobre a "A Lira do Delírio". Aliás, ratificava tudo o que ele disse, um filme feito com pouca grana e supercriativo, como todo o cinema de Walter Lima Jr.

Ano 1994, Ana Maria Magalhães, querida amiga, estava em Brasília e levou uma cópia do seu filme "Erotique", recém finalizado, uma coletânea de filmes de mulheres com temas eróticos. O episódio da Ana, "Chamada final", é baseado num conto de Clarice Lispector. Bertolucci apareceu em Brasília, Ana assim como muitos outros cineastas brasileiros é amiga do italiano, e aí resolveu mostrar o filme pra ele numa sessão matinal que não atrapalhava o festival. Na entrada do Cine Brasília eu disse pro Bertolucci: "É a segunda sessão de cinema que promovemos para você, lembra-se da Lira?". E ele: "Claro"... Gustavo Dahl, que na época do lançamento da "Lira" era diretor da Embrafilme, deu uma senhora gargalhada encantado com a minha memória e cara-de-pau. Eu perguntei se ele ainda tinha a mesma opinião sobre o nosso cinema, claro que tive que relembrar o que ele havia dito, e ele respondeu: "Vou fazer um filme parecido agora, com a minha própria produtora, com orçamento menor, sem interferência de grandes majors. Anos depois, assistimos ao lindo "Assédio", claro que com uma senhora infra , mas realmente o filme tem um clima diferente.

Lembro de Bertolucci andando a pé do hotel até a Praça dos Três Poderes, falando que era louco para ver de perto a Brasília que já o emocionara nos cartões postais e nos filmes. Alma simples, de artista, tem este mago do cinema. E tive o prazer de vê-lo e revê-lo, e contar pra você que agora me lê. Viva o bom cinema brasileiro, que volte a ser exibido, que saia das prateleiras, pois cinema, do grego kinema, é movimento, foi feito pra rolar. E aguardem o próximo episódio...

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Soul music carioca ao vivo




Uma palhinha do encontro dos tijucanos do Conexão Japeri com o madureirense Gerson King Combo na Casa Rosa, sexta-feira passada. Tem pouco porque o som está bem ruim.

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Vão roubar beijo de outro!


Por Toinho Castro

Escrevo enquanto escuto a bela "The greatest", da cantora Cat Power, um dos temas do novo filme de Wong Kar-Wai. Mais precisamente, sua viagem pela América abandonada."My blueberry nights" ("Um beijo roubado", no Brasil) é um desses filmes que fazem a gente acreditar que o cinema morreu. É um filme retardado que enfileira um amontoado de clichês como se fossem a Beleza, aproveitando-se de certas grandes atuações para passar por obra cinematografica. Alguém cai nessa? Parece que sim, pois o filme anda sendo incensado, assim como o completamente idiota "2046".

Norah Jones tinha que dar uma entrevista coletiva para se desculpar pela péssima atuação. E quem ainda acredita que se vai encontrar o Jude Law num bar, esperando para ser amado? E então vem aquela conversa mole do estilo, dos enquadramentos e o tratamento da fotografia... blablablá sobre lixo estiloso que não leva a lugar algum. É um passeio boboca por uma América que não fala de si mesma, nem pra ninguém. Por favor reprisem "Paris, Texas", de Win Wenders. Em "Shine a light", o filme de Martin Scorcese que documenta um concerto do Rolling Stones, tem um close de Buddy Guy que fala mais da América que aquelas duas horas de Norah Jones comendo torta e juntando dinheiro pra comprar um carro. Nossos cinemas não agüentam mais ser açoitados nas costas por películas desse tipo.

Um monte de gente vai se emocionar com essa porcaria, e nem podemos ajudá-las. Talvez você seja uma dessas pessoas e está lendo indignada esse texto (que não chamo de crítica. Crítica é para os críticos... eu gosto de cinema). Se for o caso, por favor, escreva para o blog da Zé Pereira e se identifique. Saiba que também ando indignado com esse tipo de coisa que as pessoas insistem em chamar, levianamente, de cinema. É preciso estar muito carente para ter o coração batendo mais forte com uma (falta de) história tão sem cabimento e forçada. O pior é o final! O final é inacreditável... mas nem posso contar. E quando terminou ficou em mim a pergunta: e esse filme, em algum momento, chegou a começar?! Mas se você ainda não viu, vai lá e o assista, que agora só recomendo filme ruim. Recomendar filme bom é perda de tempo.

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Miséria transvestida de Liberdade - mais uma cena da nossa Tragédia Cultural!!


Por Pedro Paulo Rocha*

O poeta Wally Salomão atravessou o barracão em sua permanente teatralização de um Cinema Novo e do Tropicalismo, "a memória é uma ilha de edição", "máscaras, máscaras, precisamos da mentira essêncial", a poesia, o cinema, a poesia, a música, o cinema, o teatro, a poesia, tudo, o novo sem tempo, o povo por vir e o que virá depois do cinema, Glauber em raio de lampião, "o assunto é cinema, o assunto é cinema, o assunto é cinema", os poetas encarnados, loucos, profetas, Leão de Sete Cabeças, o barco no oriente mais próximo, nas águas inventivas da terra, do transe, "medra da miséria do mínimo tirar a possibilidade", o riverão passa lá onde o invisível devora um rio de luz, a próxima cena não será em sonho, mas "um furo no real onde passará uma reta infinita", um surrealismo concreto, de certo, um surrealismo do sul do qual você é a imaginação.

Atravesso labirintos da memória futura dessas cidades, devoro civilizações, idades, explodo vosso corações com furia e som, sou o grito dos barbarizados e sua descrucificação.

O filme será a ezstética da fome porque a fome é fome de tudo, fome de sonho, "passando por cima de todos, a fome universal sempre querendo arrasar tudo, o mundo inteiro a seu favor" porque "a fome tem a saúde de ferro, forte como quem come."

*

No terraço solar o pancinema permanente, quasi-cinema, kynorama, parangolé, evoé, os poetas alquimistas destilando seus sons e cores, insistem no movimento, na mistura, na alternância, no rio corrente das orlas e das marés: sobre imagem projetadas nas águas da Amazônia onde não há luz, só há som, dormem as mutações de novos cinemas, poesias, músicas, teatros arquiteturas.

O poeta na praia depois da morte canta seu poema de gozo e rir, tudo o que é cultura é merda, adubo essencial, o resto é o que não perdurará mais que uma vida. "o que é bom para o lixo é bom para poesia."

Vou ser devorado a cada carnaval , venham vamos a orgia final, a antropofagia dos guerreiros, a invenção de outra vida.

*

O absurdo não estava no filme, mas na realidade, o filme é que era a nossa realidade mais absurda refletida em nosso espelho estilhaçado. Um escritor no asilo meio padre metaforicamente sem materialidade, lê uns versos de outro poeta, seus olhos em fogo até perder a visão: "por fim a realidade prima/ e tão violenta que ao tentar apreendê-la toda imagem rebenta", esses versos entre-cortados no meio da seqüência seguinte para provocar diretamente tudo o que pode ser o cinema quando se faz da vida uma arte da transfiguração. Um personagem intelectual analfabeto em poesia, o outro é um democrata do capital fazendo graça e esfumaçando.


O palhaço mad in globo no deserto cinematográfico completamente tomado pela mesmice estética faz sua cena, a sua única cena fora da privada que geralmente o vejo - só podia falar merda, problema grave de alimentação em nossa mediocre digestão cultural que não compreende e não quer compreender o que é uma arte nova, porque simplesmente ignoram a importância da invenção que nasceu por esses trópicos nas décadas de 60 e 70. Querem datar, ridicularizar o que é a obra de uma infinita criatividade para os contemporâneos e para as gerações futuras.

A ignorância violenta do mercado não engana, articula no discurso e propaga o apartheid cultural e econômico, a ignorância não dá mole, vacilou eles mandam ver, mandam queimar, segregam, guetizam, soterram. A patrulha é justamente essa, eles invertem para poder exercer a censura a seu modo, jogo de cena, atravessam o quadro, trapaceiam como se fosse simples questão de opinião e não de censura a liberdade de criação artistica que o cinema do Glauber sempre sofreu. Tudo bem transvestido na velha babaquice, o gostei, não gostei, gostei não gostei… blablablá…

O absurdo de quem disse e as defesas de uma suposta liberdade de expressão contra a reação, o desagravo, é de deixar perplexo. (como se fosse uma censura ao que foi dito e não uma reação, uma liberdade legítima de quem ficou estarrecido com tal besteirol dos planetas com seus cassetas). Tudo isso só revela a intolerância cultural que nos cerca. Não importa o nome de quem, mas a manifestação já é por si só sintomática de um tipo de microfacismo de quem quer arrasar com tudo, queimar e barbarizar. Adoram defender a clamada diversidade cultural que tem se mostrado bem mais segregadora do que realmente múltipla, poli-diversa. Vomitam prepotentes uma diarréia ignorante de todos os nossos miserabilismo não reconhecidos; ignorantes da fome, narcisos e não orfeus, preparam mais uma vez o circo para a risada onipotente de suas merdas diárias pela TV e quando a cortina se abre, entram para tirar sua parte do banquete, "sim, soy um democrata, reformista das desigualdades!".

A questão não é de merda, mas da diarréia geral, ou diária, que advém da gula, da fartura desnutrida e não da fome, mas da gula dos comidos e da arrogância dos globais.

Mais uma gangue adentrou no palácio e tomou a meia lua que fica no planalto central e o globo mediterrâneo e os cinemas centrais, a tela e a plataforma do espaço. Uma vozover dos imperadores eletrônicos: "ora sou corrupto ora defendo a liberdade de expressão, posso ser vários personagens, ora faço pastelão ora sou intelectual, ora mando ver com o batalhão de choque, ora sou um travesti fantasiado de comediante que diz: I love money, I love ser um liberal, I love merda, me ama dizer tudo que pensa, eu sou mais um global dessa tragédia cultural."

*Pedro Paulo Rocha é cineasta e artista multimidia, filho de Glauber Rocha
Foto: cena do filme "Rocha que voa", de Eryk Rocha

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História Antiga no Largo das Artes

Ela acorda cedo aberta ao estupro. Não é assim que faz o tatu, o coelho, os roedores em geral, os soldados em tempo de guerra? Ela muda depressa e agora é um alexandrino acentuado em u. Ela pensa em mudar o emprego, em mudar o emprego da língua, ela pensa em cantar o Hino Nacional. Ela viu na televisão um condor que não sente as próprias asas. Ela viu como fazem os répteis e o saci. A natureza é linda e variada. Ela sonha em se casar com várias espécies de homens. Ela sonha com bichos que dançam e fazem um ruído próprio no acasalamento. Ela gosta de olhar a pista de patinação no gelo. A terra é redonda, nada é muito longe. Ela não pensa em viajar. Ela está exausta e só pensa em ser feliz. Ela não está nem aí. Ela quer saber sobre as estrelas, sobre coisas mortas que brilham há zil anos. Ela quer saber como Lázaro adoeceu de repente. Ela quer mais açúcar, mais beleza. Ela quer sair daqui. Ela vai até o banheiro. Ela volta. Ela mente um pouco. Ela muda de roupa. O dia termina. Ela abre o leite, parece azedo. Ela engole.

A autora do poema sem título acima é a poeta e artista visual Laura Erber, que está expondo a videoinstalação "História Antiga" (foto), um trabalho de 2005 inédito no Rio, no Largo das Artes (Rua Luís de Camões, 2, sobrado, Largo de São Francisco). A exposição, que fica em cartaz até o dia 5 de maio e que também traz obras de Alberto Simon, Joana Csekö, Matheus Rocha Pitta, Murillo Meirelles, Regina de Paula, Ricardo Becker e Rodrigo Andrade, está sendo feita em parceria com a galeria Novembro Arte Contemporânea e está aberta de terça-feira a sexta-feira, das 12h às 18h, e aos sábados, das 12h às 17h. No programa também o curta-metragem "Uma noite no escritório", de Rodrigo Andrade e Wagner Morales.

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quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Rei Black está entre nós


Nosso rei Gerson King Combo (em foto de André Vieira) é o convidado especial da volta da Conexão Japeri - banda na qual se lançou Ed Motta - que acontece amanhã na festa SextaSuper na Casa Rosa (Rua Alice, 550, Laranjeiras). A festa que tem ainda os DJs A e Ailton Areas começa às 22:30h e os ingressos custam R$ 18 (homem) e R$ 10 (mulher).

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LapaLounge faz aninhos


Os DJs Brant, Jorge Luiz e a Srta. A convidam para a festa dos 3 anos do programa LapaLounge amanhã, a partir das 22h, no Rio Rock & Blues Club (Rua do Riachuelo, 20), com direito a show dos Beltranos e sorteios de discos e camisetas. Ingressos a R$ 20
e a R$ 15 (para os 100 primeiros com filipeta).

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PhD em Cinema Brasileiro: O céu de Montes Claros ou cinema em minha vida


Por Paulo Henrique Souto*

A mosca azul do cinema me picou cedo, em Montes Claros, minha terrinha natal, no sertão roseano, norte de Minas, céu baixo, que dá vontade, até hoje, de tocar as nuvens, grandes e volumosas, como nos filmes. Final dos anos 50 até 70, então com 20 ou 30 mil habitantes, Montes Carlos tinha, por incrível que pareça, seis cinemas de rua, o Coronel Ribeiro, o São Luiz, o Nova Olinda e o Ipiranga, estes de Mario Ribeiro - irmão do saudoso Darcy Ribeiro -, que tinha mais oito cinemas nas cidades bem menores da redondeza. Aí surgiram mais dois, o Cine Fátima e o Lafetá, de seu Lezinho Lafetá. Lembro-me que, morando na Praça Coronel Ribeiro, ficava louco para chegar o sábado para assistir ao seriado Fuman Chú, nem sei se é esta a grafia, sei que era fascinante pois não tinha the end no final o Fuman Chú, precursor destes Bruces Lee de hoje em dia, ficava estático na tela, sempre correndo do perigo, e tchan, tchan, tchan, tchan... aparecia "aguardem o próximo episódio". Mais instigante?, impossível. Ia dormir criando o próximo episódio nos sonhos, ou seja, decupando roteiros.

Vi muitos clássicos em todos os cinemas da cidade, adorava ouvir o prefixo, sempre uma linda música, o beijo na namorada o aperto de mão quando a luz apagava. O fascínio por fazer cinema também aconteceu na mesma época. Carlos Alberto Prates Correa ("Crioulo doido", "Perdida", "Noites do sertão", "Minas Texas" e o último, premiado em Gramado, "Castelar e Nelson Dantas no país dos generais") apareceu na cidade com sua equipe, incluindo Paulo José, para filmar "Milagre de Lourdes". Eu acompanhava tudo de perto e eis que acabei ao lado de Paulo José, vivendo um sacristão, papel que exercia de verdade do outro lado da Praça da Matriz, pois a locação, a sacada do sobrado colonial de Dr. Jair de Oliveira, era ali mesmo. Não dado por satisfeito, curioso como bom geminiano, assistia a todas as filmagens, rodando toda a cidade, fascinado.

Anos depois, já no Rio de Janeiro, com 31 anos, voltei a Montes Claros com o mesmo Carlos Alberto Prates Correa, como produtor executivo de um dos filmes mais bonitos - não se tem modéstia com 60 anos - do cinema brasileiro: "Cabaret Mineiro". Dei tudo de mim, com prazer inenarrável conseguia tudo pro filme, desde a banheira para colocar na zona boêmia, para Louise Cardoso, minha professora de teatro no Tablado, mostrar as tetas pro coronel Nelson Dantas (foto), de saudosa memória, até arrumar salão paroquial com meu padrinho Padre Dudu, do qual fui o sacristão já citado, para montar o cabaret. Foi um escândalo, imagem vocês, motivo de crônica nos jornais locais. E o diretor de arte Carlos Wilson, o famoso Damião, criou ali, lindo, o tal Cabaret Mineiro, pra Tânia Alves, com as meias de arrastão - que consegui com uma coroa "avançada" da cidade - cantar "a dançarina espanhola de Montes Claros, dança e redança na sala mestiça, cem olhos morenos estão seguindo o balanço lento e mole de suas tetas", do poema "Cabaret Mineiro", que Carlos Drummond de Andrade fez quando visitou a cidade... Na platéia do cabaret, ou do salão paroquial, fazendo figuração, amigos do diretor, incluindo meus familiares. Também mostrei a cara como ator, fazendo um galã fazendeiro, com lindas mulheres me lambendo à beira da piscina do sítio, com Helber Rangel de mocinho e bandido, Tamara Taxman, Eliane Narduchi, exuberantes, e como Carlos Alberto sabe filmar a alma feminina...

Tchan, tchan, tchan, tchan... aguardem o próximo episódio...

*Paulo Henrique Souto é produtor-executivo, diretor (do média-metragem "Aníbal, um carroceiro e seus marujos"), ator e assessor de imprensa - já lançou mais de cem titulos.

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Brasil faz bonito em Toulouse


"Romance do Vaqueiro Voador", de Manfredo Caldas, baseado no poema homônimo de João Bosco Bezerra Bonfim, com Carlos Vasconcelos (foto), ganhou o Prêmio Signis de melhor documentário do 20 Festival Rencontres Cinémas d'Amérique Latine de Toulouse, na França - o popular Festival de Toulouse -, que terminou no sábado. Assista abaixo ao trailer do filme.


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O debute de Del Toro


O Cineclube Sala Escura e o Laboratório de Investigação Audiovisual exibem amanhã, às 18:30h, na Cinemateca do MAM, "Cronos", o primeiro longa-metragem de Guillermo del Toro ("Hellboy", "O labirinto do fauno"). Para quem é fã do diretor mexicano, que anda em voga entre a rapaziada, é uma sessão inperdível, já que o filme não foi exibido em circuito comercial aqui e nem saiu em DVD.

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terça-feira, 8 de abril de 2008

Memórias em videoarte



O Cine Glória (Memorial Getúlio Vargas, Praça Luis de Camões s/nº, subsolo) está apresentando a Mostravídeo Itaú Cultural, com sessões às quartas-feira, às 18:30h, até o dia 30, com entrada é franca. O tema é Memórias. Amanhã, no programa Memória do Corpo, tem "Lygia Clark: Memória do corpo" (Brasil, 1984), de Mario Carneiro; "A costura do invisível" (Brasil, 2004), de Kiko Araújo; "The last time I saw Ron" (EUA, 1994), de Leslie Thorton; "Pancake" (Brasil, 2001), de Miguel Pachá; e "Human Radio" (Inglaterra, 2002), de Miranda Pennell.

No dia 16, em Memória da Natureza, passam "The reflecting pool" (EUA, 1977-1979, que você pode ver aí em cima), de Bill Viola; "The kiss" (Inglaterra, 1999), de John Smith e Ian Bourn; "Swan" (EUA, 1986), de Alia Syed; "Light/Water" (Inglaterra, 1987), de Mineo Aayamaguchi e Jeremy Welsh; "Out of the sea comes the dream" (Inglaterra/França, 1997), de Zoe Redman; "The water catalogue", de Bill Seaman; "Zoology" (EUA, 2006), de Mike Kuchar; e "Herança" (Brasil, 2007), de Thiago da Rocha Pitta.

No dia 23 serão exibidos, no programa Memória da Luz, "Bird's eye" (EUA, 1978), de Mary Lucier; "Selected treecuts" (Islândia, 1974), de Steina Vasulka; "Ohio to Giverny: Memory of Light" (EUA, 1983), de Mary Lucier; "Memory surfaces and mental prayers" (EUA, 1977), de Bill Viola; "Hold" (Inglaterra, 1996), de Dryden Goodwin; e "Objects with destinations" (EUA, 1979), "Windows" (EUA, 1978), "Bathing" (EUA, 1977), "Bits" (EUA, 1977), e "Mirror road" (EUA, 1975-1976), de Gary Hill.

E no dia 30, em Memória do Tempo, tem "L'importance du temps passe: Oublier" (França, 1991), de Stephane Goel; "A última fábrica" (Brasil, 2005), de Felipe Nepomuceno; "Corpse and mirror" (EUA, 1996), de Kristine Diekman e Tony Allard; Cabra Cega (Brasil, 2007), do grupo Sol na Garganta do Futuro; e "Solstice d'hiver (Winter solstice)" (EUA, 1993), de Gary Hill.

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Cantos de Minas


A cantora e pesquisadora mineira Déa Trancoso (em foto de Marcelo Oliveira) se apresenta amanhã, às 19:30h, no Teatro Rival (Rua Álvaro Alvim, 33 a 37, na Cinelândia), onde vai mostrar o repertório do disco "Tum tum tum". Resultado das andanças da artista por seu estado, o álbum registra cantos de reza, semba, congado, folia, cozinha, terreiro e rua. Déa será acompanhada por André Siqueira, alternando violão e viola caipira de 14 cordas; Tabajara Belo, no violão; e André Vercelino, na percussão. Vânia Lucas (viola da gamba), o Terno de Catopés de Bocaiúva e a cantora e compositora chilena Tita Parra, neta de Violeta Parra, fazem participação especial. Ingressos a R$ 10 (estudantes, maiores de 65 anos e professores da rede pública) e R$ 30 (inteira), com desconto para os 150 primeiros pagantes (R$ 20).

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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Os melhores do É Tudo Verdade


"Cosmonauta Polyakov" (foto acima), de Dana Ranga (Alemanha), ganhou o prêmio principal, de longa-metragem da competição internacional, do 13° É Tudo Verdade. "Apenas um odor", de Maher Abi Samra (Líbano), levou o de melhor curta-metragem. Entre os brasileiros, o longa vencedor foi "Janela para o contemporâneo - Pan-cinema permanente", de Carlos Nader. Dois filmes mereceram menção honrosa: "Simonal – Ninguém sabe o duro que dei", de Claudio Manuel, Micael Langer e Calvito Leal; e "O aborto dos outros", de Carla Gallo. Entre os curtas, ganhou "Remo Usai – Um músico para o cinema", de Bernardo Uzeda (que levou também os prêmios Megacolor e Estúdios Mega e Canal Brasil). "Dossiê Rê Bordosa" (foto abaixo), de César Cabral, documentário em animação sobre a personagem criada e morta por Angeli, recebeu menção honrosa.


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Os filmes do MIAU


O 1º MIAU – Mostra Independente do Audiovisual Universitário, que acontece de 1º a 4 de maio, em Goiânia, anunciou sua lista de selecionados para as mostras competitivas. São 30 curtas na Sete Vidas e quatro cineastas que participam da Gato da Vez - que vai premiar o que tiver a melhor obra autoral. Foram inscritas 170 ficções, 76 documentários e 31 animações, num total de 277 filmes de todas as regiões do país. Do Rio entraram "Anfitriões", de Bruno Garotti; Auto-retrato, de Carolina Cony; "Esconde-esconde" (foto), de Álvaro Furloni; "Medo da eternidade", de Rafael Saar; "Minha tia, meu primo", de Douglas Soares; "O brilho dos meus olhos", de Allan Ribeiro; "Prisma", de Mikael Santiago; "Sete minutos", de Cavi Borges, Júlio Pecly e Paulo Silva. A lista completa está no site do festival.

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Zé Pereira no "Estadão"


Saiu no domingo, no Caderno 2.

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A liberdade de expressão, segundo Didi de Araras


A turma do Didi de Araras estava impossível neste sábado. Ou eles piraram de vez ou são mais incompetentes do que supúnhamos ou acham que o leitor do "Globo" é um perfeito idiota mesmo.

Pra começar, tem a criminosa edição da entrevista coletiva de Dilma Roussef na manchete. Nem naquele episódio do debate Collor x Lula a Globo ousou tanto. No subtítulo o cara ainda tem o topete de escrever que a ministra da Casa Civil não apresentou nenhum documento. Que documento, cara-pálida? Um atestado de bons antecedentes?

No Segundo Caderno, o destaque é o livro de Eugênio Bucci, no qual ele conta que sofreu pressões do governo enquanto esteve à frente da Radiobrás. O Didi de Araras, como se sabe, é um ferrenho defensor da liberdade de expressão - dos seus patrões, é claro. Mas ele pelo menos devia ter lido o livro antes de escrever a chamada de capa - parece que rolou algo parecido no "Estado de S. Paulo" também, segundo o Nassif.
O cara não é um gênio? Ele manipula informação pra dizer que o governo manipula informação!

Agora, chamar indenizações a pessoas perseguidas pelo regime militar de Bolsa-Ditadura já é falha de caráter mesmo - pode-se até discordar de um ou outro caso, mas generalizar é o fim da picada. Isso mostra bem o apreço do editor pelos direitos individuais. Mas o que esperar de um jornal que foi porta-voz da ditadura e que só lucrou com ela?

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Caça às bruxas


Do ombudsman da "Folha de São Paulo"

(...) A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência, para renovar, o retrocesso na transparência do seu trabalho.
(...) O comando da Folha esgrimiu um argumento para a decisão: no ambiente de concorrência exacerbada do mercado jornalístico, idéias e sugestões do ombudsman são implementadas por outros diários.


P.S.: o Tutty Vasques também teria dançado da "Veja Rio" por ter citado o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista, criado por Paulo Henrique Amorim) em sua coluna.
Mais sobre o tema no Observatório da Imprensa.

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A semana nos cineclubes


Hoje: Sessão animada no Cineclube Outros Tempos (Arte Jovem Brasileira, Bar Convés, Rua Coronel Tamarindo, 137, Grogotá, Niterói), às 20h. Ingressoas a R$ 1,99.


Quinta-feira: "A Feira dos Imortais", de Leo Ribeiro; "Áspero-2", de Frederico Cardoso; "Ela quer ter um filho", de Paulo F. Camacho; e "Aranhas Tropicais", de André Francioli, no Cineclube Beco do Rato (Rura Morais e Vale, entre a Avenida Augusto Severo e a Rua da Lapa), às 23h. Entrada Franca.


Sexta-feira: "Saliva", de Esmir Filho; "O lobinho nunca mente", de Ian SBF; "A curva", de Salomão Santana; "Pequenos tormentos da vida", de Gustavo Spolidoro; "Ícarus", de Victor-Hugo Borges; "Alphaville 2007 d.C" (foto acima), de Paulinho Caruso; e "Um ramo", de Marco Dutra e Juliana Rojar, no Nictheroy Cine Clube (Cine Arte UFF, Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói), às 21h. Entrada Franca.


Sábado: "O Bandido da Luz Vermelha" (foto abaixo), de Rogério Sganzerla, no Cineclube Goteira (Sala Popular de Cinema Zelito Viana, Auditório da Prefeitura, Avenida União, s/nº, Centro, Mesquita), às 19h. Entrada Franca.


Domingo: "O Pequeno Narigudo", de Ilka Maximov, Cineclube Infantil (Sesc Ramos, Rua Teixeira Franco, 38, 2º andar), às 14h. Entrada Franca.


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sexta-feira, 4 de abril de 2008

Apologia da mediocridade


Por Eduardo Souza Lima

David Zylbersztajn, ex-genro de Fernando Henrique Cardoso, começou de mansinho sua carreira de blogueiro no Globo Online - ele faz parte da "Turma do Ancelmo". Aos poucos, porém, percebeu que havia espaço no site para um polemista estilo "Veja" e resolveu dizer a que veio - evidentemente se arvorando cidadão de bem indignado. Dia desses, bancou o John Wayne, num post em que defendia a invasão do Equador pela Colômbia: "Fosse eu cidadão de um país democrático, sofrendo os horrores de narco-terroristas sem causa, (...) se pudesse iria caçá-los onde estivessem, nem que para isto fosse preciso atravessar todas as portas do Inferno de Dante" - uiuiui!!!!. E, recentemente, partiu em defesa de Marcelo Madureira num texto raivoso, ofensivo e despropositado.

Zylbersztajn não vê nada demais em Marcelo Madureira chamar quem quer que seja de merda. Mas acha um absurdo que se faça um ato de desagravo pacífico ao ofendido. Zylbersztajn é daqueles cidadãos de bem indignados de uísque que vivem clamando por Justiça, mas que acham inconcebível o oficial de Justiça bater à sua porta. Para ele e sua turminha, o direito à liberdade de expressão é privilégio de uma casta - mexer com os judeus, por exemplo, é outra história (leia aqui).

Zylbersztajn diz adorar Glauber: "Pelo que falava, escrevia, e, menos, por seus filmes, que vi, todos, na velha cinemateca do MAM". Um cara que se diz tão culto menospreza Dejean Magno Pellegrin - a quem trata, desrespeitosamente, de "um tal Pellegrino" -, ninguém menos do que um dos fundadores da cinemateca que ele garante que freqüentava.

É um apologista de mediocridade que tece odes ao Oscar e a Cecille B. de Mille e que diz adorar, de verdade, o cinema nacional: "Por coincidência, o bom cinema nacional hoje não carrega, em seus créditos, nenhum dos patetas citados na reportagem", escreve. Os "patetas citados" são Paulo Cézar Saraceni, Cacá Diegues, Cláudio Assis e Bruno Safadi. O que Zylbersztajn considera o bom cinema nacional ele não revela. E alguém tão superior intelectualmente deveria reconhecer uma polêmica fabricada e saber que os "patetas citados" não procuraram "O Globo" para polemizar e, sim, foram procurados pelo jornal.

Mas é quando escreve que Glauber "teria ojeriza a esses bajuladores medíocres que mamam nas tetas do patrocínio público, da renúncia fiscal dedicada a festinhas e ao enriquecimento ilícito às custas do povo brasileiro" que Zylbersztajn, que não é humorista, mostra a sua cara. Na verdade o moço é um ressentido que sente falta da boquinha que o sogrão lhe arrumou como diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo.

E ele é apenas mais um.

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Macalé de graça no domingo


O cantor e compositor Jards Macalé se apresenta com seu violão no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas neste domingo a partir das 18h, com entrada franca. No roteiro do show, que faz parte da série Vertentes Cariocas, parcerias com Waly Salomão que foram gravadas no álbum "Real Grandeza" (Biscoito Fino, 2005), entre elas "Anjo exterminado", "Senhor dos sábados", "Dona de castelo", "Olho de lince", "Mal secreto", "Berceuse criolle" e "Vapor barato". O Parque das Ruínas fica na Rua Murtinho Nobre, 169, em Santa Teresa. O show será ao ar livre, para um público de até 400 pessoas. Se chover, será transferido para um auditório de 120 lugares.

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Cadê o dossiê?


Será que evaporou, que nem febre amarela?

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

O fim de semana nos cineclubes


Amanhã, às 13h, o Cineclube Ankito (CEFET Química, Rua Lúcio Tavares, 1045, Centro, Nilópolis, exibe "O mesmo amor, a mesma chuva", de Juan José Campanella; às 18:30h tem "O Sol – Caminhando contra o vento" (foto), de Tetê Moraes e Martha Alencar, no Cineclube Sem Tela (no Observatório de Favelas, Rua Teixeira Ribeiro, 535, Parque Maré, Maré, na altura da passarela 9 da Avenida Brasil); e o Curta o Curta (Ateliê da Imagem, Avenida Pasteur, 453, Urca) passa "Convite para jantar com o camarada Stalin", de Ricardo Alves Júnior; "Pare, olhe, escute", de Carlos Augusto e Zé; "Sós na fronteira", de Ricardo Targino; "Tripulante", de Dirnei Prates; e "Rapsódia do absurdo", de Cláudia Nunes, às 19:30h.
No sábado tem "Fazendo as regras", de Cláudio Lemos, e "As aventuras de Sérgio Mallandro", de Erasto Filho, às 16h, no Cineclube Phobus (Sesc Tijuca, Rua Barão de Mesquita, 539); e "Alma Suburbana", de Luiz Claudio Lima, Hugo Labanca, Leonardo Oliveira e Joana D'arc, no Cineclube Subúrbio em Transe (Papo de Esquina, esquina da Rua Antônio Storino com a Marco Polo, Vila da Penha), às 18h; e no domingo, às 14, passa o desenho animado "Ben Hur", de Bill Kowalchuk, no Cineclube Infantil (Sesc Ramos, Rua Teixeira Franco, 38, 2º andar). Tudo com entrada franca.

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Uma canção ao cair da tarde: "Queimando tudo", Planet Hemp




Andam dizendo que o Marcelo D2 tá tirando onda demais, mas o cara tem moral pra isso. Em 1997 o rapper e a galera do Planet Hemp passaram oito dias em cana em Brasília por cantar o que acreditavam. A gente não se lembra dos ditos defensores da liberdade de expressão de ocasião fazendo passeata por causa disso. Teve uma matéria no "Globo" e quem participou dela sabe o quanto foi difícil encontrar alguém pra se pronunciar - é por isso que nós damos o maior ponto pra Soninha.

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Barrosinho in concert


Fundador da inigualável Banda Black Rio e criador da maracatamba - gênero musical que funde samba e maracatu -, o trompetista Barrosinho lança o álbum "Praça dos Músicos" (Kalimba Produções) amanhã, às 20h, na Sala Cecília Meireles (Largo da Lapa, 47) com ingressos a R$ 15. No repertório, maravilhas como "Asdrúbal vendeu o trombone", "Saiu do forno agora", "Campos de Goytacases" - feita em homenagem à sua cidade natal - e "Quilombo".

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Tem mangue bit e outros sons no Beco do Rato


Chico Science e o movimento que botou Pernambuco no mapa musical do mundo têm suas histórias contadas em "O mundo é uma cabeça", de Bidu Queiroz e Cláudio Barroso, que passa hoje no Cineclube Beco do Rato (Rura Morais e Vale, entre a Avenida Augusto Severo e a Rua da Lapa). A música é o tema da programação de hoje, que tem também "Rua da Escadinha 162", de Márcio Câmara; "Seu Minervino e a viola caipira", de Pedro da Costa Lyra; "Viva volta", Heloisa Passos; e "Pânico em SP", de Cláudio Morelli. A sessão começa às 23h e a entrada é franca.

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quarta-feira, 2 de abril de 2008

A volta do Conversa Fiada


Galera da comunidade Volta Conversa Fiada, é hora de comemorar: Marco Palito (com o indefectível e-meia na foto) e sua trupe voltam às lonas culturais em julho. A princípio vão ser pelo menos oito apresentações.
Para quem não conhece, o Conversa Fiada é uma espécie de programa de auditório, criado em 1996, que costumava levar em média 800 pessoas por noite às lonas de Realengo, Bangu e Anchieta - com a maior parte do público sentado no chão, já que a capacidade de cada uma delas é de 350 espectadores. Com uma equipe de 30 pessoas, entre elas cinco artistas fixos - o quadro do Bonequinho Vil é o mais famoso -, o Conversa Fiada também revelou talentos do subúrbio, já que sempre há artistas convidados locais em suas apresentações. Quando a programação estiver fechada, a gente divulga. Leia aqui a história de Marcão.

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terça-feira, 1 de abril de 2008

O adestrador de entrevistados se deu mal


De rolar de rir a cara de desapontamento e espanto de Jô Soares ao não conseguir arrancar nenhum depoimento contra Hugo Chávez de Juan Carlos Lecompte, marido de Ingrid Betancourt, em seu programa de ontem. Ao contrário, Juan Carlos não cansou de elogiar o presidente da Venezuela. Segundo ele também, pelo menos mais oito pessoas seqüestradas pelas Farc teriam sido libertados caso Uribe não tivesse invadido o Equador e Raúl Reyes não tivesse morrido. Pautaram mal o apresentador.

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Bem Comer: O gosto do torresmo


Por João Moraes*

Há várias qualidades a se apreciar em um torresmo e muitos são os tipos desse manjar suíno. Torresmo de barriguinha, torresmo crocante com faixas de carne torrada, compridos feito pequenas ripas, torresmos só de pele e banha e os magnânimos torresmos estilo Babaloo, que têm por dentro aquela bolsinha de gordura líquida. São esses que nos escorrem pelos cantos da boca, deixando as laterais inferiores da face, por mais que se esfregue o guardanapo, com aquele tom lustrado e o indefectível aroma de chiqueiro junto ao bafo. Recomendo, neste caso, a ingestão imediata e atabalhoada de uma vigorosa pinga, de modo que esta também escorra pelos mesmos lugares, disfarçando o cheiro de gordura crua.

Mas o que há de melhor nesses cubinhos de porco fritos em bacias de banha não está nem na consistência, nem no formato e nem mesmo no manejo pela hora da ingestão; bom mesmo em um torresmo é a ocorrência de cabelos.

Um torresmo com cabelos traz ao fruidor culinário o encontro com a roça brasileira; é uma verdadeira pílula sertaneja esse acepipe etnográfico. Um torresmo cabeludo quase nos faz sentir a picada ardente da muriçoca ou mesmo o ataque sem tréguas de borrachudos aos nossos tornozelos.

Ah, como são comoventes os sabores do interior brasileiro!

Torresmos jamais deveriam ser servidos sem um bom chumaço de pêlos. Esses são os torresmos que costumamos chamar de pega-rapaz.

Há que se recomendar ainda que os bons torresmos só são verdadeiramente bem preparados e servidos quando confeccionados em botequins cujos donos tenham gatos no depósito de bebidas, perto do banheiro. O cheiro da urina felina combina com as tessituras e as fragrâncias do bom torresmo, tornando-o um manjar verdadeiramente incomparável.

*João Moraes é cineasta e personal gourmet da Zé Pereira.

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