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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Samba com arte


Amanhã tem lançamento do livro "Arte brasileira no século XIX", de Sonia Gomes Pereira, na Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37), a partir de meio-dia, com roda de samba depois das 14:30h.

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Curtas do Cine-PE


O Cine-PE, que acontece de 23 a 29 de abril, divulgou a lista de curtas de sua mostra competitiva. Tem filme muito rodado, mas o festival de cinema do Recife é um dos mais bacanas do Brasil: "Até o sol raiá" (PE), de Fernando Jorge e Leandro Amorim; "Café com Leite" (SP), de Daniel Ribeiro; "Câmara viajante (CE), de Joe Pimentel; "Cânone para 3 mulheres" (SP), de Carlos Nogueira; "Comprometendo a atuação" (MT), de Bruno Bini; "Décimo segundo" (PE), de Leonardo Lacca; "Dossiê Rê Bordosa (RJ), de César Cabral; "Drežnica" (RJ), de Anna Azevedo; "Engano" (RJ), de Cavi Borges; "O Livro Walachai" (RJ), de Rejane Zilles; "Ocidente" (PE), de Leonardo Sette; "Os filmes que não fiz" (MG), de Gilberto Scarpa; "Pajerama" (SP), de Leonardo Cadaval, "Pugile" (SP), de Danilo Solferini, "Saliva" (SP), de Esmir Filho; "Satori Uso" (PR), de Rodrigo Grota; "Um ramo" (SP, foto), de Juliana Rojas e Marco Dutra; "Um ridí­culo em Amsterdã" (SP), de Diego Gozze; "Uma" (DF), de Nara Riella; e "Trópicos das cabras" (SP), de Fernando Coimbra.
Entre os vídeos classificados está "O paradoxo da espera do ônibus" (RJ), do homem-cinema Christian Caselli. No site do festival tem a lista completa.

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QuadrinhosQuadrinhos



O número 4 da Zé Pereira traz duas histórias em quadrinhos inéditas. Em comum elas têm nomes enormes. "A Bronzeada é minha Madeleine de Proust" dá seqüência à série multimídia do Urubucamelô. O roteiro é do criador do personagem, Fernando Gerheim, e os desenhos, do curitibano José Aguiar. Nosso herói teve sua origem contada no curta que você pode ver no site. E na Zé Pereira número 2 saiu "Que cheiro inominável é esse que vem da Barra da Tijuca", conto de Fernando ilustrado por Aguiar. Terá conseguido o Urubucamelô comer a Bronzeada?
De Barcelona, Marcello Quintanilha, o Gaú, mandou "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco", HQ em que experimenta um novo estilo. Marcello atualmente trabalha na série "Sept balles pour Oxford" ("Sete balas para Oxford"), que tem roteiros do argentino Jorge Zentner e é editado na Europa pela editora belga Lombard. No Brasil, a Editora Conrad publicou o magnífico álbum "Fealdade de Fabiano Gorila".

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tr1L0g1a: Parte 2

Por Zé José


Pra ver direito tem de clicar na imagem.

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Riscos no céu




Hoje, o Rio amanheceu pelo segundo dia seguido com o céu riscado de branco. No Hemisfério Norte é comum os aviões deixarem rastros, mas no Sul isso é bem raro. Tornando o fenômeno ainda mais intrigante, hoje de manhã havia um enorme halo circundando o Sol. Será que o planeta está de cabeça para baixo? Seria a Reviravolta da Terra prevista por Johan Klosterman? No sub-literatura deve ter alguma explicação.

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Cenas cariocas II

Por Eduardo Souza Lima


No parquinho ao lado da Igreja de Realengo, Eva chorou.

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Banco de Sementes de Aldeia Velha precisa de amigos


Está quase pronto em Aldeia Velha – distrito de Silva Jardim, norte do Estado do Rio de Janeiro – o primeiro banco de sementes escolar-comunitário do Brasil. A casa de pau-a-pique, construída em mutirão, vai ser um espaço de armazenamento e troca de sementes crioulas e agroecológicas de toda a região - mais a idéia é criar depois redes nacionais. E como está localizada dentro de uma escola, será um local de aprendizado para crianças, jovens e adultos que lá estudam. Mas o pessoal está precisando de uma força para comprar algumas coisas (uma porta, uma janela de 1x1m, uma janela-balcão de 1,5x1m, duas mesas para dois computadores – que vão rodar programas em Linux - estantes ou armários de madeira). Quem quiser ajudar, é só escrever para o e-mail escoladamataatlantica@gmail.com para pedir mais informações.

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Pop itinerante


Hoje tem show da Companhia Intinerante no Cinemathèque Jam Club (Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo). A banda formada por Caio Figueiredo (voz e guitarra), Chico Junqueira (baixo e voz),
David Bessler (guitarra e voz), Diogo Salles (guitarra e voz) e Jonathan Gregory (bateria e percussão) lança o seu novo álgum, "Sendo eu", a partir da 20h.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Uma canção ao cair da tarde: "From her to Eternity"




Nick Cave & the Bad Seeds, numa canja no "Asas do desejo" do Win Wenders. Sonhem com os anjos.

P.S.: o australiano Nick Cave morou uns anos em São Paulo e foi embora porque não conseguiu se enturmar. Voltou pra Berlim, onde seus amigos falam inglês. Deviam ter avisado pro gringo que quem manda aqui é nois.

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Cine Rosa no Cabeção


Hoje tem a terceira edição do Cine Rosa no Cine Glória (no Memorial Getúlio Vargas). A partir das 19:30h entram em cena o DJ Lencinho e a sessão Take 021, com sete curtas: "Gentileza" (foto), de Dado Amaral, "7 minutos", de Cavi Borges, "Papo de botequim", de Alan Ribeiro, "Vila Mimosa", de Felipe Nepomuceno, "Mal secreto", de Karla Sabah, "Um branco súbito", de Ricardo Mehdeff, e "Invenção da infância", de Liliana Sulzbach. Às 21:30h é a vez de Fabio Maracuta e MC Shackal. A entrada é franca.

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tr1L0g1a: Parte 1

Por Zé José


Clique na imagem para ver melhor.

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"Drežnica" no HotDocs


O curta-metragem "Drežnica", de Anna Azevedo, que esteve no Berninale Shorts do último Festival de Berlim, foi selecionado para o Hot Docs: Canadian International Documentary Festival, um dos mais importantes do gênero no mundo. O HotDocs acontece de 17 a 27 de abril, em Toronto.

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Hoje tem Cachaça e Macalé


O Cachaça Cinema Clube de hoje vai ser um bocado especial. Pra começar tem a estréia mundial do curta "Tira os óculos e recolhe o homem", um filme-gibi de André Sampaio sobre um samba-breque de Moreira da Silva e Jards Macalé. Depois rola o Cine Macalé, um show musical-cinematográfico de Jards Macalé. Acompanhando a projeção de cenas dos filmes em que participou, o músico apresenta suas trilhas sonoras, suas parcerias com cineastas, suas composições para e sobre o cinema. No Odeon, a partir das 21h.

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Arte e tecnologia


Começa hoje o no Rio o File - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, o maior evento de arte e tecnologia do Brasil. E este ano ele vai é realizado quase que simultaneamente Porto Alegre (no Santander Cultural; lá começou no dia 20 e vai até 20 de abril) e no Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, até 30 de março). Pela primeira vez são realizadas mostras simultâneas, com obras que poderão ser vistas pelos públicos das duas cidades. Com curadoria de Ricardo Barreto e Paula Perissinoto, o File vai apresentar cerca de 150 obras – webart, netart, vida artificial, hipertexto, animação computadorizada, teleconferência em tempo real, realidade virtual, software art, além de games, filmes interativos, e-videos, panoramas digitais (fotos 360) e instalações de arte eletrônica – de 90 artistas de 22 países. O Oi Futuro funciona de terça-feira a domingo, das 11h às 20h, e a entrada para o festival é franca.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Cenas cariocas I

Por Ota


A boate Help, que está prestes a cerrar as portas, pelo legendário ex-atual editor da "Mad" brasileira. Este desenho foi feito durante as filmagens do documentário "Rio de Jano". Ota, Jano e Marcello "Gaú" Quintanilha se reuniram no saudoso Tangará - aquele das magníficas batidas -, na Cinelândia, para bater um papo sobre desenho e sobre a cidade, em 30 de novembro de 2000. A idéia de Ota é que a turma seguisse para Copacabana depois - e não foi nada fácil demovê-lo da mesma.


Clique no desenho para apreciá-lo em todo o seu esplendor.

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Sessão da tarde: "Homeless"




Documentário de Anna Azevedo, Kelen Pessuto, Marília H. Costa, Rodrigo Leite e Tomas Barros, feito durante uma oficina de Abbas Kiarostami na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2004.

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Dando idéia


Esta sugestão veio do Bender Blog. Acho que vamos adotar. Enquanto isso, o mais recente capítulo da reportagem de Luis Nassif fala das relações da "Veja" com a Editora Record.

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"A Estrela": Episódio I

Por Roger



Clique na tirinha para ler melhor.

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Canecão: a "fachada" está caindo


Por Luiz Bello
Foto: Eduardo Souza Lima


Está lá, em "O Globo", em "O Dia" e no "Estado de São Paulo": o Ministério Público Federal descobriu que o senhor Mário Hamilton Priolli usou uma empresa de fachada para burlar a legislação em vigor e conseguir incentivos fiscais, que incluem - através da Lei Rouanet - um vultoso patrocínio da Petrobrás. A manobra consistiu em usar a razão social de outra empresa, a Canecão Promoções e Eventos LTDA, para ocultar as irregularidades da Canecão Promoção e Espetáculos S/A. Assim, as dívidas previdenciárias desta última não impediriam que a primeira usufruísse os R$ 7,5 milhões anuais previstos no contrato fechado com a Petrobrás no ano passado. Um detalhe: Priolli é o sócio majoritário de ambas.

Por lei, quem dá calote no Governo não pode ser patrocinado por uma estatal, nem ser beneficiado por incentivos fiscais. Mas a empresa de fachada do senhor Priolli - que segundo o Ministério Público Federal, existe há 11 anos e não tem um único empregado sequer – conseguiu ludibriar a Petrobras e o próprio Ministério da Cultura, que aprovou o patrocínio. A ação do Ministério Público não começou ontem: a sonegação
praticada pelo Canecão já ocupara os noticiários no ano passado. No entanto, só agora a Petrobrás, em tom relutante, decidiu "acatar a decisão do Ministério Público", após receber uma notificação que a "proíbe de repassar recursos de patrocínio para a casa de shows", segundo O Globo de hoje.

Resta saber porque tanta condescendência com um empresário acusado de "falsidade ideológica e estelionato qualificado", segundo o "Estadão" de hoje. Que retorno trás a imagem pública da Petrobrás essa associação com alguém que, nas palavras do próprio procurador da República, José Maria Panoeiro, pratica "fraudulenta utilização de uma pessoa jurídica em lugar de outra"?

Assim, além de aplaudir a persistência do Ministério Público Federal, cabe perguntar: como um estratagema tão óbvio (a empresa de fachada sequer tinha denominação ou sócio diferentes da original) passou pelo crivo jurídico de órgãos responsáveis por movimentar enormes quantias em patrocínios, como é o caso da Petrobrás e do próprio MinC?

A Zé Pereira número 2 destrinchou a querela envolvendo o Canecão, a UFRJ e a Associação dos Servidores Civis do Brasil.

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Eu quero o meu Delorean!


Por Fernando Barreiros*
Ilustração: Zé José


Vocês, velhos de 40 anos, ficam se lamentando porque os anos 80, sua época de glória, seus anos dourados, acabaram. Ficam se lamentando porque o comunismo não deu certo, se lamentando porque nunca mais verão o Echo and The Bunnymen, se lamentando porque seus ídolos agora estão completamente loucos porque tomaram ácido demais ou porque ficaram chatos no início dos anos 90. Mas por acaso vocês já pensaram nos jovens que vivem nos anos 80 mesmo estando no século 21? Nós, os "pós-pós-punk", queremos viver nos malditos anos 80. Queremos ter vivido na época em que ser um niilista punk autodestrutivo que morre aos 27 por overdose de heroína era style. Achamos todas essas bandinhas novas uma merda, essa coisa de Blink, Fresno, MCR, uma grande merda. De bandas novas só gostamos daquelas que copiam alguma banda dos anos 80. Ouvimos B-52's, idolatramos Robert Smith, temos o cabelo igual ao do Ian McCulloch e do William Reid, usamos óculos escuros de noite, abominamos os anos 2000 assim como vocês faziam com os anos 90. Para nós, é que nem em "Trainspotting" quando ele está conversando com sua namorada de 14 anos e ela diz "Iggy Pop não está morto?" Só que nós sentimos isso todos os dias quando comentamos de alguma banda com alguém essa pessoa diz "Quem?". Então, seus velhos escrotos, tenham um pouco mais de respeito pelos mais jovens! Nós queremos os anos 80 tanto quanto vocês! Os anos 80 não são seus! Nós também podemos usar topetão new wave (claro que quando ficamos ao lado de nossos pais somos tachados de Mini Me)! Cadê meu Delorean pra poder ver Echo and The Bunnymen, porra!?

* Fernando Barreiros tem 14 anos e escreve no blog ilícito.

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Crossover



Por Heitor Pitombo

Muito se falou sobre "Juno", filme do diretor Jason Reitman (o mesmo do interessante "Obrigado por fumar"), que corria o risco de ganhar um monte de estatuetas do Oscar, mas só faturou a de melhor roteiro original (de autoria da ex-stripper Diablo Cody). No entanto, a trama do filme, ao colocar a jovem Ellen Page como filha do (excelente) J. K. Simmons, cria uma situação que o mais criativo roteirista de quadrinhos de super-heróis jamais poderia imaginar. Algum leitor dos X-Men poderia supor que Kitty Pryde (interpretada no filme "X-Men - O confronto final" por Page) poderia ser filha de J. Jonah Jameson (personagem que foi encarnado por Simmons na trilogia do Homem-Aranha para o cinema)? E tem mais. A personagem Juno pode ser até meio debilóide, mas Kitty Pryde entregar a filha que guarda em seu ventre para ser criada pela ninja Elektra – a executiva que recebe o filho de Juno é interpretada justamente por Jennifer Garner, que fez o papel da grande paixão do Demolidor em dois longas metragens – é algo que, definitivamente, não está no gibi (da Marvel).

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O chato de galochas vai ao cinema


Onde os fracos não têm vez/Juno

Por Sidney Garambone

O rol de elogios ao último filme dos irmãos Cohen transcende os bairros:

Panegírico 1: "Incrível a cena do caipira no quarto, tenso, aflito, esperando o assassino aparecer. Que suspense".
Panegírico 2: "Genial o cara matar as pessoas com um cilindro de ar comprimido".
Panegírico 3: "Acho que é o melhor filme deles. Aqueles americanos ordinários protagonizando uma trama sofisticada".

O filme não é ruim. Mas, humilde opinião, não é tão bom quanto o Oscar e os críticos brasileiros acham. A filmografia fraterna é excelente. Por gosto pessoal, "O homem que não estava lá" ganha o lugar mais alto do pódio. Disputando páreo a páreo com "Fargo". E é sobre "Fargo" que deve-se refletir. Apesar do divertido "Barton Fink" ter ido às telas antes, foi o périplo da xerife grávida e comilona atrás de um assassino que fez a fama dos cineastas, rotulados então de inovadores e surpreendentes.

A fonte é a mesma, como disse o terceiro panegírico. Só que muito mais redondo. A atriz Frances McDormand dá um show de interpretação e o filme desliza uma poesia crua pelo cotidiano simples de gente simples repentinamente surpreendido por um crime bolado por um gerente de uma revendedora de automóveis. Papel, aliás, que finalmente pôs o talento de William Macy no devido lugar.

E o atual? "Onde os fracos não têm vez"? O título lembra o Campeonato Carioca de 2008. Mas imaginemos Javier Bardem chegando a um boteco de Madri e encontrando vários amigos.

- Bardem, viejo! Qué película!

E só.

Muito diferente do que deve ter ouvido por "Mar adentro", onde emocionou meio mundo interpretando um doente terminal, suscitando emoções adormecidas no público.

A interpretação dele, como maníaco assassino perigoso, é estupenda.

E só.

Não basta um filme ter um ator afinadíssimo com o personagem. Muitos andam reclamando do final repentino, mas isto é detalhe cartesiano. O que incomoda em "Onde os fracos não têm vez" é a absoluta falta de mensagem e conteúdo, típico dos filmes de Tarantino, onde forma e roteiro casam perfeitamente, irretocáveis e maravilhosos, mas, infelizmente, ocos.

Qual a moral da história? Delegado em fim de carreira quer fugir dos problemas? Caçador veterano do Vietnã não consegue entender porque ficou desonesto de uma hora para a outra? Sentimentos atávicos são difíceis de evitar? Chicanos adoram se matar no deserto? Malucos matam porque são malucos? Matador legal tem ética e precisa ser perdoado pelos críticos?

É pouco, muito pouco. E raso. Mas talvez, alegarão alguns, não é mais preciso ter moral da história. Aí voltamos a Tarantino etc e tal.

Para não dar trela a Associação de Ranzinzas Contemporâneos, que tal esquecer os irmãos Cohen e partir para uma comédia badalada e também elogiada pela crítica?



"Juno"!

Outra decepção.

Povo besta que acha engraçado uma gravidez numa adolescente. O filme não se resolve do ponto de vista dramatúrgico. O pai de Juno é um sargento Pincel americano, que não passa a menor veracidade em frase alguma. As grosserias saídas da protagonista são inteligentes e finas, excelente para serem lidas, porém desconexas e sem graduação dramática. As cenas não convencem, beiram o "Zorra Total". E a única personagem lúcida e não caricata, a médica que faz a ultrasonografia, é ridicularizada pela enteada da protagonista.

O grande pecado do filme foi querer ser engraçado, optando pelo riso em vez da reflexão. Estética moderninha, bonitinho, recursos gráficos engraçadinhos, mas covarde por não assumir a emoção contida nos últimos 15 minutos. É no epílogo que o filme cresce, aprofunda e provoca. O resto é seriado americano juvenil, onde a melhor piada é estar concorrendo ao Oscar de melhor filme.

Estou muito chato ultimamente. Melhor beber.

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sábado, 23 de fevereiro de 2008

Negão Bolaoito entrevista


Estréia amanhã, às 20:30h, no programa "Retalhão", do Canal Brasil, "Negão Bolaoito Talk Show - Melhores Momentos", série em animação da Toscographics. O personagem criado por Allan Sieber nasceu na tira de quadrinhos "Bifaland", que foi publicada no "Estado de São Paulo" em 1996 e 1997. Assista ao piloto da série aqui. É de se escangalhar de rir.

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dos subterrâneos do Morro do Castelo


Por Eduardo Souza Lima

Os crias dos infernos aí do lado, em foto de Marcio Roberto, são os Monstros do Ula Ula. Se você ainda não teve o prazer de conhecê-los, pode fazer isso no My Space, no blog deles, no Fotolog, no Orkut, ou no vídeo aí embaixo - tá mal gravado pra dedéu, mas foi o Kadu, ex-baterista deles, que botou no YouTube; também dá pra assistir ao videoclipe de "Babe Ula Ula" aqui. Ou ver os caras ao vivo amanhã, de graça (com Super Hifi e Os Gatunos), a partir das 18h, na calçada em frente ao no La Cucaracha Bazar e Galeria (Rua Teixeira de Melo 31, Ipanema, junto à Praça General Osório). Os Monstros do Ula Ula são Lucky Luciano (vocal), Diba Delgado (guitarra e vocais), Kalango (guitarra e vocais), o formidável
Formigão (baixo) e Pedrosa (bateria).


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Grande Jorge!


Hoje, a partir das tem festa Salve, Jorge! na Cinemathèque Jam Club (Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo). O DJ Jorge Luiz promete tocar de Clementina a James Brown, da Banda Black Rio a Miles Davis. A festa tem também a participação especial de DJ Gutz! e show de Ana Costa & Sambaben. Os ingressos custam R$ 20.

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Zé Pereira na Augusta


Tem novo posto de vendas da Zé Pereira em São Paulo: a livraria do Espaço Unibanco de Cinema, que em breve inaugura suas novas instalações. O endereço é Rua Augusta 1.475.

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Jornalismo de ocasião


Ontem o Brasil, pela primeira vez na História, passou de devedor a credor - o que pode significar o fim da dívida externa do país - e a manchete do "Jornal da Globo" parecia dizer só uma coisa: "Lula não tem nada a ver com isso". Pode ser. O problema é que ninguém disse que isso aconteceu graças ao atual presidente. Não havia na reportagem ninguém do governo se gabando do feito. Na verdade, ela se limitava a William Waack pedindo a Carlos Alberto Sardenberg que explicasse ao espectador que o que aconteceu foi resultado de um longo processo. Sardenberg também disse que, grandes coisas, o negócio agora era acabar com a dívida interna. Ele até admitiu que esta vinha caindo, mas não o suficiente. Sobre isso, ele não falou se tratar de um longo processo - e menos ainda que a dívida interna brasileira explodiu justamente nos anos FHC. No fim, os dois minimizaram ao máximo o fato, tratando-o como irrelevante. Como assim? Então porque foi a matéria principal do telejornal?
E esses caras ainda se dizem jornalistas.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A culpa é do Lula

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As máscaras continuam caindo


Leia aqui - uma cortesia do Luis Nassif. Enquanto a grande imprensa ignora, o Pedro Doria comenta.

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"Festeiro" no CCC


Foto de Clara Grivichich

O saxofonista e flautista Alexandre Caldi - Garrafieira, Sincronia Carioca e LiberTango, entre outros - lança hoje, a partir das 21h, no Centro Cultural Carioca (Rua do Teatro, 37, Centro), "Festeiro", seu primeiro álbum solo. O disco é quase todo de composições próprias do músico, mas traz também versões bem bacanas de canções como "Canto de Xangô" (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e "Deixa a menina" (Chico Buarque). Alexandre toca acompanhado de Nando Duarte (violão e guitarra), Marcelo Caldi (acordeão e teclados), Rodrigo Villa (baixo), Fábio Luna (percussão) e Carlos César Motta (bateria). O show terá as participações especiais do violinista Nicolas Krassik e do saxofonista Mauro Senise. Os ingressos custam R$ 20.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Time que está ganhando


Saiu ontem uma pesquisa CNT/Sensus dizendo que Lula tem o maior índice de aprovação desde 2003 - seu desempenho pessoal foi aprovado por 66,8% dos entrevistados - e não há uma mísera linha sobre isso nas capas do "Globo" e da "Folha de São Paulo". Pode-se não gostar do presidente, achar que o governo é corrupto, mas, peralá, isso não é notícia não? O "Estado de São Paulo" e o "Jornal do Brasil" não fizeram alarde, mas pelo menos informaram o leitor.
A oposição segue perplexa, sem entender o que está acontecendo. Mas basta acompanhar o que anda saindo na grande imprensa para se ter uma pista: são tantos escândalos fabricados (estão agora reclamando de um ministro que gastou R$ 26 num almoço para duas pessoas em Florianópolis) que depois são esquecidos (cadê a epidemia de febre amarela?) que mesmo quando aparece uma denúncia séria, ninguém mais leva a sério. Batem tanto, botam tanto defeito, que a galera está com medo que, caso entre alguém no lugar de Lula, mexa em time que ela acha está ganhando - mesmo que saiba que este governo está longe de ser perfeito.

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Fidel chamou o Raúl


E não foi de tanto beber morrito. Para o bem ou para o mal começou o século XXI.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O ano em que a neve saiu de férias


Texto, fotos e vídeos de Anna Azevedo*

BERLIM. O 58° Festival Internacional de Cinema de Berlim terminou ontem, domingo, com a exibição dos últimos filmes da grade da programação. O resultado saiu no sábado à noite, e a escolha de "Tropa de elite" como o melhor filme foi o capítulo final de uma edição da Berlinale que deixou em todos uma sensação de que em tudo este ano não foi igual àquele que passou. A começar pelo tempo. Comenta-se por aqui que em 58 anos de festival, este foi o primeiro em que a neve e o frio não deram o ar da graça.

A Berlinale é conhecida como o festival do gelo, pois dentre os três maiores eventos de cinema do mundo (Cannes, Veneza e Berlim) é o unico realizado no pico do inverno, com a neve cobrindo as ruas, os corvos grunhindo e sobrevoando a cidade ao fim do dia, as árvores carecas e os convidados cruzando as strasses encolhidos, praticamente só com os olhinhos de fora.

Em 2008, estranhamente, a temperatura se manteve sempre acima de zero, em torno dos 8 graus durante o dia, e o tal do vento siberiano que varre esta planície soprou para outros lados. Aquecimento global? Desta forma, a Potsdammer Platz, o QG da Berlinale, mais do que nunca virou um vai-e-vem frenético de gente de todas as partes do mundo correndo de uma sessão para outra, entrando e saindo dos metrôs: mais de 19 mil pessoas de 120 países, quatro mil jornalistas, 200 mil ingressos vendidos, 400 filmes, 30 salas de cinema vendendo ingressos por uma média de 7 euros, cerca de R$ 18. Ou seja: pouco mais do que pagamos, no Brasil, cerca de R$ 16 o ingresso adquirido por pessoas que ganham menos da metade de um berlinense.
E neste veranico de inverno tão atípico, os filmes...

Salas cheias

A Berlinale consegue mobilizar a classe média berlinense, profissionais liberais, estudantes, jovens. Uma sessão de filmes de curta-metragem, numa quarta-feira às 14h, por exemplo, consegue estar tão lotada quanto uma pré-estréia internacional num fim de semana à noite. Não há salas de cinema vazias na Berlinale.



Berlim é um festival pró-ativo, ou seja, os cineastas convidados não fazem turismo na cidade. Uma vez aqui, ao trabalho! Trata-se de um festival que proporciona à platéia o contato direto com os diretores, que cumprem uma rotina de aparecer em todas as sessões de seus filmes para, ao fim, responder as perguntas do público, fazer fotos, além de entrevistas e outras atividades.

É um festival para encontros de negócios, todos estão conversando, tentando fechar uma co-producão, Berlim é a hora e o local. O Brasil contou com um serviço de divulgação dos filmes nacionais que veio para substituir o trabalho antes realizado pelo Grupo Novo de Cinema nos festivais internacionais. Mas que, infelizmente, não cumpre integralmente a tarefa para a qual os nossos impostos o paga. Para o filme estar na lista dos que serão trabalhados é preciso ser associado a uma entidade de produtores, pagar uma mensalidade, ou seja, os pequenos produtores, ou mesmo os diretores independentes e que realizam seus filmes sem suporte de uma grande produtora, não têm seus filmes divulgados. Fica, então, a pergunta: o que mudou do criticado modelo anterior do Grupo Novo de Cinema para o atual? A caipirinha da happy hour continua a mesma.

Costa-Gavras e o Chile: amor eterno

Mas os grandes negócios são fechados, mesmo, no mercado do festival, que acontece a poucos metros de onde estava o posto de divulgação dos filmes brasileiros. Ali, distribuidores brasileiros independentes, como o caso de Daniela Riberio, da Iaiá Filmes, burlaram criativamente o fato de não fazerem parte da tal da associação de produtores e dividiram espaço com vendedores de filmes de outros países. Segundo Daniela, a Iaiá, do Rio de Janeiro, saiu de Berlim com um saldo positivo. Um dos filmes com pré-venda fechada em Berlim foi "O grão", de Petrus Cariri, ainda inédito no Brasil, mas já com prêmios internacionais. Foi ali também que o cineasta greco-francês Costa-Gavras, presidente do júri deste ano e diretor de "Missing", filme seminal sobre a ditadura Pinochet, apareceu para apoiar a divulgação dos filmes chilenos.



Mesmo sem a devida exposição, foi um ano excepcional para o cinema brasileiro em Berlim. Na competição principal de longas, "Tropa de elite" trouxe para o país o segundo Urso de Ouro da História – o anterior veio com "Central de Brasil", de Walter Salles, em 1998. Na seleção oficial de curtas havia o experimental "Drežnica", dirigido por mim. Nas mostras paralelas, "Mutum", de Sandra Kogut, "Maré, nossa história de amor", de Lucia Murat, "Cidade dos homens", de Paulo Morelli e "Estômago", de Marcos Jorge. Havia, ainda, os curtas "Tá", de Felipe Sholl, que abriu as sessões do "Maré", e "Café com leite", de Daniel Ribeiro, na Generation 14 Plus. Estes dois últimos chegaram discretos, pouco divulgados e saíram de Berlim engrossando a nossa lista de prêmios: o Teddy Award de melhor curta-metragem de temática homossexual foi para o carioca "Tá". E o prêmio de melhor curta-metragem infanto-juvenil foi para o paulista "Café com leite", também de temática gay.

"Tá" não fora incluído na relação de filmes divulgados pelo estande de filmes do Brasil, patrocinado pelo programa de exportação do governo, a Ampex, contou Felipe, enquanto trocava contatos com a diretora argentina Albertina Carri, de "La rabia". Sozinho, mas agora com um Teddy na mala, estava lá Felipe divulgando o filme dele e travando contatos importantes para trabalhos futuros. Duas tevês se interessaram em adquirir os direitos do curta brasileiro.

A hora e a vez da Romênia

Desde o último Festival de Cannes, vencido pelo romeno Christian Mungiu com "4 meses, 3 semanas, 2 dias", a Romênia parecia ser a bola da vez do mercado cinematográfico. Havia muita propaganda oficial do cinema romenos espalhado pela Berlinale, apesar de o país contar apenas com dois filmes no festival, "Um bom dia para se ir à praia" e "Tarde demais", além de uma jurada, a produtora Ada Salomon, todos na competição de curtas, a Berlinale Shorts. Não deu outra: o excepcionalmente bem dirigido "Um bom dia para se ir à praia" levou o Urso de Ouro de melhor curta-metragem, reforçando o clima de ser a vez da Romênia. Para membros da equipe do curta vencedor, este era, realmente, um bom momento para o cinema dquele país.

Gays e música

Apesar de o Festival de Berlim ter um prêmio dedicado aos filmes gays, o Teddy, este tema foi uma constante neste ano, presente em número significativo em todas as mostras da Berlinale. A principal sessão do festival, a Panorama, ganhou o apelido de Panorama Gay.

Outra constante em Berlim este ano foram os filmes sobre músicos, o que trouxe à Berlinale um certo ar pop. Não à toa, o texto de boas-vindas do catálogo recebeu o título de "Let's rock!". Na abertura do festival, dia 7, ouvi a seguinte conversa na fila de venda de ingressos:
- Estou aqui para realizar os seus desejos – disse o bilheteiro para uma credenciada em busca de ingressos.
Intercedeu a amiga da cabine ao lado:
- E quem é que realiza o seu sonho de ver os Rolling Stones hoje?

Pois é, o quarteto de senhores roqueiros esteve em Berlim para a première do filme "Shine light", de Martin Scorsese, um documentário que flagra os bastidores de recentes shows da banda. Madonna também estreou como diretora em Berlim com "Filth and wisdom", uma ficção que acabou surpreendendo os críticos que esperavam ver na tela um grande desastre e saíram da sala com cometários jocosos do tipo "até que com boa vontade podemos dizer que não é péssimo".

Patti Smith fala ao público sobre seu filme


Patti Smith, a cantora americana considerada a Bob Dylan de saias, ganhou um retrato do fotógrafo Steven Sebring, que ao longo dos últimos 11 anos andou por aí filmando a performance nos palcos, sua vida privada e suas múltiplas facetas: cantora, artista plástica, mãe, filha, poetisa. O resultado, "Patti Smith: Dream of life", é um deslumbrante documentário, com belas e tocantes imagens e que foge do lugar-comum que seria retratá-la na maior parte do tempo como cantora. Ao fugir do formato documentário que mais parece um DVD, Sebring acertou em cheio, confiou em suas imagens, em sua capacidade de através delas chegar bem próximo da alma da artista. Um deslumbre em tela! Patti também esteve em Berlim, com aquele seu jeito meio largadão, e cumpriu a rotina dos demais convidados da Berlinale que, ao fim das sessões, sobem ao palco para conversar com o público. Disse ela que em nenhum momento se sentiu incomodada com a presença da câmera em sua vida privada: "Sebring, é mais do que cineasta, mais do que amigo, é muito mais um irmão".

Na linha musical ainda vimos o documentário produzido através de acordo de co-produção Brasil (Videofilmes)-Argentina, recursos da Petrobras e chancela da Ancine, "Café de los maestros", uma espécie de "Buena Vista Social Club" dos velhos regentes das clássicas orquestras de tango argentina, dirigido por Miguel Kohan e Gustavo Santaolalla. Para quem gosta de aproveitar o som dolby dos cinemas para escutar boa música, o filme é um prato cheio, entreguem-se à música e esqueçam de cratividade documental. E não parou por aí: de "Heavy metal in Baghdad", um documentário sobre bandas de heavy metal do Iraque, saiu uma das frases mais comentadas da Berlinale, dita por um roqueiro reclamando da perseguição que eles sofrem em seu país: "Se a gente usa cabelo comprido, vão dizer que somos judeus. Se balançamos a cabeça pra baixo e pra cima vão dizer que somos judeus rezando". Enfim: teve música como tema por todos os lados, incluindo no brasileiro "Maré" e em "Wild combination: a portrait of Arthur Russel". E por aí foi...

Berlinale docs

Os documentários de modo geral seguiram uma linha clássica, raros inovaram em linguagem e em temas. "Patti Smith" é uma exceção em termos de linguagem. A política e a religião foram tópicos recorrentes, sobretudo os conflitos no Oriente Médio. Em "Shaida-Brides of Allah", de Natalie Assouline, por exemplo, temos um documentário que segue o formato regular de entrevista, mas nos surpreende pelo tema e pelo texto: mulheres-bomba ou colaboradoras de homens-bomba palestinas são entrevistadas numa prisão israelense. Os relatos nos faz tatear a lógica por trás dos atentados suicidas. Contam que um homem-bomba, por seu gesto, vai para o Paraíso com direito a dezenas de virgens. Já a mulher-bomba segue igualmente para o Céu e terá a honra de ser a amante principal do homem-bomba. Lá pelas tantas, o microfone flagra uma conversa entre duas mulheres-bomba:
- O que você disse pra a diretora?
- O discurso que combinamos.

Na toca do Urso

A cerimônia de entrega dos principais prêmios do festival acontece no Berlinale Palast, na Potsdammer Platz. Trata-se de um complexo com 1.300 lugares espalhados por cinco andares e que pode tanto funcionar como espaço para projeção de filmes quanto para shows e teatro. Uma estrutura moderna, como todos os demais prédios da Potsdammer, uma praça que, antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, era uma zona vazia que dividia a Berlim Ocidental da Oriental, próximo ao Portão de Brandemburgo.



Ali, marco representativo da nova capital unificada, encontramos mostras da mais moderna arquitetura européia, com destaque para o complexo Sony Center. Parece, a bem da verdade, uma Barra da Tijuca com muito mais bom gosto. Os berlinenses costumam torcer o nariz para o Sony Center. Mas o bom gosto, característica da arquitetura e do design alemão (vale lembrar a escola Bauhaus) termina, estranhamente, no subsolo do moderníssimo Berlinale Palast, a toca dos ursos do cinema. No underground, onde acontecem as principais festas de abertura e encerramento da Berlinale, como bem associou um produtor alemão no encerramento do festival, parece que estamos no set do filme "Um drinque no inferno", de Robert Rodriguez. Você sai da modernidade e entra numa espécie de castelo mal-assombrado. Até os anjos, ícones de Berlim, ali são barrocos feios tristes, amadores.



Mas foi para o Berlinale Palast que 1.300 pessoas seguiram no sábado à noite para testemunhar para que mãos iriam os ursos de 2008. Tapete vermelho estendido para as estrelas passarem. Estrelas eternas, como Constantin Costa-Gavras e Luis Buñuel, diretor homenageado com uma retrospectiva de sua obra. Dentre as estrelas novas, muitas já haviam debandado, caso de Wagner Moura, que andou por Berlim com uma cara de quem já não agüentava mais ouvir as críticas negativas sobre "Tropa de elite", no qual interpreta o protagonista, o Capitão Nascimento. Estrelas que brilham em outros céus, como os Rolling Stones e Maddona também não estavam mais lá. Cotadas para o Urso de melhor atriz, Tilda Swinton, de "Julia", foi-se no início da semana. Assim como Kristin Scott-Thomas, protagonista de "Il y a longtemps que je t'aime", de Phillipe Claudel, da França. José Padilha ficou, sobretudo depois de um telefonema na manhã de sábado, vindo da direção do festival, informando que "Tropa de elite" havia ganho um prêmio, que seu regimento deveria ficar. Qual seria?

A cerimônia seguiu pontuada pelas piadas do sempre divertido Dieter Kosslick, diretor do Festival. Os ursos mais esperados, como sempre, são o de melhor atriz e melhor filme. Em Berlim, só o melhor filme recebe Urso de Ouro, as demais categorias levam pra casa o Urso de Prata. O de melhor atriz foi para uma atriz queridinha na Inglaterra, Sally Hawkins, por "Happy go lucky", de Mike Leigh.



Coube ao presidente do júri, Costa-Gavras, anunciar o nome do filme que levaria para casa o Urso de Ouro. Revelou o título em língua original, o português: era o brasileiro "Tropa de elite". Deu zebra! Representando o filme, na platéia, estava o diretor, José Padilha, os produtores Marcos Prado e Eduardo Constantino, e a atriz Maria Ribeiro, que interpreta a mulher do Capitão Nascimento. Wagner Moura deve ter se arrependido muito de ter abandonado a tropa em Berlim. Apesar de previamente avisados de que havia um prêmio para eles e do fato de que, àquela altura da cerimonia, por eliminacão, só restaria o Urso de melhor filme, os quatro mesmo assim deram um pulo nas cadeiras. A platéia, majoritariamente alemã, demorou um certo tempo para entender que aquele título anunciado em português significava que o Urso estava indo para o polêmico "The elit squad". As palmas foram discretas, mesmo certa vaia foi ouvida. Filme polêmico é assim. José Padilha, que desfilou pela Berlinale com modelito gorrinho na cabeca e cachecol no pescoço, subiu ao palco junto com Marcos Prado e Constantini. Referiu-se a Costa Gavras como um diretor que muito influenciou o cinema latino-americano e deixou o palco da Berlinale com um certo jeito de quem ri por ultimo ri melhor.

"Tropa de elite" não foi bem recebido pela crítica brasileira, nem pela crítica presente ao festival. Esta, para piorar, teve que assistir à sessão com tradução simultânea o que, no caso de "Tropa de elite", é de se imaginar o caos que deve ter sido a compreensão dos diálogos.

Entre os jornalistas, na entrevista coletiva dos vencedores, estava Leon Cakoff, diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, veteraníssimo em festivais internacionais e que dizia estar assistindo pela primeira vez à vitória de um filme brasileiro em Berlim: "Quando 'Central do Brasil' venceu, eu estava no Brasil, foi o ano em que o meu filho nasceu".

Foi uma surpresa geral a vitória de "Tropa de elite" em Berlim. Mas numa Berlinale repleta de filmes com atores-mirins e temática gay em demasia, ao ponto de se tornar monocórdia para um festival que se quer plural em vários sentidos, não é tão difícil se entender os motivos que levaram o time comandado pelo guerrilheiro cinematográfico Costa-Gavras conceder o Urso de Ouro para "Tropa de elite". Berlim é um festival político. Talvez Costa-Gavras, assim como os demais jurados, uma vez que a decisão sobre o Urso de Ouro foi unânime, tenha enxergado em "Tropa de elite" um filme denúncia sobre tudo o que ele lutou contra em sua cinematografia: a tortura, as forças de repressão.
Com o Urso, "Tropa de elite" ganha novo fôlego. E com ele, a polêmica que acompanha o filme.

No sábado, o vento siberiano voltou a soprar sobre Berlim. A noite do Urso de Ouro foi fria, os termômetros desceram para menos 3 graus, em média. Só quem não estava nem aí pro frio era a tropa do Padilha, que agora tem um urso para cuidar.

Padilha sobe ao palco para receber seu Urso de Ouro



*Anna azevedo é cineasta e participou do Festival de Berlim com o filme "Drežnica".

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Espelho, espelho nosso


Ivete Sangalo, a indignada musa do Cansei, aprovou no MinC a captação, via Lei Rouanet, de R$ 1.850.820 para fazer seis shows pelo Brasil. O Bradesco já entrou com R$ 500 mil. É o dinheiro público financiado a egolatria da milionária cantora e o marketing do banco. Não é ilegal, mas é uma tremenda falta vergonha na cara.

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Do ombudsman da "Folha de São Paulo"

18/02/2008
"Pai, pai, meu braço"
MÁRIO MAGALHÃES
ombudsman@uol.com.br

A Folha deu no alto da primeira página do sábado uma fotografia do memorial pelos cinco mortos na Universidade do Norte de Illinois, vítimas de um atirador que se matou em seguida. A imagem, aberta em cinco colunas, ocupou 328 centímetros quadrados. Tratava de uma suíte --o massacre havia sido noticiado na véspera, com chamada e foto na capa.

Também no sábado, o "New York Times" estampou a fotografia do memorial, com as cinco cruzes, no alto da primeira página. Abriu-a igualmente em cinco colunas, mas em menos espaço que a "Folha", 212 centímetros quadrados.

O "NYT", que eu tenha reparado, não noticiou que, na sexta-feira, uma menina de 11 anos foi morta a bala na favela carioca da Rocinha, durante ação policial.

A "Folha" noticiou com discrição o assassinato, em cidade bem mais próxima de São Paulo que a do campus americano. Deu um microtítulo no pé da capa, sem espaço nem mesmo para um texto de chamada. "Estado" e "Globo" não editaram título na primeira página, mas as opções alheias não devem justificar as da Folha.

A menina se chamava Ágata. O que fazia? Estudava? Morava com o pai ou, como li em outras publicações, passava com ele apenas férias? Onde a velaram? Onde foi enterrada? Em que condições? O que pensava sobre o futuro? Tinha sonhos, planos? Quem era sua mãe?

Nada disso a Folha informou. Teria sido assim em uma operação de 200 policiais (ou muito menos) na qual morresse uma garota de 11 anos em Higienópolis, em São Paulo, ou no Leblon, no Rio?

O problema não foi de apuração na Rocinha, mas da fórmula burocrática e insensível que a Folha adotou para cobrir a morte de pessoas pobres. O pai da menina acusou a Polícia Civil de matá-la. Até ontem, li nos jornais do Rio, não havia sido feita nem perícia na casa onde Ágata foi alvejada.

De que adianta a obsessão com estatísticas de segurança pública se o jornal é incapaz de contar um crime como o de sexta-feira? Leitura por leitura, duvido que a numeralha tenha mais leitores.

A Folha passou a tratar como normal, com reles pés de página, o que não é normal.

Não é normal uma menina ser morta a tiro (ou tiros; o IML emitiu laudo?) em uma operação truculenta, à luz do dia, que teve como resultado marcante a morte de Ágata, e não uma "derrota do tráfico".

A Folha veiculou muito mais detalhes sobre o louco (mais um) nos EUA do que sobre a vítima da Rocinha. Parece submissão cultural, provincianismo. No domingo e hoje, a história da favela sumiu do jornal.

Quanto mais o jornalismo for insensível à barbárie, às histórias que mexem com as pessoas, menos importante será na vida delas.

OK, os leitores da Folha não moram em favela, e a minoria deles vive no Rio.

A questão é que, perdoem-me o lugar-comum sessenta-e-oitista, Ágata poderia ser filha deles, leitores.

O frase que titula essa nota foi dita pela menina pouco antes de morrer.

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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Caveira goes to Hollywood


Por Eduardo Souza Lima

A vitória de "Tropa de elite" em Berlim pode ter pego meio mundo de calças na mão, mas não foi tão surpreendente assim se levarmos em conta que o presidente do júri era Costa-Gavras e o potencial político do filme. É realmente uma pena - ou mais ainda, preocupante - que a nossa sociedade tenha reagido a ele de forma tão inconseqüente. E que o filme de José Padilha tenha sido usado como arma para banalizar ainda mais a nossa tragédia cotidiana.

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Tosquia literária


Tem site literário novo no ar. Na Confraria das Ovelhas Negras o leitor, além de conhecer novos autores, também pode publicar os seus textos. Tem de tudo: contos, poemas, cordéis, reportagens e entrevistas. Vale a pena visitar.

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Zé Pereira em São Paulo


Demorou, mas chegamos lá. A revista (incluindo os números antigos) já pode ser encontrada na Livraria HQMix (Praça Roosevelt, 142). Um brinde aos amigos paulistanos.

P.S.: A ilustração acima é do livro "São Paulo", do desenhista inglês David Lloyd, da coleção Cidades Ilustradas da Editora Casa 21.

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Uma canção ao cair da tarde: "Whenever God shines His light", Cliff Richard & Van Morrison




Inspiração divina.

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Momento coluna social


O intrépido repórter Dimmi Amora e o nosso garoto da capa, Gerson King Combo, na noite de lançamento da Zé Pereira número 4.

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Gonzagão, Gonzaguinha e Clara


Clara Becker canta Gonzagão (1912-1989) e Gonzaguinha (1945-1991) amanhã, sábado (às 19h) e domingo (às 18h) no show Dois Maior de Grande, na Sala Baden Powell (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360). No roteiro do show, que foi inspirado no disco homônimo da cantora, músicas como "Assum preto" e "Estrada de Canindé", de Gonzagão, e "Com a perna no mundo" e "Sangrando", de Gonzaguinha, com arranjos de Leandro Braga. A cantora será acompanhada por Leandro Braga (piano e direção musical), Kiko Horta (acordeon), Jamil Joanes (contrabaixo), Felipe Poli (violão) e Pretinho da Serrinha (percussão). A iluminação é de Aurélio de Simoni; o cenário, de Renato Theobaldo; o figurino, de Leopoldo Pacheco; e a foto que ilustra este post, de Monica Ramalho. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudantes e maiores de 60 anos).

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Sessão da Tarde: "Curta-metragem metalingüístico de baixo orçamento ou Aceita mais café?"




Byron O'Neill é um adorador de Pi.

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Um pouco mais de Beckett


Os Irmãos Guimarães estréiam amanhã, às 19:30h, no Oi Futuro (Rua Dois de Dezebro, 63, Flamengo), "Resta pouco a dizer", espetáculo composto de cinco performances e oito peças curtas de Samuel Beckett. São três programas diferentes que ficam em cartaz até o dia 30 de março com ingressos a R$ 15.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cultura suburbana nas telas


Por Eduardo Souza Lima

"Alma Suburbana", documentário de 75 minutos de Luiz Claudio Lima, Hugo Labanca, Leonardo Oliveira e Joana D'arc, versa sobre a cultura do subúrbio a partir de depoimentos de figuras como Marco Palito e Marcus Saúva, o Bonequinho Vil (foto acima), Marcelo Yuka, Luiz Carlos da Vila (foto abaixo), Joaquim Ferreira dos Santos, Tico Santa Cruz, Eryk Rocha. O filme, uma produção independente, feito com a participação de alunos da rede municipal de ensino, já foi exibido no cineclube Subúrbio em Transe, na Escola Grécia e no Ponto Cine, e agora procura um lugar ao sol. A gente bateu um papo virtual com Luiz Claudio Lima, que além de cineasta é professor de Geografia orientador da oficina de vídeo do Núcleo de Arte Grécia (núcleo de extensão da Secretaria Municipal de Educação, que oferece oficinas de teatro, dança, música, artes visuais, artes literárias e vídeo para os alunos da rede municipal e a comunidade em geral).

De onde veio o "Alma suburbana"?

A idéia para o filme surgiu depois do curta "Arrastão Literário" sobre Evando dos Santos (também personagem de "O homem-livro" e de "Pedreiro literário"), que reuniu um grupo de moradores do subúrbio e saiu vestido de Homem-Livro no calçadão de Copacabana, no Dia Nacional da Educação. Neste dia foram distribuídos mais de 500 livros. As notícias que saíram sobre este evento foram proporcionalmente bem menores que as notícias sobre o arrastão da década de 90 em Ipanema. A jornalista Joana D'arc ficou sabendo do arrastão e me procurou para fazer um artigo sobre o evento. Conversando sobre o assunto, ela trouxe o argumento sobre o filme, que tinha a idéia de valorizar o subúrbio através da sua cultura. A idéia original era fazer um curta-metragem, mas devido o grande número de entrevistas acabamos realizando um longa.



De que forma estudantes de rede municipal participaram do projeto?

Como responsável pela oficina de vídeo já orientei diversos curtas com participação dos alunos. A maior parte destes curtas participaram de diversos festivais. Entre estes filmes eu destaco "O pequeno cordel do sapato voador", "Valorizando o meio ambiente", "345 - A viagem do terror", "Um lugar chamado Quitungo", "Um plano-sequência sobre o racismo", "Arrastão Literário", "As margens e imagens sobre o Rio Irajá" e "Memórias de um passado presente". Cada ano recebemos alunos novos, mas os antigos continuam e vão orientando os mais novos. Dentre os alunos antigos Leonardo Oliveira se destaca. Ele cursa o terceiro período de Cinema na Estácio (como bolsista do Pro-Une) e participa das oficinas como monitor. Hugo Labanca é outro aluno que se destaca, principalmente na edição e também participa como monitor. Ele vai começar este ano curso de Publicidade na Estácio. Eles co-dirigiram o filme, além de participarem da fotografia e edição. Os demais alunos participaram na elaboração do roteiro, das entrevistas, da operação da câmera e iluminação, do som direto, da edição. Ou seja, dividimos a turma em equipe e cada um participou de uma etapa de produção do filme. É lógico que antes houve uma grande preparação. Vimos muitos filmes, principalmente os do Eduardo Coutinho, e estudamos muito. O documentário começou sua pré-produção em junho de 2007 e teve sua primeira exibição no dia 1º de dezembro de 2007 no cineclube Subúrbio em Transe.

Sendo um projeto independente, como foi viabilizado financeiramente?

O filme foi realizado pela oficina de vídeo do Núcleo de Arte Grécia e pelo Cineclube Subúrbio em Transe, localizado em Vista Alegre. A escola disponibilizou três câmeras, sendo que uma Hi8, uma S-VHS e uma mini-DV, além das fitas e dois computadores para edição. O cineclube Subúrbio em Transe, juntamente com seus participantes, entrou com um computador para edição e uma câmera mini-DV de 3 ccd, com melhores recursos. Esta foi a câmera principal. Uma equipe ficou responsável pelo making of. Embora sejamos vinculados à Secretaria Municipal de Educação, os recursos são mínimos para este tipo de projeto. Por isso improvisamos, para chegar ao melhor resultado possível. As despesas com passagens e alimentação foi por nossa conta.

E quando a gente vai ver "Alma suburbana" nos cinemas?

Os cineastas Eryk Rocha e Maya Da-rin estiveram presentes na primeira exibição e elogiaram muito. Exibiremos também na Lona Cultural de Vista Alegre, no Botequim Papo de Esquina e na Casa França-Brasil. Depois queremos que ele circuito nos cinemas. Procuramos o pessoal da Riofilme e estamos esperando uma resposta.

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